quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Relançamento da RIMAR



A RIMAR - Revista Interdisciplinar de Marketing acaba de ser relançada. A RIMAR é o primeiro periódico acadêmico brasileiro de marketing. Ela foi lançada no ano de 2001 e teve a sua primeira edição publicada em 2002, funcionando até 2004, com a publicação de três volumes (vol. 1, n.1, n.2, n.3, 2002; vol. 2, n.1, n.2, 2003; e vol.3, n.1, 2004).

Agora em 2014 a RIMAR foi reestruturada e passou a ser publicada no Portal de Periódicos da UEM - Universidade Estadual de Maringá. A atual publicação usa o Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER), que é originário do Open Journal System (OJS), software de publicação de revistas eletrônicas desenvolvido pelo Public Knowledge Project (PKP).

A edição de relançamento da RIMAR é a v.4, n.1, 2014 e está disponível para acesso. As edições anteriores aos poucos serão disponibilizadas na página da revista.

Como uma revista de caráter interdisciplinar, a RIMAR aceita submissão de artigos oriundos de diversas áreas e com diferentes temas relacionados a marketing, entre eles cultura e consumo.

Para acessar a RIMAR clique aqui.  

domingo, 28 de dezembro de 2014

Banhos de Ano Novo




Em um país tropical toma-se banho em vários lugares e de tudo quanto é jeito: no banheiro, no quintal com a mangueira, na piscina, na cachoeira ou no próprio rio, no açude ou no mar. O que não falta é local e oportunidade para o banho. Os europeus parecem nunca ter compreendido de modo adequado o apetite para o banho existente abaixo da linha do equador. Talvez seja a herança indígena da América do Sul. 

Com base na centralidade que o banho tem no cotidiano do brasileiro, companhias como a Body Store, que procura se posicionar como uma empresa de produtos naturais, aproveitam a ocasião do Ano Novo e associam produtos ao banho. Mas não é qualquer banho! É um tipo de banho que leva embora energias negativas - para místicos e supersticiosos isso é assunto para muita conversa .

Como forma de tangibilizar o ritual em torno do banho e do banho que prepara o indivíduo para um ano que se inicia e que se quer melhor, a Body Store lançou o kit Contagem Regressiva. São sete pequenos vidros com essências diferentes e com finalidades específicas. A receita proposta é usar uma essência para cada um dos sete dias que antecedem o Ano Novo. A simbologia envolve desde a própria noção de limpeza já presente no banho, até a busca de equilíbrio e renovação.

A proposta é de fato curiosa, especialmente porque envolve uma certa disciplina de quem pretende usar o kit, pois terá que usar uma essência diferente por dia. Seguir o rito deve ser tarefa fácil para quem está nos trópicos e em pleno verão. O difícil deve ser lidar com a expectativa que os banhos devem criar. Em todo caso, se não operarem milagres para o Ano Novo terão servido para a higiene pessoal.

Obs.: foto da vitrine de uma loja da Body Store em shopping center.

Referências Conexas

Cascudo, L. C. (2001). Superstição no Brasil. São Paulo: Global Editora.

Dolgin, A. (2009). The economics of symbolic exchange. Heildelberg: Springer.

Hirschman, E. C. (1981). Comprehending symbolic consumption: three theoretical issues. In: Hirschman, E. C., & Holbrook, M. B. (Ed.) Symbolic Consumer Behavior (pp. 4-6). Duluth: Association for Consumer Research.

Wattanasuwam, K. (2005). The self and symbolic consumption. Journal of American Academy of Business6(1), 179-184.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Brasileiro gosta mesmo de rede social virtual




Brasileiro parece gostar mesmo de rede social virtual. Há pouco mais de um mês o LinkedIn informou os dados de seus usuários em todo o mundo. O Brasil, com 18 milhões de usuários dessa rede, ficou atrás apenas dos Estados Unidos (100 milhões) e da Índia (27 milhões). 

É curioso esse dado. Que no Brasil se gosta muito de Facebook, que é uma rede social virtual quase do tipo 1.001 utilidades, ninguém duvida - são aproximadamente 89 milhões de usuários brasileiros no Facebook segundo a eMarketer. Mas que se gosta tanto do LinkedIn, é algo que desperta a atenção. Especialmente porque o LinkedIn tem o propósito de ser uma rede de negócios. E ainda que o brasileiro tenha um espírito empreendedor  - seja lá o que isso signifique -,  parece improvável que tantas pessoas estejam usando tal rede para negociações ou para a realização de atividades profissionais.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

XVII Congresso Brasileiro de Sociologia




A Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS) promoverá o XVII Congresso Brasileiro de Sociologia entre 20 e 23 julho de 2015 na cidade de Porto Alegre - RS. O evento será realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Campus Central.

O Congresso conta com um Grupo de Trabalho (GT) de interesse direto para aqueles que estudam consumo. Trata-se do GT 05 - Consumo e Cidadania, coordenado por Lívia Barbosa e Fátima Portilho. 

As propostas de trabalhos para o GT poderão ser submetidas até o dia 22/12/2014. A divulgação dos resultados acerca das propostas ocorrerá até 15/02/2015. Uma vez selecionadas as propostas apresentadas, os trabalhos completos deverão ser submetidos até 05/06/2015.

O website do XVII congresso Brasileiro de Sociologia pode ser acessado clicando aqui.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Ensino de marketing nos doutorados em administração no Brasil



Este blog trata de cultura e consumo, bem como de questões relacionadas às práticas de mercado - que foram sendo incorporadas aos posts nele publicados ao longo de seus quase cinco anos de existência. Com exceção de um ou outro curso dentro do campo das Ciências Sociais, notadamente Antropologia e Sociologia, a temática de cultura e consumo parece ser tratada no Brasil sobretudo nos cursos de pós-graduação em Administração. E, nesses cursos, em geral é tratada sob ou como extensão da área de Marketing. O recente aumento do número de artigos relacionados à Consumer Culture Theory, publicados por periódicos brasileiros, e a filiação acadêmica e campo de atuação de seus autores, é um sinal para que se chegue a essa compreensão. Dado esse contexto, é de particular relevância para pesquisadores e interessados na temática de cultura e consumo, a leitura do artigo "Disciplinas e bibliografia no ensino de marketing nos programas de doutorado em administração no Brasil", de autoria de Tânia Veludo-de-Oliveira, Ronan Quintão e André Urdan, recentemente publicado pela Organizações & Sociedade, volume 21, número 71, páginas 661-678, ano de 2014. O artigo "(...) tem por objetivo apresentar um panorama sobre as disciplinas de marketing dos programas brasileiros de doutorado em Administração (...)".

Esse post compõe uma série chamada "Olhar Acadêmico". Trata-se de observações realizadas sobre trabalhos acadêmicos na forma de artigos, dissertações, teses ou livros relacionados direta ou indiretamente ao campo de cultura e consumo.  

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Com amor, da França



A França parece cansada dos produtos chineses que invadiram a Europa e outros continentes. Há um movimento para que se valorize o consumo de produtos produzidos no próprio país, sobretudo aqueles que são feitos artesanalmente. Além disso, defende-se a ideia de que o turista, ao ir à França, deve viver a experiência de adquirir um produto genuinamente francês. É nisso, por exemplo, que a Antoine & Lili acredita.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

CCT Blues by Chris Hackley



"If you are interested in life, you should be interested in CCT
The only paradigm that is worth taken seriously (...)"

Obs.: link enviado por João Felipe Sauerbronn, professor da Unigranrio, pesquisador em estudos de consumo e que assina o blog Marketing, Consumo e Sociedade.


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Qual é a cara que é cara de rica?



A cara é o rosto, a face, a imagem que vai no documento Registro Geral (RG) que é chamado de carteira de identidade. No entanto, essa identidade é apenas um número. Apenas mais um dentre tantos outros que parecem ser necessários ao Estado para ordenar e, também, controlar, a vida em sociedade.

A cara é o lugar, o espaço, o pedaço do corpo para onde, via de regra, outras pessoas olham em um primeiro momento, quando veem alguém à distância ou quando se dirigem a alguém de forma mais próxima em um mesmo espaço físico.

A cara é o selfie, o autorretrato formado por um conjunto de milhões e milhões de pixels que formam a imagem digital que é compartilhada e que se vê cotidianamente nas redes sociais e websites que se visita.

Mas, qual é a cara que é cara de rica? Existe uma cara da riqueza? Especialmente, a cara de uma mulher rica? É possível expressar uma identidade relacionada à riqueza?

Se depender da música Cara de Rica, sim! A música foi composta por Erikka Rodrigues e Paula Mattos, e no momento faz sucesso na voz da primeira. Como se pode perceber por meio do vídeo disponibilizado logo acima nesse post, a música sugere que não precisa pertencer a classe "A gargalhada" para expressar uma identidade rica. Isso pode ser feito de outra maneira e com muito menos dinheiro, inclusive por quem pertence a uma classe de rendimento econômico inferior. O que é relevante ressaltar, no caso, é que a identidade rica contida na música é categoricamente afirmada pelo consumo conspícuo - independentemente do valor monetário relacionado aos objetos materiais adquiridos ou serviços contratados e referidos na letra da música.

Em última análise, a cara é tão somente um recurso semântico na música, uma referência para a expressão de uma espécie de identidade do que é ser rica. Conforme a música, para ter a cara de rica basta incorporar alguns gestos e expressões corporais acompanhadas de adornos, formas no cabelo e pinturas no corpo - sobre e sob a pele.

Nesse sentido, é possível destacar três blocos de elementos relativos à música e que moldam a compreensão da formação da identidade rica em seu contexto: (i) perfil do personagem da música, (ii) itens de consumo do personagem e (iii) expressões comportamentais e simbólicas referentes ao personagem. Tais elementos estão na Tabela 1, a seguir.

Tabela 1 - Elementos da música Cara de Rica 

 Perfil do Personagem
Itens de Consumo 
Expressões  Comportamentais e Simbólicas
Mulher jovem
Toda tatuada
Manda na cidade
É bonita
Faz escova no cabelo
Está dominando
Pega ônibus às 7 (sete)
Anda sempre na moda
Não tem limite, não tem medo
Está ralando
Usa perfume importado
Ela se garante, toda poderosa

Usa sapato 36 de salto
Faz cara de rica


Ela não dá moral


Vai seduzir, fazer passar mal


Provoca porque é bonita


É perigosa


É um veneno

Está causando


Jeito menina / atitude mulher

É isso que ela quer
Fonte: Música Cara de Rica, de autoria de Erikka Rodrigues e Roberta Mattos, capturada no Youtube, 17/09/2014.

Referências Conexas

Belk. R. (1988). Possessions and extended self. Journal of Consumer Research15(2): 139-168.

Belk. R. (2013). Extended self in a digital world. Journal of Consumer Research, 40(3): 477-500.

Hall, S. (1998). A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A.

McCracken, G. (2008). Transformations: identity construction in contemporary culture. Bloomington: Indiana University Press.

Scanlon, J. R. (Ed.) (2000). The gender and consumer culture reader. New York: NYU Press.

Soutilha, D., Ayrosa, E. A. T., & Cerchiaro, I. B. (2013). Do bom e do melhor: o consumo de bens de luxo na classe C. Sociedade, Contabilidade e Gestão, 8(1):80-97.

Tonini, K. A. D., & Sauerbronn, J. F. R. (2013). Mulheres cariocas e seus corpos: uma investigação a respeito do valor de consumo do corpo feminino. Revista Brasileira de Marketing, 12(3): 77-101.

Veblen, T. (2013). The theory of the leisure class. New York: Penguin Books.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O consumo da diversidade em Aberdeen



Aberdeen é uma cidade que está situada no nordeste da Escócia, região litorânea do Mar do Norte, e foi constituída ainda no século VIII. A cidade se orgulha de ser um lugar onde reina a diversidade. Em 2008, diversos órgãos a ela relacionados, e com o intuito de promovê-la, lançaram um cartaz (imagem que se vê acima, nesse post) explorando exatamente essa noção.

A diversidade, contemplada e explorada no cartaz, é destacada pelo fato de Aberdeen possuir, à época, 212.125 pessoas que falavam 60 línguas e professavam 14 fés diferentes. O slogan cunhado para tamanha diversidade foi o seguinte: "Todos diferentes; Todos iguais; Todos juntos; Nós somos Aberdeen"

Do ponto de vista de estudos de cultura e consumo, Aberdeen deve ser um verdadeiro laboratório a céu aberto. No presente momento, no entanto, considerando o plebiscito que ocorrerá no próximo dia 18, em que os escoceses decidirão se querem permanecer como parte integrante do Reino Unido ou se a Escócia será um estado completamente independente e autônomo, é bem possível que Aberdeen esteja em meio a um grande dilema: reafirmar a sua diversidade por meio de uma identidade continuamente relacionada ao Reino Unido ou reafirmar sua diversidade por meio de uma nova identidade meramente escocesa.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Calçados, calçados, calçados



Calçados. Vários. Diversos. Para todas as horas e eventos. A indústria de móveis criou uma solução de sapateira giratória para guarda-roupas. Solução criativa para se organizar os sapatos e também para estimular o consumo dos mesmos. 

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Índice de novos valores da Vale




A Vale, mineradora de atuação global e que tem sede no Brasil, criou o que ela chama de Índice de Novos Valores (INV). Segundo descrição da própria companhia, trata-se de " (...) uma ferramenta que acompanha, em tempo real, quantas vezes são mencionadas na internet e nas redes sociais palavras (...)" que correspondem a valores.

Em sua descrição, a Vale sugere que rede social é rede social virtual. Sugere, também, uma separação entre internet e rede social virtual. Nesse caso, repete o uso impreciso da expressão por parte da mídia de difusão. Estranho. Difícil pensar a segunda sem a primeira. Já em outro momento, a Vale trata índice como sinônimo de ranking.

Em que pesem as interpretações acerca da internet, a Vale promete acompanhar "(...) 24 horas por dia o que é falado em sete idiomas, em 13 países: Brasil, Chile, Argentina, Estados Unidos, Canadá, Espanha, França, Reino Unido, Alemanha, Moçambique, Japão, China e Austrália".

Como o índice - ou ranking - muda em tempo real, não há como definir, em um horizonte de tempo maior, qual o valor que é o mais importante em cada um dos 13 países. Os valores em alta ou em baixa em cada país sempre serão concernentes a uma hora específica de um determinado dia. Logo, é possível haver ou não uma repetição de valores em um dado país ao longo de diferentes horas e dias.

Nesse sentido, o índice é mais útil como peça de entretenimento do que efetivamente como indicador dos valores relativos a um povo, país ou continente. Afinal, ele reflete o caráter fugaz das redes sociais virtuais e o consumo instantâneo daquilo que nelas é veiculado.

Apenas a título de curiosidade, relaciono logo abaixo, nas Tabelas 1 e 2, alguns valores em baixa e em alta nos países e, por conseguinte, continentes, escolhidos para identificação do INV da Vale.     

Tabela 1 - Valores em alta e em baixa, conforme país, segundo o INV da Vale em 24/08/2014 

 País
Valor em Alta 
Valor em Baixa 
Alemanha
Segurança
Parceria 
Argentina
Simplicidade 
Segurança 
Austrália
Parceria
Simplicidade
Brasil
Simplicidade 
Parceria
Canadá
Segurança 
Parceria 
Chile
Respeito
Segurança 
China
Liberdade
Amizade
Espanha
Diálogo
Segurança
Estados Unidos
Amizade
Sustentabilidade
França
Segurança
Parceria 
Japão
Solidariedade
Diálogo 
Moçambique 
Sustentabilidade
Parceria 
Reino Unido
Segurança
Sustentabilidade 
Fonte: INV em 24/08/2014.

Tabela 2 - Valores em alta e em baixa, conforme continente, segundo o INV da Vale em 24/08/2014

 Continente
 Valor em Alta
 Valor em Baixa
 África
 Sustentabilidade
 Parceria
 América do Norte
 Amizade
 Sustentabilidade
 América do Sul
 Simplicidade
 Parceria
 Ásia
 Liberdade
 Diálogo
 Europa
 Segurança
 Simplicidade
 Oceania
 Parceria
 Simplicidade 
Fonte: INV, em 24/08/2014.

Referências Conexas

Burroughs, J. E.; Rindfleisch, A. (2002). Materialism and well-being: a conflicting values perspective. Journal of Consumer Research, 29(3): 348-370.

Rokeach, M. (1973). The nature of human values. New York: Free Press.

Schwartz, S. H. (1994). Are there universal aspects in the structure and contents of human values? Journal of Social Issues, 50(4): 19-45.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Caxirola


Algumas coisas não deram certo no Brasil em relação à Copa do Mundo da FIFA 2014. Umas, para lembranças tristes por várias décadas; outras para serem saudadas e comemoradas exatamente por não terem obtido êxito - por mais paradoxal que isso possa parecer. A caxirola, instrumento musical criado por Carlinhos Brown para ser usado na Copa do Mundo da FIFA no Brasil, é o típico caso daquilo que deve ser comemorado por não ter cumprido a expectativa. Por alguma razão, alguém acreditou que a caxirola seria a vuvuzela brasileira nos estádios-arenas durante a Copa do Mundo da FIFA no Brasil. Se os sul-africanos chamaram a atenção do mundo por soprarem com paixão e fazerem tanto barulho nos estádios-arenas com suas vuvuzelas, bem que os brasileiros poderiam fazer o mesmo balançando suas caxirolas. Não deu certo. O brasileiro não consumiu a caxirola. O estrangeiro que veio ao Brasil durante a Copa, também não.

Obs.: a foto acima é de um expositor de caxirolas na vitrine de uma loja do Aeroporto Santos Dumont na cidade do Rio de Janeiro, Brasil.

Esse post compõe uma série chamada "Nota de Viagem". Trata-se de observações realizadas durante viagens.

domingo, 17 de agosto de 2014

Os Sons do Capitalismo



Práticas de consumo pressupõem diferentes formas de expressão cultural e diversos modos de interação em torno da materialidade dos objetos. Sentidos e significados são construídos não apenas em torno daquilo que pode ser visto, tocado e adquirido, mas também em função daquilo que se ouve, seja em ambientes onde se processa a aquisição de objetos, seja em espaços públicos ou domésticos onde se manifesta a interação entre indivíduos sem uma expressão de consumo material objetiva. A música, ao longo de anos e anos, tem sido um elemento de construção desses sentidos e significados. O livro "The Sounds of Capitalism: Advertising, Music, and the Conquest of Culture", escrito por Timothy Taylor e publicado pela University of Chicago Press em 2012 (368 páginas, US$ 21.40, edição em paperback), trata desse assunto ao abordar como a música tem sido usada para permear relações de consumo e construir identidades em torno de marcas e produtos, especialmente por meio de propagandas e jingles, veiculados em meio a programação de rádio e TV.

Esse post compõe uma série chamada "Olhar Acadêmico". Trata-se de observações realizadas sobre artigos, dissertações, teses ou livros relacionados ao campo de cultura e consumo.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Como a Sephora viveu a Copa do Mundo da FIFA


 
 


 



Antonio Banderas (The Golden Secret) para a Espanha, Bulgari Man Extreme para a Grécia, Burberry Rhythm para a Inglaterra, Dior Fahrenheit para a França, Monblanc Legend para a Alemanha, Versace Man Eau Fraiche para a Itália e Ralph Loren Polo para os Estados Unidos. Foi assim que a Sephora, a maior loja de venda de perfumes do mundo, viveu a Copa da FIFA no Brasil.

domingo, 10 de agosto de 2014

O Conselheiro do Crime




– Bom dia! Quero dar um presente que ela use à vontade. Não quero dar um diamante tão grande que tema usar – cumprimenta e informa, a um só tempo, o Conselheiro.

– Ela deve ser mais corajosa do que imagina – pondera o Traficante de Diamantes.

– É um pillow– Indaga o Conselheiro.

– Não. É um asscher. Olhe os cantos. Avaliemos direito. O pillow é arredondado nos lados. É uma versão moderna do corte dos mineiros. Vejamos a cor. Bote a mesa para baixo – orienta o Traficante de Diamantes, referindo-se a colocar a parte plana do diamante para baixo e olhá-lo de forma invertida como se fosse uma pirâmide.

– Quer ver através do pavilhão? – Solicita confirmação o Conselheiro, demonstrando algum conhecimento de diamantes ao usar um nome para o que seria a parte oposta do diamante e que não se costuma ver quando estão encrustados no metal das jóias.

– Sim. Vê-se melhor as facetas – confirma o Traficante de Diamantes.

– Parece ser amarelo – observa sem muita segurança o Conselheiro.

– É nitrogênio que dá essa coloração. A gradação começa no D. Uma pedra D não tem cor – ensina o Traficante de Diamantes.

– Qual é essa? – pergunta o Conselheiro.

– H – responde o Traficante de Diamantes.

– Ainda é uma boa cor? – Questiona o Conselheiro.

– É uma ótima cor. Diamantes são analisados pelo que lhes falta para a perfeição. Um diamante perfeito seria composto só de luz. Está vendo a pequena imperfeição nessa pedra? – Comenta curiosamente o Traficante de Diamantes, ao mesmo tempo que pergunta. 

– Não – responde surpreso o Conselheiro.

– É pequena. É o que chamamos de pena. Lembre-se: não procura méritos. É um ramo cético. Buscamos só imperfeições – afirma de modo surpreendente o Traficante de Diamantes.

– É. Acho que vi. Qual é a gradação? – Reage de modo inseguro o Conselheiro.

– É um VS1. Alguns avaliariam mais alto – observa o Traficante de Diamantes.

– Pode ter avaliado para cima. Você gosta dessa pedra? – Provoca o Conselheiro.

– Gosto da pedra – responde sem hesitar o Traficante de Diamantes.

– Quantos quilates? – Pergunta o Conselheiro.

– 3,9 – responde o Traficantes de Diamantes. 

– É caro – reclama o Conselheiro.

– As pedras têm conceitos próprios sobre si mesmas. Vou lhe mostrar.

O traficante abre uma espécie de pequeno envelope feito com uma única folha de papel branco, que contem uma pedra de diamante.

– Essa é uma pedra de advertência  informa curiosamente o Traficante de Diamantes. 

O Conselheiro a observa à distância, mas não por muito tempo. Logo usa um instrumento para o exame de diamantes que lembra as garras de um pássaro ao pegar sua presa e lentamente aproxima a pedra dos seus olhos para enxergá-la melhor.

– Mas eu diria mesmo que todo diamante é uma advertência insiste o Traficante de Diamantes.

– Um diamante é uma advertência repete surpreso o Conselheiro, como que para convencer a si mesmo e também afirmar o que o Traficante de Diamantes acabara de dizer por duas vezes.

– Claro! Por que não? Não é um relés desejo, por mais inatingível que seja, aspirar ao destino infinito da pedra. Não é este o significado do adorno de um diamante? Realçar a beleza da amada é admitir a fragilidade dela e a nobreza dessa fragilidade. Dizemos à escuridão que não seremos diminuídos pela brevidade de nossas vidas. Não vamos, por isso, ser considerados menores. Você verá reflete e encerra a conversa o Traficante de Diamantes.

O diálogo acima faz parte de uma das cenas do filme O Conselheiro do Crime (The Counselor), produção internacional envolvendo Estados Unidos, Reino Unido e Espanha, ano de 2013, censura 16 anos, 1h51min de projeção, que tem roteiro de Cormac McCarthy e direção de Ridley Scott,  com a participação dos atores Michael Fassbender (O Conselheiro), Penélope Cruz (Laura), Javier Bardem (Reiner), Cameron Diaz (Malkina), Brad Pitt (Westray), Rosie Perez (Ruth), Toby Kebbell (Tony) e Natalie Dormer (A Loira), entre outros. 


Fora a sempre excelente direção de Ridley Scott, O Conselheiro do Crime envolve a realidade de cartéis de drogas na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Paradoxalmente, em que pese  a sua natureza violenta, explícita e implícita, o filme possui elementos de glamour do (sub)mundo de homens poderosos e quase sem limites. No filme, o risco é calculado e antecipado. Os elementos da cultura de consumo de um mundo glamouroso de muito dinheiro e poder estão todos lá, inclusive as esperadas extravagâncias: carros luxuosos, motos velozes, roupas e mais roupas, casas nababescas, bebidas, hobbies exóticos e serviçais. 


A cena do filme, descrita acima, contudo, contextualizada em Amsterdã, Holanda, e que introduz esse post,  é suficiente para valer a pena assistir o filme. Especialmente pelo caráter do consumo simbólico nela contida, e que transcende em muito a questão meramente material do diamante enquanto uma pedra. 

Esse post compõe uma série chamada "Filme". Trata-se de sugestões de filmes. 

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Apartamento no chão do shopping



A indústria da construção civil - construtoras, incorporadoras, imobiliárias, etc. -, tem explorado inúmeras possibilidades de persuasão para o consumo de seus produtos. Nos últimos anos criou uma espécie de representação em tamanho real da planta baixa de apartamentos à venda em edifícios que, em geral, fica exposta em áreas centrais de shopping centers. Nessa condição, possíveis consumidores podem circular pelo apartamento, ou melhor, por sua representação, e terem uma noção de sua área total e dos seus espaços internos.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Seleção ou CBF?



Brasileiros reclamam da CBF e do que ela representa em termos políticos e de organização do futebol no Brasil. No momento, porém, de simbolizarem a sua torcida pela seleção brasileira na Copa do Mundo da FIFA, em algumas circunstâncias, como na foto acima, em que há a imagem de uma espécie de coberta de retrovisor de automóvel, terminam por eleger o símbolo da CBF como ícone da sua torcida. A justificativa parece ser a de que a camisa da seleção, que é amarela como a coberta do retrovisor, contém o símbolo da CBF. 

domingo, 29 de junho de 2014

Lágrimas de São Pedro



Bulbos de lâmpadas, fios, água, luz. Construção de imagem. Expressão de significados. Arte.

 


Lágrimas de São Pedro é uma instalação do artista Vinícius Silva de Almeida, que tem percorrido várias cidades brasileiras. Por meio dela o autor remete o público ao drama da chuva no sertão.

 

Um belo texto de Roaleno Costa acompanha a instalação. Nele, o autor faz referência à dualidade das lágrimas, que são de sofrimento pela seca e destino interrompido, mas que poderiam ser de esperança se São Pedro chorasse e fizesse molhar o chão.

Obs.: as fotos acima foram feitas no espaço Caixa Cultural, Av. Almirante Barroso, 25, Centro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Esse post compõe uma série chamada "Nota de Viagem". Trata-se de observações realizadas durante viagens.