quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Calçados, calçados, calçados



Calçados. Vários. Diversos. Para todas as horas e eventos. A indústria de móveis criou uma solução de sapateira giratória para guarda-roupas. Solução criativa para se organizar os sapatos e também para estimular o consumo dos mesmos. 

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Índice de novos valores da Vale




A Vale, mineradora de atuação global e que tem sede no Brasil, criou o que ela chama de Índice de Novos Valores (INV). Segundo descrição da própria companhia, trata-se de " (...) uma ferramenta que acompanha, em tempo real, quantas vezes são mencionadas na internet e nas redes sociais palavras (...)" que correspondem a valores.

Em sua descrição, a Vale sugere que rede social é rede social virtual. Sugere, também, uma separação entre internet e rede social virtual. Nesse caso, repete o uso impreciso da expressão por parte da mídia de difusão. Estranho. Difícil pensar a segunda sem a primeira. Já em outro momento, a Vale trata índice como sinônimo de ranking.

Em que pesem as interpretações acerca da internet, a Vale promete acompanhar "(...) 24 horas por dia o que é falado em sete idiomas, em 13 países: Brasil, Chile, Argentina, Estados Unidos, Canadá, Espanha, França, Reino Unido, Alemanha, Moçambique, Japão, China e Austrália".

Como o índice - ou ranking - muda em tempo real, não há como definir, em um horizonte de tempo maior, qual o valor que é o mais importante em cada um dos 13 países. Os valores em alta ou em baixa em cada país sempre serão concernentes a uma hora específica de um determinado dia. Logo, é possível haver ou não uma repetição de valores em um dado país ao longo de diferentes horas e dias.

Nesse sentido, o índice é mais útil como peça de entretenimento do que efetivamente como indicador dos valores relativos a um povo, país ou continente. Afinal, ele reflete o caráter fugaz das redes sociais virtuais e o consumo instantâneo daquilo que nelas é veiculado.

Apenas a título de curiosidade, relaciono logo abaixo, nas Tabelas 1 e 2, alguns valores em baixa e em alta nos países e, por conseguinte, continentes, escolhidos para identificação do INV da Vale.     

Tabela 1 - Valores em alta e em baixa, conforme país, segundo o INV da Vale em 24/08/2014 

 País
Valor em Alta 
Valor em Baixa 
Alemanha
Segurança
Parceria 
Argentina
Simplicidade 
Segurança 
Austrália
Parceria
Simplicidade
Brasil
Simplicidade 
Parceria
Canadá
Segurança 
Parceria 
Chile
Respeito
Segurança 
China
Liberdade
Amizade
Espanha
Diálogo
Segurança
Estados Unidos
Amizade
Sustentabilidade
França
Segurança
Parceria 
Japão
Solidariedade
Diálogo 
Moçambique 
Sustentabilidade
Parceria 
Reino Unido
Segurança
Sustentabilidade 
Fonte: INV em 24/08/2014.

Tabela 2 - Valores em alta e em baixa, conforme continente, segundo o INV da Vale em 24/08/2014

 Continente
 Valor em Alta
 Valor em Baixa
 África
 Sustentabilidade
 Parceria
 América do Norte
 Amizade
 Sustentabilidade
 América do Sul
 Simplicidade
 Parceria
 Ásia
 Liberdade
 Diálogo
 Europa
 Segurança
 Simplicidade
 Oceania
 Parceria
 Simplicidade 
Fonte: INV, em 24/08/2014.

Referências Conexas

Burroughs, J. E.; Rindfleisch, A. (2002). Materialism and well-being: a conflicting values perspective. Journal of Consumer Research, 29(3): 348-370.

Rokeach, M. (1973). The nature of human values. New York: Free Press.

Schwartz, S. H. (1994). Are there universal aspects in the structure and contents of human values? Journal of Social Issues, 50(4): 19-45.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Caxirola


Algumas coisas não deram certo no Brasil em relação à Copa do Mundo da FIFA 2014. Umas, para lembranças tristes por várias décadas; outras para serem saudadas e comemoradas exatamente por não terem obtido êxito - por mais paradoxal que isso possa parecer. A caxirola, instrumento musical criado por Carlinhos Brown para ser usado na Copa do Mundo da FIFA no Brasil, é o típico caso daquilo que deve ser comemorado por não ter cumprido a expectativa. Por alguma razão, alguém acreditou que a caxirola seria a vuvuzela brasileira nos estádios-arenas durante a Copa do Mundo da FIFA no Brasil. Se os sul-africanos chamaram a atenção do mundo por soprarem com paixão e fazerem tanto barulho nos estádios-arenas com suas vuvuzelas, bem que os brasileiros poderiam fazer o mesmo balançando suas caxirolas. Não deu certo. O brasileiro não consumiu a caxirola. O estrangeiro que veio ao Brasil durante a Copa, também não.

Obs.: a foto acima é de um expositor de caxirolas na vitrine de uma loja do Aeroporto Santos Dumont na cidade do Rio de Janeiro, Brasil.

Esse post compõe uma série chamada "Nota de Viagem". Trata-se de observações realizadas durante viagens.

domingo, 17 de agosto de 2014

Os Sons do Capitalismo



Práticas de consumo pressupõem diferentes formas de expressão cultural e diversos modos de interação em torno da materialidade dos objetos. Sentidos e significados são construídos não apenas em torno daquilo que pode ser visto, tocado e adquirido, mas também em função daquilo que se ouve, seja em ambientes onde se processa a aquisição de objetos, seja em espaços públicos ou domésticos onde se manifesta a interação entre indivíduos sem uma expressão de consumo material objetiva. A música, ao longo de anos e anos, tem sido um elemento de construção desses sentidos e significados. O livro "The Sounds of Capitalism: Advertising, Music, and the Conquest of Culture", escrito por Timothy Taylor e publicado pela University of Chicago Press em 2012 (368 páginas, US$ 21.40, edição em paperback), trata desse assunto ao abordar como a música tem sido usada para permear relações de consumo e construir identidades em torno de marcas e produtos, especialmente por meio de propagandas e jingles, veiculados em meio a programação de rádio e TV.

Esse post compõe uma série chamada "Olhar Acadêmico". Trata-se de observações realizadas sobre artigos, dissertações, teses ou livros relacionados ao campo de cultura e consumo.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Como a Sephora viveu a Copa do Mundo da FIFA


 
 


 



Antonio Banderas (The Golden Secret) para a Espanha, Bulgari Man Extreme para a Grécia, Burberry Rhythm para a Inglaterra, Dior Fahrenheit para a França, Monblanc Legend para a Alemanha, Versace Man Eau Fraiche para a Itália e Ralph Loren Polo para os Estados Unidos. Foi assim que a Sephora, a maior loja de venda de perfumes do mundo, viveu a Copa da FIFA no Brasil.

domingo, 10 de agosto de 2014

O Conselheiro do Crime




– Bom dia! Quero dar um presente que ela use à vontade. Não quero dar um diamante tão grande que tema usar – cumprimenta e informa, a um só tempo, o Conselheiro.

– Ela deve ser mais corajosa do que imagina – pondera o Traficante de Diamantes.

– É um pillow– Indaga o Conselheiro.

– Não. É um asscher. Olhe os cantos. Avaliemos direito. O pillow é arredondado nos lados. É uma versão moderna do corte dos mineiros. Vejamos a cor. Bote a mesa para baixo – orienta o Traficante de Diamantes, referindo-se a colocar a parte plana do diamante para baixo e olhá-lo de forma invertida como se fosse uma pirâmide.

– Quer ver através do pavilhão? – Solicita confirmação o Conselheiro, demonstrando algum conhecimento de diamantes ao usar um nome para o que seria a parte oposta do diamante e que não se costuma ver quando estão encrustados no metal das jóias.

– Sim. Vê-se melhor as facetas – confirma o Traficante de Diamantes.

– Parece ser amarelo – observa sem muita segurança o Conselheiro.

– É nitrogênio que dá essa coloração. A gradação começa no D. Uma pedra D não tem cor – ensina o Traficante de Diamantes.

– Qual é essa? – pergunta o Conselheiro.

– H – responde o Traficante de Diamantes.

– Ainda é uma boa cor? – Questiona o Conselheiro.

– É uma ótima cor. Diamantes são analisados pelo que lhes falta para a perfeição. Um diamante perfeito seria composto só de luz. Está vendo a pequena imperfeição nessa pedra? – Comenta curiosamente o Traficante de Diamantes, ao mesmo tempo que pergunta. 

– Não – responde surpreso o Conselheiro.

– É pequena. É o que chamamos de pena. Lembre-se: não procura méritos. É um ramo cético. Buscamos só imperfeições – afirma de modo surpreendente o Traficante de Diamantes.

– É. Acho que vi. Qual é a gradação? – Reage de modo inseguro o Conselheiro.

– É um VS1. Alguns avaliariam mais alto – observa o Traficante de Diamantes.

– Pode ter avaliado para cima. Você gosta dessa pedra? – Provoca o Conselheiro.

– Gosto da pedra – responde sem hesitar o Traficante de Diamantes.

– Quantos quilates? – Pergunta o Conselheiro.

– 3,9 – responde o Traficantes de Diamantes. 

– É caro – reclama o Conselheiro.

– As pedras têm conceitos próprios sobre si mesmas. Vou lhe mostrar.

O traficante abre uma espécie de pequeno envelope feito com uma única folha de papel branco, que contem uma pedra de diamante.

– Essa é uma pedra de advertência  informa curiosamente o Traficante de Diamantes. 

O Conselheiro a observa à distância, mas não por muito tempo. Logo usa um instrumento para o exame de diamantes que lembra as garras de um pássaro ao pegar sua presa e lentamente aproxima a pedra dos seus olhos para enxergá-la melhor.

– Mas eu diria mesmo que todo diamante é uma advertência insiste o Traficante de Diamantes.

– Um diamante é uma advertência repete surpreso o Conselheiro, como que para convencer a si mesmo e também afirmar o que o Traficante de Diamantes acabara de dizer por duas vezes.

– Claro! Por que não? Não é um relés desejo, por mais inatingível que seja, aspirar ao destino infinito da pedra. Não é este o significado do adorno de um diamante? Realçar a beleza da amada é admitir a fragilidade dela e a nobreza dessa fragilidade. Dizemos à escuridão que não seremos diminuídos pela brevidade de nossas vidas. Não vamos, por isso, ser considerados menores. Você verá reflete e encerra a conversa o Traficante de Diamantes.

O diálogo acima faz parte de uma das cenas do filme O Conselheiro do Crime (The Counselor), produção internacional envolvendo Estados Unidos, Reino Unido e Espanha, ano de 2013, censura 16 anos, 1h51min de projeção, que tem roteiro de Cormac McCarthy e direção de Ridley Scott,  com a participação dos atores Michael Fassbender (O Conselheiro), Penélope Cruz (Laura), Javier Bardem (Reiner), Cameron Diaz (Malkina), Brad Pitt (Westray), Rosie Perez (Ruth), Toby Kebbell (Tony) e Natalie Dormer (A Loira), entre outros. 


Fora a sempre excelente direção de Ridley Scott, O Conselheiro do Crime envolve a realidade de cartéis de drogas na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Paradoxalmente, em que pese  a sua natureza violenta, explícita e implícita, o filme possui elementos de glamour do (sub)mundo de homens poderosos e quase sem limites. No filme, o risco é calculado e antecipado. Os elementos da cultura de consumo de um mundo glamouroso de muito dinheiro e poder estão todos lá, inclusive as esperadas extravagâncias: carros luxuosos, motos velozes, roupas e mais roupas, casas nababescas, bebidas, hobbies exóticos e serviçais. 


A cena do filme, descrita acima, contudo, contextualizada em Amsterdã, Holanda, e que introduz esse post,  é suficiente para valer a pena assistir o filme. Especialmente pelo caráter do consumo simbólico nela contida, e que transcende em muito a questão meramente material do diamante enquanto uma pedra. 

Esse post compõe uma série chamada "Filme". Trata-se de sugestões de filmes. 

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Apartamento no chão do shopping



A indústria da construção civil - construtoras, incorporadoras, imobiliárias, etc. -, tem explorado inúmeras possibilidades de persuasão para o consumo de seus produtos. Nos últimos anos criou uma espécie de representação em tamanho real da planta baixa de apartamentos à venda em edifícios que, em geral, fica exposta em áreas centrais de shopping centers. Nessa condição, possíveis consumidores podem circular pelo apartamento, ou melhor, por sua representação, e terem uma noção de sua área total e dos seus espaços internos.