segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Consumo de superstições para o Ano Novo

Acreditar que o Ano Novo será melhor do que o ano que termina é sempre algo bom. Julgar que se pode interferir e fazer alguma coisa para que isso aconteça, parece ser melhor ainda. A cultura brasileira é repleta de elementos que caracterizam e performam essas crenças. Alguns são frutos da imaginação popular, outros do sincretismo religioso experimentado no Brasil, e outros, ainda, da relação com outros povos e culturas, talvez por meio da chamada globalização.
 
Empresas que operam no mercado brasileiro aproveitam e incorporam aos seus produtos, com relativo sucesso, elementos que podem ser consumidos como superstições para o Ano Novo. Em 2012 a São Paulo Alpargatas, empresa que produz as Sandálias Havaianas, fez isso de forma bem sucedida quando lançou uma série especial de sandálias para o Ano Novo. A série recebeu o título de "Havaianas 7 Ondas".
 
O propósito da empresa consistia em que ao adquirir a sandália, o consumidor poderia celebrar o ritual de pular 7 ondas e ter 7 desejos à meia-noite do dia 31 de dezembro. Junto com a sandália a empresa disponibilizou 7 pequenos pins, vendidos separadamente, que poderiam ser fixados nas tiras da sandália, cada um com uma representação simbólica diferente: moeda, pimenta, pomba, trevo, sol, coração e a própria Havaianas que, nesse caso, e segundo o fabricante, representaria a brasilidade, o bom humor e a ginga.
 
A Lacoste também tem explorado o consumo de superstições para o Ano Novo. Há três anos lança uma edição limitada de sua famosa camisa pólo. Trata-se da "Wish Edition - Sortes Brasileiras". São quatro camisas brancas, porém cada uma com um detalhe em cor diferente e significado também diferente: vermelho (romã), azul (ondas), verde (louro) e amarelo (trigo).
 
O consumo simbólico ocorre todos os dias, durante todo o ano. No entanto, parece ser mais intenso no mês de dezembro e no final do ano. O curioso é observar que, em boa medida, pressupõe a existência de um dispositivo material para a sua realização.
 
Referências Conexas
 
Cascudo, L. C. (2001). Superstição no Brasil. São Paulo: Global Editora.
 
Dolgin, A. (2009). The economics of symbolic exchange. Heildelberg: Springer.
 
Hirschman, E. C. (1981). Comprehending symbolic consumption: three theoretical issues. In: Hirschman, E. C., & Holbrook, M. B. (Ed.) Symbolic Consumer Behavior (pp. 4-6). Duluth: Association for Consumer Research.
 
Wattanasuwam, K. (2005). The self and symbolic consumption. Journal of American Academy of Business, 6(1), 179-184.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Calendários da Ryanair

 
A Ryanair, companhia áerea irlandesa que opera no segmento "low-cost, low fare", tem um modo particular de obter recursos com o intuito de fazer caridade ao final de cada ano: ela vende calendários com imagens de aeromoças usando lingerie e biquíni. É surpreendente perceber que embora opere no mercado europeu, onde há uma importante população formada por, e descendente de, imigrantes da África, Oriente Médio e Ásia, as mulheres na imagem tenham traços predominantemente caucasianos.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Natal para se ver e comer

 

A indústria de alimentos tem no Natal a melhor oportunidade, ao longo de todo o ano, para incentivar o consumo dos seus produtos. Opera com a condição básica de que os alimentos precisam ser vistos, tocados, de alguma forma sentidos e experimentados. O segmento industrial de produção de queijos entendeu bem como reunir a condição básica de consumo dos alimentos e a oportunidade da festa natalina: passou a oferecer alguns tipos de queijos em formato de símbolos do Natal.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Comida

 

A Folha de S. Paulo, maior jornal do país, criou, tempos atrás, o canal Comida. Essa recente editoria trata do enorme universo de consumo da alimentação enquanto expressão material da cultura. Podcasts, banco de dados com receitas, comentários e críticas, compõem o canal. A Folha explora um mercado ímpar e de considerável efeito multiplicar na sociedade contemporânea.
 
Referências Conexas
 
Auttio, M., Collins, R., Wahlen, S., & Anttila, M. (2013). Consuming nostalgia? The appreciation of authenticity in local food production. International Journal of Consumer Studies, 37(5), 564-568.
 
Domaneschi, L. (2012). Food social practices: theory of practice and the new battlefield of food quality. Journal of Consumer Culture, 12(3), 306-322.
 

terça-feira, 15 de outubro de 2013

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Mimetismo interno para consumo

Gol, Polo, Fox. Automóveis da Volkswagen. Quase sem diferenciação. Quase commodities. Mimetismo interno na indústria automobilística para consumo do mercado.

domingo, 6 de outubro de 2013

O consumo dos protestos

Qual a minha causa? Qual a sua causa? Entre a minha causa e a sua causa, há algo em comum? Qual, portanto, é a nossa causa? Quem fala? Quem se manifesta? Quem protesta? Eu? Você? Nós? É possível protestar horizontalmente, sem representação? E a negociação? Quem faz? Quem fala em nome de quem? Quem se apropria do protesto? Onde estão as empresas? Onde estão as corporações nacionais, multinacionais, transnacionais? Onde estão as ONGs? Qual o papel dos sindicatos, associações setoriais e entidades de classe? Protesto é matéria-prima? Protesto é um meio? Protesto é produto final? Para quem? Com que finalidade? Qual o papel da imprensa? Qual o papel das instituições de ensino e pesquisa? Qual o papel das chamadas think tanks? Qual o papel dos partidos políticos? Corrupção é algo unilateral? Se o Estado é corrupto, empresas são corruptoras? Se o político é descomprometido, o eleitor que o elegeu é negligente? O Estado é sempre culpado? Quem são seus fornecedores? Quem presta serviços ao Estado? Quem molda o Estado? Empresas, ONGs, cidadãos? Somos todos santos? Oremos!
 
Referências Conexas
 
Saad-Filho, A. (2013). Mass protests under ‘left neoliberalism’: Brazil, june-july, 2013. Critical Sociology, 39(5), 657-669.
 
Silva, A. O. (2006). Os intelectuais diante do mundo; engajamento e responsabilidade. Revista da Faculdade de Educação, 4(5/6), 191-205.
 
Vianna, A. M. (2013). As multidões de junho de 2013 no Brasil: o desafio de explicar e compreender. Revista Espaço Acadêmico, 13(146), 36-48.
 
Vieira, F. G. D. (2013). Cultura do silêncio e razão cínica das corporações na primavera brasileira. Revista Espaço Acadêmico, 13(147), 73-81.
 
Vieira, F. G. D., Crubellate, J. M., Silva, I. G., & Silva, W. R. (2002). Silêncio e omissão: aspectos da cultura brasileira nas organizações. Revista de Administração de Empresas – Eletrônica, 1(1), 1-14.
 
Wensley, R. (2010). Market ideology, globalization and neoliberalism. In: MacLaran, P., Saren, M., Stern, B., & Tadajewsky, M. (Eds.), The Sage Handbook of Marketing Theory (pp.235-243). London: Sage.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Mobilidade com energia

Mobilidade e conexão tornaram-se condições fundamentais para o cotidiano das pessoas na sociedade contemporânea. Poucas coisas ilustram tão bem essas condições quanto o uso do aparelho de telefone celular. A Solepower, empresa estadounidense, recentemente criada, lançou um produto que procura servir como fonte de energia para aparelhos celulares e outros dispositivos eletrônicos móveis, como, por exemplo, o GPS. Trata-se de um mecanismo que é embutido na planilha de calçados e que na medida em que se caminha ele produz energia. Ao término da caminhada o usuário pode desconectar uma espécie de bateria que é acoplada ao dispositivo e usá-la para transferir a energia para um aparelho de telefone celular ou outros aparelhos que precisem de semelhante quantidade de energia para o seu funcionamento. Acrescentou-se, assim, a possibilidade de autonomia às condições de mobilidade e conexão. Uma nova forma de consumo que traz o conceito de produzir energia limpa e de forma autônoma, algo caro para ambientalistas e inserido no ideário de sustentabilidade. Não obstante, trata-se de algo que também pode ser útil de forma nada ingênua para forças armadas abastecerem aparelhos de comunicação e sistemas inteligentes de localização em operações de campo.
 
Esse post compõe uma série chamada "Web News". Trata-se de observações acerca de eventos relacionados à cultura e consumo informados na World Wide Web.

domingo, 29 de setembro de 2013

GTA V: cultura da violência e consumo em video game

Foi lançado recentemente no mercado brasileiro o vídeo game Grand Theft Auto, versão 5. Trata-se de um game em que os principais personagens, chamados de “heróis” ou gamers, possuem habilidades relacionadas a ações e aventuras que implicam em quebra da ordem social, invasão de privacidade e apropriação indébita. O game foi lançado em meio a uma grande campanha de divulgação e ampla expectativa por parte dos usuários de versões anteriores.
 
Obter dinheiro é o principal foco do game e a previsão é de que isso se dê por meio da realização de assaltos. Os personagens-heróis do game, cada um com sua expertise, operam no sentido de fazer com que as missões sejam bem sucedidas. Tais missões ocorrem com muito tiro, pancadaria e perseguições de automóveis por ruas e estradas.
 
Não há um personagem único ou um herói singular. Há três! Uma multiplicidade bem ao sabor da hiper-realidade e expressando a fragmentação de identidade, típica da sociedade pós-moderna. Por que ser apenas um, se é permitido ser três? Por que ter uma habilidade principal, se é possível possuir três principais? Nesse caso, não se aplica a máxima de que um é pouco, dois é bom e três é demais. Pelo contrário, três parece ser ótimo!
 
O glamour do jogo está em executar um plano, obter a maior quantidade possível de dinheiro e não ser pego. Não importa o quanto de paredes, lojas e estruturas físicas em geral será preciso destruir, bem como quantas pessoas precisarão ser executadas para que isso aconteça. Muito menos importa quantos policiais serão eliminados para a realização das fugas no cumprimento das missões. O importante é a obtenção do dinheiro em espécie ou objetos em boas condições para serem negociados com receptadores – sim, da mesma forma que no mundo real não há corruptos sem corruptores, no game é necessária a presença do comprador daquilo que é fruto dos roubos praticados pelos personagens do game.
 
Com o dinheiro obtido no exercício das missões é possível comprar inúmeras coisas, desde máscaras e mísseis, para utilizar durante assaltos, até ações de empresas. É possível, ainda, adquirir equipamentos para ser amigo da natureza e explorar montanhas, florestas e oceanos. Há, assim, não só relações de compra e consumo, mas relações de encantamento e integração com a natureza. Afinal, os personagens são jovens, cheios de energia e o meio ambiente representa uma fonte complementar para aventuras.
 
O que explica a aquisição de um vídeo game com essas características? Certamente, deve haver inúmeras respostas. Algumas delas podem estar relacionadas à condição de que o game é uma permissão, concedida por agentes e mecanismos de mercado, para o culto à violência como sinônimo de aventura e entretenimento. Uma espécie de digressão em nome do lazer pessoal e, também, uma reificação da condição pós-moderna do sujeito descentrado.
 
Referências Conexas
 
Belk, R. W. (2013). Extended self in a digital world. Journal of Consumer Research, 40(3), 477-500.
 
Denegri-Knott, J., & Molesworth, M. (2010). Concepts and practices of digital virtual consumption. Consumption Markets & Culture, 13(2), 109-132.
 
Fine, B. (1997). Playing the consumption game. Consumption Markets & Culture, 1(1), 7-29.
 
Firat, F. A., Sherry, Jr., J. F., & Venkatesh, A. (1994). Postmodernism, marketing and the consumer. International Journal of Research in Marketing, 11(4), 311-316.
 
Holt, D. B. (1997). Poststructuralist lifestyle analysis: conceptualizing the social patterning of consumption in postmodernity. Journal of Consumer Research, 23(4), 326-350.
 
Sherry, Jr., J. F. (2000). Place, technology, and representation. Journal of Consumer Research, 27(2), 273-278.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Regionalidade para a Emerald

O que é local, regional, nacional e internacional? Parece uma pergunta para a qual se tem uma resposta bastante óbvia, não? Pois bem, só parece. Não mais que isso.

A Emerald, empresa editorial inglesa que publica periódicos e livros acadêmicos nas áreas de administração, educação, saúde e engenharia, tem uma concepção bem particular do que é regional. Ela publica diversos periódicos que possuem o adjetivo "europeu" no título, como, por exemplo, o European Journal of Marketing, European Business Review, European Journal of Innovation Management e o Journal of European Industrial Training. Por outro lado, publica, também, periódicos com o adjetivo "americano", como, por exemplo, o American Journal of Business e o American Journal of Police. Nenhum desses periódicos é classificado como regional ou aparecem relacionados de forma separada, específica, como "europeus" ou "americanos". No entanto, periódicos publicados pela Emerald que possuem no título adjetivos, tais como, "africano", "báltico", "chinês", "ibero-americano" ou "indiano", são considerados regionais.
 
A Emerald oferece a Europa e os Estados Unidos para consumo como sinônimos de universalidade e daquilo que é mundial. Trata-se não só de uma imposição do consumo de ideias e conhecimento acadêmico-científico do centro para a periferia, como também uma reprodução da visão do colonizador diante do colonizado.
 

domingo, 22 de setembro de 2013

50 tons

Junte uma jovem com um homem maduro. Reserve um bom tempo para aventuras. Junte uma grande quantidade de dinheiro e acrescente sexo. Mas, não qualquer sexo. Algo que possa ser considerado, digamos, incomum. Misture todos esses ingredientes e possivelmente terá produzido uma literatura medíocre, um best seller ou ... as duas coisas! E tudo isso poderá se transformar em uma franquia: livro um, livro dois, livro três, e ainda com a possibilidade de vender os direitos do(s) livro(s) para a indústria do cinema.
 
Segundos dados do mercado editorial brasileiro, E. L. James, autora da franquia 50 tons de cinza, conseguiu vender 2.400.000 livros nos quatro primeiros meses do lançamento do seu livro no Brasil, ou seja, 600 mil livros por mês; 20.000 livros por dia; 833 livros por hora; 13 livros por minuto. Trata-se de algo curioso,  tendo em vista que diminuiu consideravelmente o hábito de leitura entre os brasileiros nos últimos anos, conforme se verifica por meio da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada pelo Instituto Pró-Livro no início do ano passado.

domingo, 1 de setembro de 2013

Tamanho de viagem


 
A indústria de perfume criou um novo argumento para aumentar o consumo de seus produtos. Diante da situação pouco prática de se levar em viagens a embalagem de perfume usada no dia-a-dia, normalmente com capacidade de 50ml, a indústria lançou embalagens com capacidade de 15ml. O argumento usado é que essa é a medida certa para uma nécessaire e, portanto, a embalagem mais adequada para ser usada fora de casa.
 
A rigor, embalagens com menor capacidade de armazenamento de perfume existem há muitos anos. A diferença é que agora elas são claramente posicionadas como capazes de oferecer um novo atributo para consumo. E isso se torna ainda mais enfático quando quem usa o argumento é a Sephora, loja francesa, com filial no Brasil, considerada a maior loja de produtos de beleza do mundo.

Referências Conexas

Ampuero, O., & Vila, N. (2006). Consumer perceptions of product packaging. Journal of Consumer Marketing, 23(2), 100-112.
 
Krishna, A., Lwin, M. O., & Morrin, M. (2010). Product scent and memory. Journal of Consumer Research, 37(1), 57-67.

sábado, 31 de agosto de 2013

Novo Blog: Marketing, Consumo e Sociedade

Foi lançado dia 27/08/2013, terça-feira dessa semana, pelo Prof. João Felipe Sauerbronn, o blog Marketing, Consumo e Sociedade. O blog tem o propósito de promover a divulgação e incentivar reflexões e discussões relacionadas à temática que lhe confere o título.
 
A produção de conteúdos para o blog estará, também, relacionada aos estudos, pesquisas e experiências desenvolvidas no Observatório de Marketing, Consumo e Sociedade, grupo de pesquisa com base na UNIGRANRIO (Universidade do Grande Rio), cadastrado no Diretório de Pesquisa do CNPq. Visite o blog clicando aqui.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Gastronomia em Tiradentes

A cidade de Tiradentes, em Minas Gerais, há muito é conhecida como um recanto de arte barroca e da nossa história colonial. Nos últimos 16 anos tornou-se, também, referência de gastronomia com a realização do Festival Cultura e Gastronomia de Tiradentes, que esse ano ocorre de 23 de agosto a 1o. de setembro.
 
 
O festival acontece uma vez por ano, mas restaurantes e lojas da cidade tecem o enredo gastronômico ao longo de todo o ano. Algumas das lojas, por meio de diferentes elementos de cultura material, não só servem de personagens do enredo, como também exercem uma espécie de fascinação de cores, sabores, formas e texturas sobre os visitantes da cidade.
 
 
Obs.: as fotos acima são da Doceria Flor de Lotus, Rua dos Inconfidentes, Cidade de Tiradentes, Minas Gerais, Brasil.
 
Esse post compõe uma série chamada "Nota de Viagem". Trata-se de observações realizadas durante viagens.

domingo, 18 de agosto de 2013

O Negócio de vários negócios

A partir de hoje a HBO, canal de TV por assinatura, inicia a exibição de uma série que retrata o consumo de serviços de escort girls em um universo de luxo. A série traz um enredo curioso e inusitado, que concerne à adoção de estratégias de administração de marketing à oferta dos serviços. A emissora informa que exibirá 13 episódios semanais. Três amigas constituem o núcleo central da série e elaboram um plano de marketing para a prestação dos serviços. Cada um dos episódios que serão exibidos enfocará uma técnica diferente de marketing que será adotada para incrementar a relação com o mercado, estimulando o consumo dos serviços das escort girls. Um vídeo com uma entrevista coletiva sobre o lançamento da série pode ser encontrado aqui.

Atualização em 20-08-2013

Em uma página com a imagem das três amigas e onde, também, há uma imagem em destaque com uma perna vestindo uma meia fina onde se lê "Preço, Praça, Produto e Promoção", a HBO disponibilizou um link por meio do qual se pode assistir a íntegra do primeiro episódio da série, clique aqui.
 
Esse post compõe uma série chamada "Web News". Trata-se de observações acerca de eventos relacionados à cultura e consumo informados na World Wide Web.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Indicadores Brasileiros


 
Uma espécie de síntese de indicadores brasileiros é apresentada logo abaixo. Os dados são de abril de 2010 e foram fornecidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Certamente os dados mudaram ao longo dos últimos três anos, mas a base de 2010 ainda serve para efeitos de ilustração e comparação.
 
Os indicadores concernem à Expectativa de Vida, IDH, População, Renda Média e Taxa de Analfabetismo. A apresentação é feita por meio de uma relação dos 10 Estados da Federação que possuem os maiores valores (ou taxas) para cada indicador.
 
Expectativa de Vida (anos)
    1. DF = 75,8
    2. SC = 75,8
    3. RS = 75,5
    4. MG = 75,1
    5. SP = 74,8
    6. PR = 74,7
    7. ES = 74,3
    8. MS = 74,3
    9. GO = 73,9
    10. MT = 73,7
IDH
    1. DF = 0,874
    2. SC = 0,84
    3. SP = 0,833
    4. RJ = 0,832
    5. RS = 0,832
    6. PR = 0,82
    7. ES = 0,802
    8. MS = 0,802
    9. GO = 0,8
    10. MG = 0,8
População
    1. SP = 41.097.000
    2. MG = 20.088.000
    3. RJ = 15.801.000
    4. BA = 14.697.000
    5. RS = 10.917.000
    6. PR = 10.700.000
    7. PE = 8.820.000
    8. CE = 8.569.000
    9. PA = 7.479.000
    10. MA = 6.469.000
 Renda Média (R$)
    1. DF = 2.176,50
    2. SC = 1.334,40
    3. SP = 1.326,40
    4. RJ = 1.305,30
    5. PR = 1.187,00
    6. AC = 1.179,90
    7. RS = 1.168,20
    8. MS = 1.113,40
    9. MT = 1.104,00
    10. RO = 1.065,70
Taxa de Analfabetismo (%)
    1. AL = 24,60
    2. PI = 23,40
    3. PB = 21,60
    4. MA = 19,10
    5. CE = 18,60
    6. RN = 18,10
    7. PE = 17,60
    8. BA = 16,70
    9. SE = 16,30
    10. AC = 15,40 
 

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Amor e Outras Drogas


A indústria farmacêutica é um dos setores mais poderosos da economia mundial. Gera uma quantidade exorbitante de dinheiro todos os anos. Só no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, foram cerca R$ 50 bilhões em 2012. E tudo isso com uma taxa de crescimento de mais de 10% ao ano. É mesmo muita coisa.

De modo indireto, o filme Amor e Outras Drogas retrata um pouco desse universo. Produção estadounidense de 2010 sob direção de Edward Zwick, tem os atores Jake Gyllenhaal e Anne Hathaway representando os principais personagens, Jamie Randall e Maggie Murdock, respectivamente. Ele um representante da indústria farmacêutica, e ela uma mulher acometida precocemente por uma grave enfermidade.

Lançado no mercado brasileiro em 2011, trata-se de uma comédia romântica com 112 minutos de duração. Oscila entre cenas completamente desnecessárias, como algumas em que Jake Gyllenhaal contracena com seu irmão, Josh Randall, interpretado por Josh Gad, e cenas que despertam a curiosidade e interesse sobre mecanismos adotados pela indústria farmacêutica para estimular a prescrição e, por conseguinte, o consumo de medicamentos, como aquelas em que Gyllenhaal contracena com o seu superior, Bruce Winston e o médico Stan Knight, respectivamente interpretados por Oliver Platt e Hank Azaria. Tais cenas envolvem o laboratório Pfizer e os primeiros movimentos para a comercialização do medicamento Viagra no mercado estadounidense.
 
Esse post compõe uma série chamada “Filme”. Trata-se de sugestões de filmes.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Se você olhar, você vê um Split


Os aparelhos de ar condicionado split estão em todos os lugares. São vendidos em todos os continentes. Em todas as estações. Não há como ignorá-los na paisagem urbana. Basta olhar para ver um deles. Na frente, ao lado, em cima, em baixo. Inundam as paredes dos edifícios. Especialmente daqueles que se destinam a escritórios.
 
Obs.: a foto acima é de um dos vários edifícios da Avenida Paulista, altura do número 2300, Bela Vista, Cidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
 
Esse post compõe uma série chamada “Nota de Viagem”. Trata-se de um conjunto de pequenas observações realizadas durante viagens.

domingo, 2 de junho de 2013

As devassas da Devassa: cervejas, mulheres e machismo

A cerveja é uma bebida milenar e que pode ser encontrada em praticamente todos os lugares do mundo. Vários são os seus tipos e diferentes são suas aparências, aromas e composições. A cerveja mais frequentemente encontrada no Brasil, tanto em supermercados, quanto em bares e restaurantes, é aquela do tipo pilsen, que é clara, de baixa fermentação e levemente amarga.
 
No imaginário brasileiro, particularmente do consumidor dessa bebida, a cerveja do tipo pilsen é conhecida pelo substantivo feminino “loura”. Tal denominação foi incorporada à linguagem cotidiana e se tornou gíria. É bastante comum no ambiente de bares e botecos ouvir alguém dizer “traz uma loura gelada”.
 
Embora praticamente todas as companhias que operam no mercado nacional ofertem a cerveja do tipo pilsen, tem sido menos raro encontrar outros tipos de cerveja. Isso não só estimula novas experiências de consumo, como também possibilita a ampliação da produção simbólica em torno da cerveja. Esse é o caso ocorrido por meio da expansão da linha de cervejas da Cervejaria Devassa.
 
A Devassa lançou no mercado cervejas do tipo lager, pale ale e dark ale, que foram denominadas como devassas loura, ruiva e negra. Além dessas cervejas, lançou um chope do tipo weiss e um outro baseado na cerveja do tipo pale ale britânica, denominando-os de devassas sarará e índia.
 
O conjunto das cervejas e chopes remete a um universo composto por vários tipos de mulheres: loura, ruiva, negra, sarará e índia. Um paraíso sobre a terra para os apreciadores de cerveja. Diferentes possibilidades ao alcance da mão.
 
Embora, com algum esforço de compreensão, a denominação possa querer soar inclusiva e sugerir diversidade, é curioso observar como se coloca abertamente a mulher em posição de objeto e se assume uma posição machista por meio da simbologia que se cria em torno desses produtos.
 
Referências Conexas
 
Costa, F. J. da, & Cavalcante, A. A. (2007). Comportamento do consumidor de cerveja: proposta de uma tipologia baseada na imagem e nas intenções em relação à marca. Revista de Negócios, 12(4), 71-85.
 
McCracken, G. (1993). The value of the brand: an anthropological perspective. In D. A. Aaker & A. L. Biel (Eds.), Brand equity & advertising: advertising’s role in building strong brands (pp. 125-142). Hillsdale: Psychology Press.
 
Ribeiro, M. M., Della Lucia, S. M., Barbosa, P. B. F., Galvão, H. L., & Minim, V. P. R. (2008). Influência da embalagem na aceitação de diferentes marcas comerciais de cerveja tipo Pilsen. Ciência e Tecnologia de Alimentos, 28(2), 395-399.
 
Silva, M. R. V. da. (2010, outubro). A construção da mulher como objeto de consumo em anúncios publicitários de cerveja: uma abordagem discursiva. Anais do Encontro do Círculo de Estudos Linguísticos do Sul, Palhoça, SC, Brasil, 9.
 
Urdan, F. T., & Urdan, A. T. (2001, setembro). O impacto da marca sobre as preferências do consumidor: um experimento com cervejas. Anais do Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 25.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Imagens da repetição

Repórteres fotográficos costumam ser criativos quando documentam o mundo do esporte. Há imagens plásticas em abundância. De todos os tipos. Para todos os gostos. De concentração e ação, vitórias e derrotas, sorrisos e lágrimas.

Há, também, aquelas imagens de momentos que não consistem da prática desportiva. Aquelas, digamos assim, burocráticas. Algo como as que são feitas durante entrevistas de atletas, dirigentes ou técnicos, meramente para ilustrar reportagens. É muito frequente nessas ocasiões se buscar um ângulo, uma composição que possa ter duplo sentido, que possa soar irônica ou mesmo constrangedora quando consumida pelo público. O impacto da imagem ajuda a despertar a atenção para a matéria jornalística.

Algumas vezes, no entanto, a criatividade cede espaço para a repetição de imagens que pretendem ser sugestivas. É o caso do registro sucessivo da imagem de estrelas sobre as cabeças de Dunga e Mano, ex-técnicos, e Felipão, atual técnico da seleção brasileira de futebol.

domingo, 26 de maio de 2013

Pão de queijo e tapioca em novos sabores e consumo

A cultura, como expressão material por meio dos alimentos, transforma-se a cada dia, de uma forma extremamente rica e imprevisível. Parte como processo de produção conduzido por instituições do mercado, parte como processo de reprodução e ressignificação por meio de hábitos de consumo.
 
Tal transformação é passível de ser observada em alimentos como o pão de queijo e a tapioca, que ao longo do tempo foram modificados em termos de sabores, texturas, aromas, formas, espaços e ocasiões de consumo, tendo recebido novos significados.
 
A tapioca e o pão de queijo têm suas origens vinculadas à cultura das populações indígenas e têm como base do preparo o polvilho que é extraído da mandioca. Durante muitos e muitos anos foram consumidos de forma bastante simples, circunscrita a regiões específicas do Brasil onde eram, e ainda são, alimentos populares. Hoje em dia, porém, essa característica de consumo foi modificada.
 
O consumo da tapioca foi além das fronteiras do nordeste, já com os emigrantes que foram para o Rio de Janeiro e São Paulo. Do mesmo modo, o pão de queijo, de Minas Gerais e Goiás, passou a ser consumido em praticamente todo o Brasil. No caso do pão de queijo, que também virou item de exportação para outros países, o processo de industrialização, com a refrigeração e o congelamento das unidades já prontas para serem assadas, facilitou a expansão do consumo.
 
A tapioca não é mais apenas o polvilho com um pouco de coco ralado e manteiga da terra, servida de forma enrolada e comida com as mãos. É tapioca de frango, muzarela, brigadeiro, goiabada e doce de leite, entre outras possibilidades, e é comida com garfo e faca. O pão de queijo, por sua vez, não é mais só de queijo. É também de calabresa, goiabada, chocolate, frango e por aí afora. Continua, no entanto, a ser comido com as mãos. Do lugar simples da cozinha com fogão a lenha para a lanchonete, o restaurante e o hotel sofisticado, esses alimentos mudaram de lugar e foram transformados.
 
Referências Conexas
 
Montanari, M. (2006). Food is culture. New York: Columbia University Press.
 
Muzzio, H., & Castro, D. J. de. (2008, junho). Quantos somos nós? Uma reflexão sobre os brasis culturais. Anais do Encontro de Estudos Organizacionais, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 5.
 
Silva, R. C. T. da, Lucena, K. & Fragoso, P. M. de A. (2011). A tapioca de Olinda em food design – uma releitura da raiz até o Alto da Sé. Revista de Trabalhos Acadêmicos, 3, 1-66.
 
Solier, I. de. (2013). Food and the self: consumption, production and material culture. Oxford: Berg Publishers.
 
Souza, M. D. C. A., & Hardt, P. P. (2002). Evolução dos hábitos alimentares no Brasil. Revista Brasil Alimentos, 15, 32-39.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Consumer Culture Theory

O periódico Marketing Theory, editado pela Sage, acaba de lançar uma edição especial com o título "Consumer Culture Theory: History, Perspectives and Prospectives". 

A edição especial foi organizada pelos professores Soren Askegaard (University of Southern Denmark) e Linda Scott (Oxford University). Foram publicados cinco artigos. Vale a pena conferir. Para acessar a edição, clique aqui.

Esse post compõe uma série chamada "Web News". Trata-se de observações acerca de eventos relacionados à cultura e consumo informados no World Wide Web.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Antropologia dos mercados e do consumo

Foi realizada, entre os dias 7 e 9 desse mês, na Universidade da Califórnia - Irvine, a Conferência Antropologia dos Mercados e do Consumo. A conferência reuniu acadêmicos e pesquisadores praticantes de diferentes especialidades interessados em estudos de mercado e práticas de consumo e que empregam teorias e métodos antropológicos com o intuito de entender comportamentos do mercado e questões de consumo.
 
Os organizadores da conferência disponibilizaram um link no Dropbox, de modo que aqueles que tenham interesse possam fazer download dos trabalhos que foram apresentados e debatidos na conferência. O link é: https://www.dropbox.com/sh/lnt7os7usn9iexv/XOVCI6LXk2

Esse post compõe uma série chamada "Web News". Trata-se de observações acerca de eventos relacionados à cultura e consumo informados na World Wide Web.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Máquinas de lavar calçadas e edfícios


Paixão dos síndicos. É isso que elas são. As máquinas de lavar calçadas tornaram-se um objeto quase que imprescindível em edifícios. Importantes para essas estruturas, porém antagônicas às propostas de preservação do meio ambiente e racionalização do uso da água. Um contradição perante iniciativas de economia de energia com o uso de temporizadores para desligar lâmpadas em corredores, aproveitamento de água da chuva e coleta de lixo reciclável, entre outras. Como se não bastasse, essas máquinas causam considerável incômodo pelo barulho que fazem. Muitos decibéis. Para quem reside nos edifícios e para quem passa na rua.

Esse post compõe uma série chamada "Dropes". Trata-se de rápidas observações baseadas em fragmentos do dia-a-dia.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

A onipresença das motos

Motos em estacionamento universitário

São 16 milhões! Uma frota e tanto. Segundo dados do Governo Federal, há três vezes mais motos hoje do que havia dez anos atrás, quando a frota era de 5 milhões. Há uma moto para cada 2,6 automóveis. Dez anos atrás essa proporção era de 1 para 4,6.
 
A cultura material em torno das motos mudou. As concepções de liberdade e juventude não mais prevalecem quanto ao seu uso. O que se observa atualmente é uma construção em torno de mobilidade, praticidade e economia.
 
Isso parece ser fruto do crescimento das cidades e da insuficiente oferta de transporte público, que não tem acompanhado satisfatoriamente o ritmo desse crescimento. Nesse cenário, acrescido de um período economicamente favorável, a moto passou a ser uma opção acessível para consumo. O seu preço relativo caiu, aumentou significativamente a variação e oferta dos modelos disponíveis, e inúmeros agentes de mercado, tais como, bancos, seguradoras, empresas de combustível, oficinas de manutenção e assistência técnica, lojas de peças de reposição, auto-escolas, e os governos federal e estaduais têm auferido crescentes ganhos financeiros e econômicos com o consumo de motos. O efeito colateral é visto no trânsito cada vez mais caótico e no aumento do número de acidentes que, por sua vez, geram custos para o Estado.
 
Referências Conexas
 
Guy, C. (2009). ‘Sustainable transport choices’ in consumer shopping: a review of the UK evidence. International Journal of Consumer Studies, 33(6), 652-658.
 
Halnon, K. B., & Cohen, S. (2006). Muscles, motorcycles and tattoos: gentrification in a new frontier. Journal of Consumer Culture, 6(1), 33-56.
 
Schouten, J. W., & McAlexander, J. H. (1995). Subcultures of consumption: an ethnography of the new bikers. Journal of Consumer Research, 22(1), 43-61.

Vasconcellos, E. A. (2008). O custo social da motocicleta no Brasil. Revista dos Transportes Públicos, 30/31(3-4), 127-142.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Produção e consumo de parceria no tênis

Atletas têm vida profissional relativamente curta. As práticas esportivas que desenvolvem são consumidas pela mídia e por diferentes pessoas como forma de entretenimento. Aspectos relativos a valores, princípios morais, ética, disciplina, dedicação pessoal e superação física, também gravitam em torno dessas práticas. Há um grande leque de agentes com interesses em torno desse processo, e todos consomem o desempenho dos atletas: veículos de comunicação, indústria de material esportivo e instituições educacionais, entre outros. A indústria de material esportivo, em particular, ao mesmo tempo em que financia e remunera os atletas, precisa deles para posicionar e vender suas diferentes linhas de produtos junto ao mercado. Em que pese o término de suas carreiras enquanto atletas profissionais, alguns deles continuam a relação com a indústria esportiva por meio das chamadas parcerias. É o caso de Gustavo Kuerten.
 
Obs.: a foto acima é da loja Guga Kuerten, localizada na Rua Bocaiúva, 2198, Centro, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.
 
Esse post compõe uma série chamada "Nota de Viagem". Trata-se de observações realizadas durante viagens.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Carnaval sem Photoshop

Nesses dias de carnaval em terras brasileiras pululam na internet (leia-se web), fotografias de celebridades e subcelebridades – essa invenção pós-moderna que tanto alegra e preenche os interesses da mídia de difusão. O que chama a atenção em uma rápida visita aos portais de notícias é que muitas das fotos publicadas não recebem o usual tratamento em Photoshop. O registro e consumo instantâneos dificultam o tratamento das inúmeras imagens oferecidas em farto banquete ao público. Corpos nus e seminus parecem, paradoxalmente e sem trocadilho, desnudos.
 
Referências Conexas
 
Adorno, T. W. (2002). Indústria cultural e sociedade. São Paulo: Paz e terra.
 
Kellner, D. (2003). A cultura da mídia e o triunfo do espetáculo. Líbero, 6(11), p. 4-15.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Diárias de 21 horas


O dia não tem mais 24 horas! Sim! Isso mesmo. Pelo menos para um grande número de hotéis e pousadas. Para eles, o dia, ou melhor, a diária, tem apenas 21 horas. Mais do que nunca, sobretudo agora em pleno verão, esse é o tempo que dura a diária de um hotel entre os chamados check-in (entrada) e check-out (saída). Os hotéis descobriram que eles podem encurtar os dias. As diárias começam às 15 horas de um dia e terminam às 12 horas do dia seguinte. E isso muito bem explicado por meio do argumento de que precisam dispor de tempo para preparar os quartos para os próximos consumidores.
 
Esse post compõe uma série chamada "Dropes". Trata-se de rápidas observações baseadas em fragmentos do dia-a-dia.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Comunicação, cultura e consumo


Acaba de ser lançada a 5ª. edição de uma das mais importantes obras sobre cultura e consumo vinculadas à indústria da comunicação já publicadas no Brasil. Trata-se do livro “A Sociedade do Sonho: comunicação, cultura e consumo”, Editora Mauad, Rio de Janeiro, 208p. Escrito por Everardo Rocha, Professor-Associado do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, o texto é fruto de sua tese de doutorado, defendida no final dos anos 1980, sob orientação de Roberto DaMatta, no Programa Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A 1ª. edição foi publicada em 1995 e passados 17 anos o texto permanece atual como poucos. Isso, devido não só à densidade e consistência de sua construção teórica, feita sob uma perspectiva antropológica, como também à dimensão analítica nele presente. É uma leitura necessária para aqueles que desejam compreender a indústria da comunicação de massa, a estrutura de consumo a ela vinculada e a simbologia a ela circunscrita.
 
Esse post compõe uma série chamada "Olhar Acadêmico". Trata-se de observações sobre trabalhos acadêmicos na forma de artigos, dissertações, teses ou livros relacionados direta ou indiretamente ao campo de cultura e consumo. 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

3 anos e 35.000 visitas

O blog Cultura e Consumo completa hoje três anos de seu lançamento. Nesse período recebeu 35.358 visitas e teve 51.448 page views. Obrigado a todos aqueles que têm passado por aqui de vez em quando e feito uma visita ao blog, acompanhando os posts nele publicados. Continuem sendo bem-vindos! 

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A universidade chega às novelas

As novelas são importantes produtos para consumo e para entretenimento geral na América Latina. Nosso continente é especializado nesse tipo de produção. O Brasil e o México, particularmente, produzem muitas novelas.
 
A audiência da televisão por sinal aberto no chamado horário nobre, o das novelas, no entanto, tem caído sistematicamente no Brasil nos últimos anos. Possivelmente a internet e a TV a cabo, bem como o uso de vídeo games, têm contribuído para isso. Em que pesem a concorrência e a queda de audiência, o fato é que a novela continua sendo um forte produto de entretenimento. Não é a toa que a novela Avenida Brasil, exibida pela Rede Globo no ano passado, virou objeto de debate na mídia de difusão.
 
Críticos do gênero debruçaram-se sobre Avenida Brasil e procuraram entender as razões da sua audiência e explorar seus significados. Houve quem visse de tudo em Avenida Brasil: o caráter do país, as famílias de classe média, o mundo suburbano, a violência, a maldade, a ambição, a vingança, a inveja, o amor (em várias de suas formas), o ódio (em vários de seus modos), o futebol, a celebridade instantânea, e até a poligamia – curiosamente aceita pela audiência e praticamente não abordada de frente pela crítica.
 
As novelas são sempre construídas em torno daquilo que os autores e críticos chamam de núcleos. De uma maneira ou de outra, esses núcleos, compostos por personagens típicos, e que podemos entender como grupos de referência, tendem a se repetir ao longo de diferentes novelas. Uma mudança, contudo, tem despertado a atenção. Tal mudança diz respeito à introdução – ou maior presença – de núcleos e personagens relativos à vida universitária.
 
Nesse sentido, as novelas parecem sinalizar que o Brasil deseja ser um país que tem interesse pelo ensino de nível superior. Parecem, também, refletir a larga expansão do ensino superior ocorrida no país nos últimos anos sob os auspícios de toda a sorte de ação do Governo Federal.
 
Na novela “A Vida da Gente”, por exemplo, exibida pela Rede Globo em 2012 no horário das 18 horas, o médico Lúcio (Thiago Lacerda) inscreve-se para fazer um pós-doutorado. Já em “Fina Estampa”, novela das 21 horas, também exibida pela Rede Globo, e que antecedeu Avenida Brasil, não há apenas um personagem, mas vários vinculados à vida universitária. O maior número deles gravita em torno de uma faculdade de medicina onde há o professor e pesquisador Alexandre Lopes (Rodrigo Hilbert) que trabalha com neurologia, e os estudantes de medicina Patricia Velmont (Adriana Birolli), José Antenor da Silva Pereira (Caio Castro) e Daniel (Guilherme Boury). Além deles, porém não vinculada à área de medicina, há a professora de literatura Letícia Fernandes Prado (Tania Khallil). É raro um caso como esse, ou seja, uma novela com tantos personagens em cenas no cotidiano universitário.
 
A universidade tem servido apenas como pano de fundo para o desenvolvimento dos enredos das novelas. Não obstante, é importante observar como ocorre a presença de núcleos com vida universitária nas novelas, especialmente pelo que representam em termos de ocupação de espaço na vida social e por sua agência no que se refere à estrutura de consumo.
 
Referências Conexas
 
Adorno, T. W. (2002). Indústria cultural e sociedade. São Paulo: Paz e Terra.
 
Bourdieu, P. (1998). On television. New York: New Press.
 
Hamburger, E. (2005). O Brasil antenado – a sociedade da novela. Rio de Janeiro: Zahar.
 
Merton, R. K. (1968). Social theory and social structure. New York: Free Press.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Consumindo índices e previsões


Novo. Ano novo. Vida nova. Pouca gente gosta de imaginar que o tempo passa e tudo está como antes. A ideia de evolução permeia o cotidiano. Espera-se que as coisas mudem. A percepção da mudança está, indubitavelmente, atrelada ao olhar retrospectivo. Sob esse aspecto é comum o consumo de índices nessa época do ano. Índices relativos ao que passou. Índices que indicam performances. Índices para comparação. Índices para alimentar previsões acerca do que virá. Previsões de quase tudo. Desde previsões sobre os signos do zodíaco e felicidade pessoal a previsões sobre economia, política, e o futuro da humanidade. Trata-se o mundo – e a vida – como um quebra-cabeça ora simbólico, ora material: juntando pedaços para tentar antever o futuro.

Esse post compõe uma série chamada "Dropes". Trata-se de rápidas observações baseadas em fragmentos do dia-a-dia.