sexta-feira, 29 de março de 2024

The future of consumption

 


A ACR - Association for Consumer Research informou no dia de hoje que o livro "The Future of Consumption: How Technology, Sustainability and Wellbeing will Transform Retail and Customer Experience", editado por Kristina Bäckström, Carys Egan-Wyer e Emma Samsioe, e publicado neste ano pela editora Palgrave Macmillan, pode ser acessado e ter o seu download realizado gratuitamente. Trata-se de uma boa oportunidade de leitura para acadêmicos e praticantes interessados sobre o tema. 

Para acessar e baixar o arquivo no formato PDF, clique aqui.

domingo, 24 de março de 2024

Sobre biologia e teoria da cultura de consumo (CCT)

 


A ideia que ignorar a biologia é um reducionismo pode ser considerada pertinente ou válida dentro da construção de certa narrativa para legitimar CCT e expandir seus horizontes e possibilidades. No limite, pode ser considerado algo semelhante ao que aconteceu com o próprio campo de comportamento do consumidor, quando buscou se aproximar da psicologia experimental para se legitimar como ciência. 

A biologia está em um campo epistêmico tradicional, digamos assim, onde a ideia de cientificidade não é questionada como no campo das ciências sociais, onde existe uma profusão quase que infindável de conceitos, os quais surgem a cada tempo, cada novo movimento, como resposta à dinâmica, às transformações e contradições da vida em sociedade. A biologia faz parte das hard sciences. Biologia, química e física explicam a vida!

Ao se aproximar da biologia e denunciar um eventual reducionismo em relação à mesma, pesquisadores de CCT tentam ampliar espaços de investigação empírica, assim como ampliar possibilidades de novas teorizações. Se essa aproximação ocorrer em função do corpo, das condições objetivas do corpo enquanto expressão biológica e material da vida, pode fazer sentido. Na medida, porém, em que a CCT coloque a biologia no centro ou se aproxime da biologia com o argumento de que há uma questão de ambiente da vida, e de modulação da ação humana em práticas de consumo em relação a questões de ordem biológica, ela corre o risco de assumir uma perspectiva ecocêntrica. Tal perspectiva pode implicar em uma espécie de abandono das contradições, vulnerabilidades, subjetividades, e limites da vida em sociedade para explicar práticas e dinâmicas de consumo.

É de se imaginar que uma aproximação entre CCT e biologia seja engendrada por meio de dados e informações mensuráveis, objetivamente verificáveis, etc. Nesse caso, a importância da interpretação do pesquisador sobre o seu próprio trabalho será reduzida. Possivelmente, haverá recursos disponíveis  para esse tipo de pesquisa, inclusive envolvendo intercâmbio com pesquisadores do campo da fisiologia, da genética, da medicina, etc. Isso poderá amplificar a ação de legitimar a CCT, e pesquisadores poderão resolver pegar carona em eventual nova trend. É até provável que seja menos árduo produzir novos papers.

A CCT surgiu com o propósito de estudar consumo em uma perspectiva interdisciplinar, multiparadigmática, etc. Certamente, as dinâmicas sociais e culturais foram consideradas importantes e capazes de explicar a construção das práticas de consumo. É pouco provável imaginar a Odisseia de Russell Belk e companhia limitada, pensando em biologia. Mas, enfim, novas possibilidades aparecem. E como costumo dizer: acadêmicos precisam de um amor para chamar de seu! Talvez a intersecção entre CCT e biologia seja o amor da vez.

Referências Conexas

Belk, R. (2014). The labors of the Odysseans and the legacy of the Odissey. Journal of Historical Research in Marketing, 6(3), 379-404.

Cronin, J., & Fitchett, J. (2022). Consumer culture theory and its contented discontent: an interview with Søren Askegaard. Journal of Marketing Management, 38(1-2), 127-144.

Levy, S. J. (2015). Roots and development of consumer culture theory. In Consumer Culture Theory. Research in Consumer Behavior, Vol. 17 (pp. 47-60). Leeds: Emerald.

Quintão, R., & Pereira, S. (2017). Fórum estudos brasileiros no campo da pesquisa da Teoria da Cultura de Consumo. RIMAR - Revista Interdisciplinar de Marketing, 7(2), 191-193.

Shaw, E. H., & Jones, D. G. B. (2005). A history of schools of marketing thought. Marketing Theory, 5(3), 239-281.

quinta-feira, 21 de março de 2024

Me, myself, and I



Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras. Mais do que promover um possível momento de prazer pessoal por meio do consumo de chás da Moncloa, a imagem acima parece expressar os sujeitos na sociedade contemporânea.

Esse post compõe uma série chamada “Cenas do Mercado”. Trata-se de observações oriundas de visitas a espaços de vendas de produtos ou serviços.

terça-feira, 19 de março de 2024

A caixa de bombons da Lacta e suas mensagens

 


Tempo de Páscoa para os cristãos. Tempo de páscoa para os chocólatras. Bombons, barras, tabletes, ovos, coelhos ... ao leite, branco, ruby, amargo, meio amargo, nem tanto ... 

A novidade que vi neste ano foi a iniciativa da Lacta em imprimir palavras que funcionam como mensagens em suas caixas de bombons sortidos: Obrigado, Com Amor, Te Adoro, Felicidades. Além dos chocolates, a embalagem tem uma mensagem. Parece uma solução adequada para quem quer presentear e ao mesmo tempo dizer algo. É uma espécie de 2 em 1: simples e eficiente. 

Acredito que pouca gente vai se incomodar com a informação de que os bombons possuem alta quantidade de açúcar adicionado e de gordura saturada. E, mais ainda, sou capaz de arriscar dizer que quase ninguém vai reparar que a caixa foi reduzida de tamanho e o peso líquido é de 250,6g. 

É curioso pensar que um dia essa caixa foi vermelha, era identificada por conter bombons finos, e pesava 500g. Coisas do mercado!

Esse post compõe uma série chamada “Experiências de Consumo”. Trata-se de observações oriundas de compra ou consumo de produtos ou serviços.