domingo, 21 de abril de 2024

Textinho, textão e imagens nas redes sociais



Outro dia alguém estava falando comigo sobre o tamanho dos textos nos posts que são feitos nas redes sociais. Após a conversa fiquei pensando com meus botões que essa discussão sobre textinho e textão é muito chata. Alguém vai escrever (postar) algo e aí avisa ... lá vai textão. Putz! Agora tem que se desculpar por escrever textos supostamente longos. 

Ouvi dizer ou li em algum lugar que textos com um menor número de caracteres - portanto, curtos - são mais lidos do que os textos mais longos. Dizem até que é por essa razão que o X (antigo Twitter) fez e ainda faz tanto sucesso. Será que é por isso mesmo? Talvez essa seja apenas uma das razões! 

Quando o Facebook começou a perder engajamento e muita gente migrou para o Instagram, uma das explicações que escutei foi a de que os posts no Facebook estavam perdendo a centralidade nas fotos e passando a incorporar textos cada vez mais longos. O argumento de que o Instagram fez sucesso por causa da maneira como deu primazia à imagem, também não parece ser suficiente, pois o sucesso do Facebook foi alicerçado na disponibilização de imagens. Por outro lado, se em um primeiro momento o Instagram exerceu fascínio em função de imagens e maior dinâmica, também se presta à publicação de posts com textos, e não necessariamente curtos, ainda que limitados pela plataforma.

Ah ... as coisas mudam rapidamente, o universo da tecnologia é muito rápido, ninguém tem tempo para ficar lendo nada, e é melhor postar só uma imagem. Afinal, todos nós gostamos de imagens. Okay! A questão é que são tantas imagens, e em um ritmo tão frenético, que não necessariamente há uma conexão implícita ou explícita entre elas - o fluxo caótico que muitas vezes se observa em stories no Instagram é uma evidência a esse respeito. Esta condição não impede, mas muitas vezes dificulta a construção de uma narrativa. E sem narrativa se estabelece um paradoxo, aproximando-se da negação da constituição de uma memória. 

Aparentemente, o que ocorre é que, além de vivermos em uma sociedade do espetáculo, que reconhecidamente valoriza a imagem, os textos mais longos são preteridos nas redes sociais devido aos propósitos para os quais essas redes foram concebidas.

Referências Conexas

Avivi, M., & Megawati, F. (2020). Instagram post: writing caption through process approach in developing writing skill. EduLite - Journal of English Education, Literature, and Culture, 5(2), 240-250.

Brown, S. (2005). Writing marketing: literary lessons from academic authorities. London: Sage. 

Grosseck, G., Bran, R., & Tiru, L. (2011). Dear teacher, what should I write on my wall? A case study on academic uses of Facebook. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 15, 1425-1430.

Klostermann, J., Plumeyer, A., Böger, A., & Decker, R. (2018). Extracting brand information from social networks: integrating image, text, and social tagging data. International Journal of Research in Marketing35(4), 538-556.

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