terça-feira, 5 de novembro de 2019

15 anos do EMA - Encontro de Marketing da ANPAD



No dia de hoje faz 15 anos que teve início o primeiro Encontro de Marketing da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração (EMA). Ao longo desses 15 anos foram realizadas oito edições do evento, que veio a ser, salvo melhor juízo, o maior encontro acadêmico da área de marketing na América Latina.

A edição inaugural do EMA ocorreu de 5 a 7 de novembro de 2004, na cidade de Porto Alegre. A Escola de Administração (EA) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foi a anfitriã, talvez não só pelo esforço dos professores que lá trabalhavam à época, como possivelmente pelo fato de a EA da UFRGS possuir considerável produção acadêmica na área de marketing no início dos anos 2000 e, assim, liderar o processo de organização do primeiro EMA. 

Embora a EA da UFRGS tenha sido a anfitriã, o evento ocorreu nas instalações do Sheraton Porto Alegre Hotel. A coordenação geral do primeiro EMA foi realizada pelos professores Carlos Rossi e Fernando Luce, ambos da UFRGS. Um grupo composto pelos professores Ângela da Rocha (COPPEAD/UFRJ), José Afonso Mazzon (FEA/USP), Rogério Quintella (UFBA) e Sérgio Benício de Mello (UFPE), complementou a coordenação do evento.

Ao longo de todos esses anos, seja apenas como ouvinte ou apresentando paper, tive o prazer de participar de todos os EMAs. Logo abaixo está uma espécie de tabela com o ano, cidade de realização do EMA e nome do Coordenador da Divisão de Marketing da ANPAD à época de cada evento.

Ano de Realização
Cidade
Coordenador da Divisão
2004
Porto Alegre
Sérgio Benício de Mello
2006
Rio de Janeiro
Marcos Campomar
2008
Curitiba
Carlos Rossi
2010
Florianópolis
Eduardo Ayrosa
2012
Curitiba
José Mauro Hernandez
2014
Gramado
Paulo Prado
2016
Belo Horizonte
Vinícius Brei
2018
Porto Alegre
Paulo Prado

A existência e continuidade do EMA nesses 15 anos, expressa, de diferentes maneiras, a vitalidade e relevância acadêmica da área de marketing no Brasil. Informações adicionais sobre a coordenação de cada evento, bem como sobre o Comitê Científico que trabalhou junto aos coordenadores em cada um dos eventos, e ainda sobre os papers apresentados e publicados em cada um deles, podem ser obtidas diretamente no website da ANPAD.

domingo, 27 de outubro de 2019

Assaltos constroem mercados




A imagem que está logo acima é um print screen da tela do meu celular. Nela há uma mensagem que me foi enviada pelo Banco do Brasil oferecendo o que identifica como seguro cartão protegido. Trata-se de uma cobertura de seguro que garante reembolso em caso de ocorrência de assalto e "saidinha de banco" no intervalo de até uma hora após o saque efetuado no banco. 

A oferta desse tipo de seguro é algo bastante curioso. É como se houvesse uma espécie de institucionalização do assalto na saída de bancos. A existência do assalto na saída de banco passa a ser uma oportunidade para o banco oferecer um novo serviço aos seus clientes. Lucra-se com a incerteza, a insegurança e o medo.  

Alguém pode ficar imaginando que, sob a perspectiva do banco, quanto maiores forem os problemas de segurança pública, maiores serão as possibilidades de o banco vender novos seguros. Em outras palavras, podemos dizer que assaltos na saída de bancos produzem novos serviços e formatam mercados. 

Talvez esse caso possa servir como ponto de partida não só para a observação de fenômenos de consumo que são engendrados em torno da sensação de medo, como também para a observação de mercados que são construídos em torno do sentimento de insegurança.

Referências Conexas

Callon, M., & Muniesa, F. (2005). Economic markets as calculative collective devices. Organization Studies, 26(8), 1229-1250.

Davis, G. F. (2009). Managed by the markets: how finance reshaped America. Oxford: Oxford University Press.

Dillard, J. P., & Anderson, J. W. (2004). The role of fear in persuasion. Psychology & Marketing, 21(11), 909-926.

Geiger, S., & Gross, N. (2018). Market failures and market framings: can a market be transformed from the inside? Organization Studies, 39(10), 1357-1376.

Zwick, D., & Cayla, J. (2011). Inside marketing: practices, ideologies, devices. Oxford: Oxford University Press.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Onde está o pau de selfie?



Ele foi lançado no mercado e virou motivo de alegria para muita gente.
Tornou-se um instrumento para o consumo da imagem.
Um acessório a serviço do culto à vaidade.
Onde ele está?
Veio e foi?

sábado, 19 de outubro de 2019

O McDonald's quer ser Méqui: uma apropriação cultural?



Depois de 40 anos e 1.000 lojas no Brasil, o McDonald's quer ser Méqui! Não quer parecer ser um estrangeiro inacessível, mas sim um gringo conhecido. Tenta explorar a ideia de que brasileiros são pessoas informais e que, sobretudo os mais jovens, costumam chamar aqueles que lhes são mais conhecidos por um nome abreviado. 

Como sabemos, a linguagem não é usada só para comunicação. Ela é um meio de conexão, aproximação e conquista. O McDonald's sabe disso muito bem. Usar um diminutivo aportuguesado para o seu nome é uma maneira clara e objetiva tanto de estabelecer uma conexão, quanto de tentar criar afeto. Não é à toa que seu slogan é amo muito tudo isso. Como se não bastasse, o nome Méqui em nada parece lembrar o nome de um vilão ou símbolo do imperialismo americano, durante muitos anos associado ao McDonald's.

Talvez se possa pensar que o McDonald's desenvolve um processo de apropriação cultural no Brasil. Afinal, além do nome Méqui, tem adaptado e oferecido produtos que possuem importante referência cultural para brasileiros, como o pão de queijo e o hambúrguer feito com carne de picanha, por exemplo. 

A questão é que se alguns podem enxergar apropriação cultural nas ações do McDonald's, e com isso elementos de superioridade, domínio e uma forma contínua de colonização, outros podem ver capacidade analítica e compreensão do mercado brasileiro, e com isso adequação e adaptação mercadológica. O que você acha?

Obs.: a foto acima é da fachada de uma loja do McDonald's na Avenida Paulista, 2034, na cidade de São Paulo, Brasil.

Esse post compõe uma série chamada "Nota de Viagem". Trata-se de observações realizadas durante viagens.

Referências Conexas

Money, A. (2007). Material culture and the living room: the appropriation and use of goods in everyday life. Journal of Consumer Culture, 7(3), 355-377.

Roberts, K. (2005). Lovemarks - o futuro além das marcas. São Paulo: M. Books.

Rodriquez, J. (2006). Color-blind ideology and the cultural appropriation of hip-hop. Journal of Contemporary Ethnography, 35(6), 645–668.

Suh, Y., Hur, J., & Davies, G. (2016). Cultural appropriation and the country of origin effect. Journal of Business Research, 69(8), 2721-2730.

Young, J. O., & Brunk, C. G. (2012). The ethics of cultural appropriation. Oxford: Wiley-Blackwell.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Uma flor para mais respostas



As dissertações, teses e artigos brasileiros que tenho lido no campo de estudos de consumo quase não usam artigos publicados em revistas especializadas em métodos e procedimentos de pesquisa - parece que temos o hábito de usar manuais consagrados. Por força do ofício, de vez em quando eu procuro passar o olho nessas revistas e há algum tempo me deparei com um artigo curioso que faz pensar sobre como aquilo que pesquisadores usam como tipos de indumentária, acessórios ou ornamentos, podem influenciar na abordagem e interação junto a pessoas convidadas a participarem em pesquisas. Trata-se de um artigo publicado em 2015 na revista Field Methods, que descreve como o uso de uma flor no cabelo, por parte de uma mulher, pode produzir maior adesão e resposta positiva a um convite para participação em pesquisa. Vale a pena a leitura do artigo. A indicação está abaixo.

Stefan, J., Jacob, C., & Guégen, N. (2015). The interviewer wore a flower in her hair: the effect of hair ornamentation on compliance to a survey request. Field Methods, 27(4), 363-372.

Esse post compõe uma série chamada "Olhar Acadêmico". Trata-se de breves observações realizadas sobre trabalhos acadêmicos na forma de artigos, dissertações, teses ou livros relacionados direta ou indiretamente a cultura e consumo.

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Leituras sobre Rock and Roll




O Rock in Rio 2019 terminou alguns dias atrás, mas quem gosta de rock não precisa, necessariamente, ficar alimentando a nostalgia da experiência vivida in loco ou da experiência de assistir aos shows por meio da TV. Tampouco carece de já começar a imaginar como será o próximo festival. Na verdade, as duas coisas são perfeitamente possíveis, e até se completam. Porém, há uma outra maneira de continuar vivendo o mundo do rock, ou se permitir descobrir coisas que em um primeiro momento talvez não estejam tão aparentes em seu universo musical. Refiro-me à experiência de leitura de dois livros escritos por Daniel Rezende e disponíveis para compra em forma de e-book na Amazon. 

Daniel Rezende é professor universitário no Departamento de Administração e Economia da Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais, e pesquisador no campo de estudos de consumo e mercados. É apaixonado por rock, e nas horas vagas tem o hábito de escrever sobre o assunto. Os dois livros que publicou são extremamente convidativos à leitura, sobretudo porque além de bem escritos, fogem do lugar comum. 

Um livro tem o título de Rock Feminino, e contem 43 indicações que começam em 1964, com The Ronettes, e vão até 2017, com St. Vincent. O livro é uma celebração do talento e brilhantismo feminino no mundo do rock. 

O segundo livro tem o título de Rock Alternativo: 50 álbuns essenciais. Como o próprio título sugere, trata-se de 50 indicações daquilo que não se pode deixar de ouvir. Fazendo uma espécie de trocadilho com o título do livro, parece que o essencial é a essência em termos de inquietação e criatividade no rock. 

Os livros representam um verdadeiro achado para amantes do rock!
    

quarta-feira, 3 de julho de 2019

III Encontro Cultura e Consumo Brasil



O III Encontro Cultura e Consumo Brasil será realizado nos dias 05 e 06 de setembro. Como tem sido em anos recentes, o evento acontecerá na cidade do Rio de Janeiro. Nesta oportunidade será nas dependências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especificamente no auditório Prof. Almir Valladares Fraga. O tema do encontro desse ano será "a natureza do consumo", e a programação inclui a realização de várias atividades, como, por exemplo, discussões teórico-metodológicas e mentorias para alunos de mestrado e doutorado, integrando alunos com docentes. Para acesso as informações sobre a programação, basta clicar aqui

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Eu, Daniel Blake




Para aqueles que andam apaixonados com a ideia de reformar a previdência no Brasil e modificar o sistema de benefícios sociais que atualmente existe no país, e que sempre comparam a situação brasileira com a situação de outros países, e mais ainda, sempre acham que o que existe lá fora é melhor do que o que existe aqui, recomendo fortemente que assistam ao filme "Eu, Daniel Blake", até pouco tempo atrás disponível na Netflix. Produção de 2016 do Reino Unido, França e Bélgica, o filme, ambientado na Inglaterra, retrata a situação de um senhor que busca benefícios oferecidos pelo Estado, após ter um problema de saúde que o impede de trabalhar. Vira pó nesse filme a imagem que se tem de que tudo funciona bem nos chamados países de primeiro mundo.

Esse post compõe uma série chamada "Filme". Trata-se de sugestões de filmes relacionados ao universo de Cultura de Consumo, Marketing, e Construção de Mercados.

domingo, 30 de junho de 2019

Sobre o Autoritarismo Brasileiro





Escrito por Lilia Schwarcz e publicado recentemente pela Companhia das Letras, Sobre o Autoritarismo Brasileiro, 273p., R$ 49,90, é um livro que considero como pertencente àquela categoria de leitura necessária. Trata-se de uma contribuição para compreender o Brasil, que é particularmente relevante se levarmos em conta o momento atual vivido em nosso país.

Sugerindo uma espécie de travessia que não terminou, ao longo de oito capítulos o livro aborda temas e questões imbricadas na história e formação social brasileira. Escravidão e racismo, mandonismo, patrimonialismo, corrupção, desigualdade social, violência, raça e gênero, e intolerância, são tratados de forma analítica por meio de acontecimentos e dados.

A leitura do livro revela inúmeros equívocos que são cometidos a respeito do brasileiro, a começar pela ideia amplamente disseminada de que somos um povo "gente boa". É curioso pensar como essa ideia tem sido aceita - e ela não necessariamente está alicerçada no conceito de homem cordial de Sérgio Buarque de Holanda. O fato é que a realidade objetiva do cotidiano social brasileiro não só traz em si, como também perpetua, as mazelas de sua constituição histórica enquanto nação. E nessa constituição, as ideias de respeito e tolerância estão ausentes. Mesmo quando querem se fazer democráticos, brasileiros têm sido autoritários e violentos.   

Esse post compõe uma série chamada "Olhar Acadêmico". Trata-se de observações realizadas sobre trabalhos acadêmicos na forma de artigos, dissertações, teses ou livros, relacionados direta ou indiretamente ao campo de cultura e consumo.

terça-feira, 25 de junho de 2019

Before printing



O mercado editorial acadêmico e científico movimenta milhões e milhões de dólares. Há uma tendência para a concentração do mercado em torno de algumas poucas editoras. A disputa entre elas é acirrada e cada uma tenta superar a outra na valorização dos periódicos que publicam, seja em termos de prestígio acadêmico ou seja no que se refere ao preço das assinaturas individuais e, sobretudo, institucionais que cobram pelo acesso aos títulos que publicam. Prestígio acadêmico e preço de assinatura, aliás, são duas coisas que caminham juntas nesse caso. Uma das formas que usam para tanto é o processo de criação e lançamento de novos produtos, formatos e concepções editoriais. Um exemplo claro disso consiste na divulgação em plataformas digitais de artigos que acabaram de ser aprovados editorialmente para publicação. A ideia é que a divulgação antecipada promova maior influência sobre pesquisas em andamento, recebam citações e, por conseguinte, aumentem o fator de impacto do periódico. Cada editora dá um título diferente a esses produtos, que ao final significam exatamente a mesma coisa. Os títulos que consegui identificar estão listados abaixo. 

# advanced articles
# ahead of print
# early view
# just been published
# online first
# online now

Não há a menor dúvida. A indústria editorial sabe como formatar mercado.

domingo, 23 de junho de 2019

Sobre empresa privada e acesso à informação



Um dos principais pilares da construção de uma sociedade livre, soberana e democrática é o acesso à informação. É impossível imaginar uma atuação independente das diferentes instituições dentro da sociedade civil organizada, sem que exista o acesso à informação. A economia de mercado, em meio à complexidade dos diferentes agentes que a constituem, também tem no acesso à informação uma condição inexorável para o seu funcionamento.

Quando uma empresa nega o acesso à informação e, sobretudo, cria dificuldades para que órgãos de imprensa divulguem para o público consumidor os preços que ela pratica, essa empresa simplesmente fere um princípio básico da economia de mercado e atenta, no limite, contra a própria sociedade civil organizada. Negar o acesso à informação é retroceder no tempo, em termos de organização social e econômica.

É preciso que se compreenda que as empresas, mesmo que privadas, têm um caráter público. Elas são privadas, geram lucros e obedecem a orientações administrativas e estratégicas de origem e caráter privado, particular, mas têm um interesse de caráter público. Isso ocorre pelo simples fato de que ao oferecerem um produto ou serviço ao mercado, as empresas estabelecem, criam e desenvolvem uma relação mercadológica que não está circunscrita exclusivamente aos interesses empresariais, mas que também contempla interesses de caráter público. Em curtas palavras, as empresas são de origem privada, mas a relação que desenvolvem com o mercado é pública. Portanto, não há sentido em negar acesso a informações que interessam ao mercado, especialmente informações sobre os preços dos produtos que oferta aos potenciais consumidores presentes nesse mercado.

A prática empresarial de negar aceso à informação, entretanto, não está restrita apenas à esfera de preços que, a rigor, são de interesse público. Em geral, informações sobre procedimentos administrativos e dados de atuação e desempenho mercadológicos são sistematicamente negados. Ocorre que as empresas necessitam de um volume de informações e dados cada vez maior e mais consistente para definirem adequadamente suas estratégias, tomarem decisões e, por conseguinte, serem bem sucedidas no mercado. Isso representa um contra-senso, pois cada vez mais as empresas precisam e buscam informações, mas, por sua vez, não fornecem informações, ou criam dificuldades e subterfúgios para não fornecerem. A prática da realização de pesquisas e divulgação de dados estatísticos é bastante comum em países desenvolvidos e tem crescido no Brasil. Ela representa um importante instrumento para o aperfeiçoamento de práticas administrativas privadas e públicas, e também pode ser entendida como uma espécie de mecanismo que ajuda na construção da cidadania.

Além da Imprensa, que eventualmente tem o acesso à informação negado por parte das empresas, instituições acadêmicas e universitárias também vivenciam experiência semelhante. É menos raro do que se imagina que estudantes de graduação e pós-graduação nas áreas de administração e economia, entre outras, recebam um sonoro “não” como resposta às tentativas que fazem de obtenção de dados e informações empresariais. Via de regra, tais solicitações são feitas com o propósito de subsidiarem pesquisas e análises que desenvolvem em seus estudos, especialmente estudos para a conclusão de curso, como monografias de graduação, dissertações de mestrado e teses de doutorado. Isso, sem mencionar diferentes outros tipos de estudos que são realizados na área de business e que são vinculados a instituições universitárias de ensino e pesquisa.

A sociedade brasileira evoluiu e hoje dispõe de importantes estruturas para a geração de conhecimento baseado na obtenção séria e tratamento adequado de dados e informações. Não há mais espaço para padrões de comportamento pautados única e exclusivamente na obtenção de informações. É preciso também fornecê-las. Caso contrário, viveremos uma situação retrógrada, algo como um eterno “venha a nós o vosso reino”.

* Publicado originalmente sob o título "Venha a nós o Vosso Reino" em O Diário do Norte do Paraná, p. A2, 20 de fevereiro de 2009.

domingo, 31 de março de 2019

Sandy & Junior e a memória afetiva




Para a geração Y, Xuxa. Para a geração Z, Sandy & Junior. Antes, nostalgia era coisa do passado. Hoje, parece ser coisa do presente. Sente-se saudades do que ainda se tem, e não, necessariamente, do que se passou. É como se o presente carregasse em si, de modo simultâneo, e também ambíguo, o ter e o não ter, a presença e a distância.

O retorno da dupla Sandy & Junior aos palcos arrebatou a atenção de toda uma geração que ao longo dos anos se distanciou do chamado teen pop da dupla e foi se acostumando com funk, pagode, hip hop, rock, sertanejo e afins. Os jornais e a TV noticiam diariamente o retorno da dupla em uma turnê em várias cidades brasileiras - até agora, basicamente capitais.

Logo de início, aparentemente houve uma espécie de negação do interesse em (re)ver a dupla. Esse sentimento é algo muito comum para a análise psicológica: negar para se afirmar. É como se admitir o interesse no show de Sandy & Junior sugerisse um comportamento infanto-juvenil em um momento em que a geração Z quer se afirmar como adulta. Não obstante, os ingressos para os shows em São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, estão esgotados nas vendas online.

O fato é que a dupla não é uma dupla qualquer, mas sim uma dupla formada por irmãos. Com isso, ou seja, com a irmandade, a dupla é portadora de um símbolo cultural que é universal e que perpassa diferentes esferas da vida cotidiana. Além disso, a turnê a ser realizada tem o título de "Nossa História". Isso é mais do que suficiente para resgatar a memória afetiva de toda uma geração. Quem não tem uma história para contar?

Referências Conexas

Firat, F., & Venkatesh, A. (1995). Liberatory postmodernism and the reenchantment of consumption. Journal of Consumer Research, 22(3), 239-267.

Freud, S. (2000). A psicopatologia da vida cotidiana. Rio de Janeiro: Imago.

Holbrook, M. (1993). Nostalgia and consumption preferences: some emerging patterns of consumer tastes. Journal of Consumer Research, 20(2), 245-256.

Larsen, G., Lawson, R., & Todd, S. (2010). The symbolic consumption of music. Journal of Marketing Management, 26(7-8), 671-685. 

quarta-feira, 27 de março de 2019

A nostalgia do vinil




o vinil veio, ficou durante muitos e muitos anos, e foi embora ... 
depois voltou, após nos acostumarmos com avanços da tecnologia e facilidades do mundo digital ...
parece que está indo embora novamente !

domingo, 24 de março de 2019

Os D's de Brasília, ou sobre o consumo do poder



                                                                1 deslumbramento
                                                                2 desejo
                                                                3 domínio
                                                                4 devaneio
                                                                5 delírio
                                                                6 decepção
                                                                7 desilusão
                                                                8 depressão
                                                                9 desespero
                                                              10 demência

* colhidos, interpretados e organizados a partir de interações com colegas com experiência em cargos executivos em diferentes estruturas de poder e decisão, locais, regionais e nacionais.

quarta-feira, 20 de março de 2019

Maridoteca



Maridoteca! 
Você acredita? 
Calma! 
Não se trata de ilusão de ótica!
Ela existe - ou existiu até recentemente - em vários shopping centers brasileiros.

Salvo engano, trata-se de algo ainda não explorado por pesquisadores de consumo.

* a foto acima é de uma maridoteca de um shopping center na região Sul do Brasil.


domingo, 17 de março de 2019

Construção de mercados



EnANPAD 2019
Divisão de Marketing - Tema 4 - Construção de Mercados

O EnANPAD 2019 será realizado na Universidade Presbiteriana Mackenzie, na cidade de São Paulo, de 02 a 05/10/2019. A Divisão de Marketing traz uma nova possibilidade de submissão de trabalhos acadêmico-científicos, relativa ao tema Construção de Mercados. Os trabalhos poderão ser submetidos até o dia 16/05/2019 às 17h59min. As características dos trabalhos a serem submetidos e o estilo de formatação dos mesmos podem ser encontrados no website da ANPAD. O texto da chamada de trabalhos para o tema Construção de Mercados é o seguinte:

"Este tema visa ampliar a interconexão entre o conhecimento do campo de marketing e a noção de mercado. Prevalente nas discussões do campo de marketing até a década de 1960, essa interconexão tem voltado a tona diante do reconhecimento do papel que o mercado - sua produção e suas dinâmicas - possui na teorização e prática de marketing. O interesse no tema envolve pesquisadores inicialmente conectados com as perspectivas sociocultural do consumo, do marketing industrial, bem como da sociologia e antropologia econômica. A perspectiva ontológica que dá forma aos estudos de mercado envolve desde concepções estruturalistas do mercado, da prática, até ontologias como a Teoria Ator-Rede. Contempla, assim, estudos ou ensaios que abordam  "mercado" - a partir de mais diferentes perspectivas teóricas e metodológicas - como elemento central. Envolve estudos conectados com perspectivas emergentes na descrição dos mercados, como a de estudos construtivistas de mercado, mercado enquanto prática, exercício de agência e modelagem dos mercados, sistemas dinâmicos de mercado, entre outros. Contempla, também, estudos de mercados a partir de diferentes níveis de análise (macro, meso e micro), das noções de sistemas agregados de marketing, e da intersecção entre mercados e sociedade. Como exemplos, possíveis discussões neste tema  envolvem, entre outras, a descrição das dinâmicas que moldam um determinado mercado, formatação de mercados, análise de mercados alternativos, conflitos e papel de diferentes atores na constituição de mercado, estrutura, regulação e institucionalização dos mercados, explicações culturais, sociológicas, históricas e antropológicas para os mercados."

Palavras-chave: Sistemas dinâmicos de mercado, estudos construtivistas de mercado, prática de mercado, estruturas de mercado, relação de produção e consumo.

quarta-feira, 13 de março de 2019

Quebrada, mas à venda - salve a semana do consumidor!



A escada está quebrada. 
Todos podem ver. 
Mas mesmo assim, o supermercado a disponibiliza para venda.
E isso, porque a semana é do consumidor!

domingo, 10 de março de 2019

Carnaval, celebridades e identidade construída




É carnaval. Rio de Janeiro, Salvador, Recife, São Paulo ... enfim, Brasil afora ocorre aquela que é considerada a maior celebração em nosso país. Desde a sua origem, a festa é do povo. No entanto, não parece ser essa a impressão que se tem ao ler os jornais e revistas, ao acessar os portais da internet, ou ao assistir na TV os desfiles de blocos e escolas de samba.

Há uma contradição arquitetada com requinte na mídia de difusão. O povo parece estar lá, mas não está - meramente compõe a cena. A estrutura do enredo e a construção da narrativa tomam emprestado raízes populares, mas são materializadas por meio daquilo que se convencionou chamar de celebridades e sub-celebridades (seja lá o que isso signifique). Essas tais celebridades são quase que onipresentes em todas as telas e todas as páginas.

Quem define quem é ou deixa de ser celebridade? Como é definida a identidade de uma celebridade? Do ponto de vista antropológico, a identidade não é dada, mas sim culturalmente constituída em um determinado contexto social. Observando o carnaval por meio da mídia de difusão, é razoável supor que, paradoxalmente, celebridades são inventadas e construídas em um ambiente de negócios, e que sempre estão ligadas a algum tipo de business. O consumo difuso de diferentes fontes de entretenimento não só permite, como parece fomentar a construção de celebridades. Trata-se de um fenômeno extremamente curioso de ser observado no carnaval, posto que assume uma posição de protagonismo em detrimento daquilo que é de fato popular e que termina apenas fazendo parte da paisagem.

Referências Conexas

Driessens, O. (2013). The celebritization of society and culture: Understanding the structural dynamics of celebrity culture. International Journal of Cultural Studies, 16(6), 641-657.

Kjaegaard, A., Morsing, M., & Ravasi, D. (2011). Mediating identity: a study of media influence on organisational identity construction in a celebrity firm. Journal of Management Studies, 48(3), 514-543.

Rindova, V. P., Pollock, T. G., & Holloway, M. L. A. (2006), Celebrity firms: the social construction of market popularity. Academy of Management Review, 31(1), 50-71.

sábado, 9 de março de 2019

Citações bibliográficas como processo de construção de mercado

Em recente post no Facebook, o professor Luciano Rossoni fez a instigante observação de que está "vendo um movimento interessante nos artigos publicados: a redução no número de referências". Dando continuidade a sua obervação, Rossoni destaca que "há revisores que vêm questionando o número excessivo de referências, especialmente porque muitas delas são citadas cerimonialmente".

Essa é uma questão que realmente me parece relevante. Confesso que não sei qual é o melhor termo para tratá-la - se é que há um específico -, mas creio que deve ser amplamente debatida.

Os primeiros artigos que me chamaram a atenção por trazerem um grande número de citações foram os artigos publicados fora do Brasil. Comecei a ver muitas, mas muitas citações mesmo nos artigos que lia. Pensei se tratar de uma forma de os autores expressarem conhecimento e erudição sobre determinado tema e sinalizarem que fizeram uma boa revisão da literatura sobre determinado assunto. Isso só se ampliou ao longo dos anos.

Continuo lendo artigos publicados em periódicos internacionais repletos de citações. Não tenho um número preciso, mas arrisco dizer que algo próximo a 90% das citações que aparecem no corpo do texto dos artigos estão dentro de parênteses. Em meio as minhas aulas e em reuniões de orientação, convencionei chamar isso de citação tsunami. Passei a dizer aos meus alunos e orientandos que esse tipo de citação tenta mostrar para os editores dos periódicos e para os revisores dos artigos que o autor do texto "sabe" do que está falando e conhece o que foi publicado sobre o assunto.

A ressalva que me habituei a fazer para meus alunos e orientandos é que esse tipo de citação pode parecer positiva por um lado, mas pode trazer um problema por outro, que consiste em que o autor quase sempre perde a sua voz no texto. A uma certa altura, quando se está lendo o texto, não se sabe quem disse o quê; ou seja, até onde vai o pensamento do autor e até onde ele está fazendo paráfrases de outros textos, portanto de outros autores. 

Dentre os textos que costumo ler, essa situação me parece mais facilmente perceptível em textos de Administração. Via de regra, pouco se faz citação direta de autores - refiro-me aqui àquelas citações em que se faz transcrição literal de um trabalho e se usa aspas, etc. 

Avançando e procurando trazer o que acredito ser uma outra parte dessa questão para o debate, parece-me que o "movimento" para se fazer um grande número de citações vai além da possível condição de erudição e domínio sobre o campo. Penso que o grande número de citações pode ser associado a uma questão de mercado. 

Em algum momento no meio do caminho, editores de periódicos podem ter exercido o papel de agentes dos interesses das próprias editoras. Suponho que para as grandes editoras internacionais é importante, e necessário, ver que aqueles artigos publicados em seus periódicos são citados em um maior número possível de outros artigos. Isso confere legitimidade aos periódicos que essas editoras publicam, aumenta a influência dos periódicos e, sobretudo, o valor de mercado dos mesmos. Como esses periódicos são comercializados e têm suas assinaturas vendidas para instituições de ensino e pesquisa mundo afora, é possível compreender esse movimento como uma forma de fazer business. 

Essa expressão de business, que poderíamos entender, no limite, até como uma espécie de construção de mercado, pode ser exemplificada por meio da exigência que alguns periódicos fazem para que no processo de submissão os autores citem um determinado percentual de artigos do tipo X, Y ou Z. Como se não bastasse tudo isso, há ainda, em alguns casos, a exigência de que as citações feitas sejam relativas a publicações realizadas em anos recentes, admitindo-se a citação de artigos publicados em torno de um intervalo de até 5 anos. 

Claramente, isso é também uma forma de reiterar a ideia de mercado. Mais que isso, é uma forma de estabelecer bases não só para a realização, como também para legitimar o próprio processo de cálculo do Fator de Impacto de periódicos, posto que, salvo engano, as métricas principais de cálculo envolvem dois intervalos: um mínimo de 2 anos, e um máximo de 5 anos. E uma outra coisa: o Fator de Impacto é publicado pelo Journal of Citation Report, que pertence a Thomson Reuters, e isso é mercado.

Portanto, para concluir esse post e voltar a questão inicial do debate, penso que a redução no número de referências pode representar um movimento lento, gradual, de maior profundidade na apropriação de conteúdos acadêmico-científicos, mas que provavelmente ainda está longe de se tornar uma realidade. Em uma única frase: no que se refere à realização de citações talvez o nosso maior desafio permaneça sendo compreender as dinâmicas do campo científico e as relações que as mesmas guardam com ações de mercado e expressões de poder.

quarta-feira, 6 de março de 2019

Pizza de frigideira




Shaping market ... vi no supermercado ... não precisa ir ao forno; melhor: não precisa ter forno; é mais rápido e prático; basta preparar na frigideira!  

domingo, 3 de março de 2019

Ditados populares na parede



Tempos atrás estava a procura de um filme já antigo, e que não constava na relação de filmes disponíveis em serviços de streaming a que tenho acesso. Lembrei-me de uma antiga locadora de vídeos ainda em funcionamento na cidade. Ao chegar lá me deparei com vários ditados populares impressos e pregados na parede que ficava atrás do balcão de atendimento. Sempre achei que os ditados populares dizem muito sobre nossa cultura e sobre a maneira que pensamos. Observar os elementos discursivos que usam e tentar desvendar os seus significados e contextos é um desafio sempre presente em estudos de consumo, sobretudo pela natureza simbólica que possuem e pelo caráter de mediação que exercem na comunicação entre as pessoas. Pedi permissão para fotografar os ditados e os transcrevo abaixo, na forma em que se encontravam pregados na parede.

"Uma pequena ajuda é melhor que muita oração."

"Fome e saudades 2 coisas que eu sempre mato ... e nunca morrem."

"Quanto mais eu ouço músicas novas, mais eu gosto das antigas."

"Deus não aponta o dedo estende a mão."

"O hábito de falar com Deus ajuda o nosso jeito de falar com as pessoas."

"As vezes parece que a vida é um teste pra ver se a gente vai cometer suicídio ou homicídio primeiro."

"Para os dias bons: sorrisos, para os dias ruins: paciência, para todos os dias: fé."

"O mal do homem é errar com a mulher certa. E o da mulher é insistir no homem errado."

"Deus não vive em igreja. Vive em você."

  "Muitas pessoas gastam dinheiro que não tem, para comprar coisas que não precisam, para impressionar pessoas que não gostam."

"Quem mata o tempo não é assassino. É um suicida."

"Filho, tem muita gente colocando preço na Fé. Você não tem que pagar ninguém para Deus te ajudar."

"Viver sem ler é perigoso, te obriga a crer no que te dizem."

"Acredite em si mesmo, pois até a sua sombra te abandona no escuro."

"O tempo não muda as pessoas, ele mostra quem elas realmente são."

"Escolha pessoas que te fazem perder a hora e não seu tempo."

"Faça o bem porque o mundo vai mal!"

"Nem teus próprios inimigos podem lhe causar tanto dano quanto os teus pensamentos."

"Quem come do fruto do conhecimento é sempre expulso de algum paraíso."

"As mãos que ajudam são mais sagradas do que os lábios que rezam."

"A fé não dá respostas, só impede perguntas."

"Quem não luta pelo futuro que quer, tem que aceitar o futuro que vier."

"Saia do conforto do cotidiano e entre no conflito da mudança."

domingo, 24 de fevereiro de 2019

Consumo de drones para entretenimento



Recentemente me deparei com algo que despertou a minha atenção: uma fila de pessoas interessadas em comprar drones em uma loja de produtos eletrônicos. Observando o que estava acontecendo resolvi me aproximar da fila e procurei conversar com algumas pessoas. Para minha surpresa, percebi que não eram profissionais de fotografia ou vídeo, tampouco cinema. Constatei que estavam ali para adquirir drones apenas e tão somente com a finalidade de usá-los para entretenimento.

Talvez por nunca ter usado drones, e também por não conhecer ninguém que os use, fiquei me perguntando se esse seria mesmo o sentido do uso dos drones atualmente. Pareceu-me que sim, sobretudo porque depois de passados alguns dias me lembrei de já ter visto na TV uma competição que era uma espécie de corrida de drones - nesse caso, o uso de drones sinaliza uma condição de prática esportiva, algo que transcende a ideia de competição.

Voltando ao ponto anterior, entretenimento parece ser mesmo a palavra-chave para os drones. Isso porque, por um lado talvez o uso do drone permita uma experiência próxima da ideia de voar - o que sempre foi um desafio e ao mesmo tempo um fascínio -, e por outro lado porque talvez seja mais uma das formas de reafirmar uma sociedade que supervaloriza imagens, que ao fim e ao cabo são diariamente transformadas em entretenimento. 

Por algum tempo continuei pensando no tipo de experiência que o consumo de drones proporciona. Deve ser instigante capturar imagens a partir de um plano que está acima de todos, de ver onde o olhar horizontal não alcança e definir um panorama vertical. Onde será que estão as fronteiras para se explorar lugares? Como discernir o que é público e o que é privado quando se olha de cima para baixo - como quem está no céu -, e não avançar na possibilidade de bisbilhotar o que é alheio, respeitando e não invadindo a privacidade dos outros? Será que após gravadas as imagens dos drones são exploradas em sessões individuais ou coletivas de exibição? As imagens são para consumo próprio ou para compartilhamento indoor ou online?

Em meio a essas indagações fiquei pensando que o uso dos drones, entre outras coisas, tanto pode ser meramente um ato de voyeurismo, como pode representar um refinamento das possibilidades de se olhar para a condição humana e para a construção do espaço público, e com isso tentar ampliar a compreensão sobre a dinâmica e organização da vida em sociedade. 

De uma maneira ou de outra, trata-se de uma nova experiência de consumo que, salvo engano, parece ainda não ter sido investigada por pesquisadores que estudam cultura de consumo. Talvez seja a hora de alguém fazê-lo.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Uma Noite de 12 Anos



A Netflix disponibilizou vários filmes para consumo no final do ano, ou durante as férias de verão - como queira. Dentre eles, "A Noite de 12 Anos" é um filme necessário. É sofrido, lento, arrastado e repetitivo em várias cenas. Todavia, aparentemente, essa foi a proposta de Álvaro Brechner, diretor do filme, ou seja, de levar a tortura ao espectador. O filme mostra a prisão de três homens durante o período da ditadura militar no Uruguai, entre eles José Mujica, que veio a ser presidente após o processo de redemocratização do país. Chega a ser doloroso assistir ao filme em algumas cenas, tamanha a intensidade das interpretações dos atores Antonio de la Torre, Chino Darín e Alfonso Tort. Os ângulos buscados pela câmera e a textura da luz na fotografia são pontos altos do filme. Mas de toda a narrativa, o ápice é a sequência de cenas em câmera lenta com a música The Sounds of Silence ao fundo, cantada por Silvia Pérez Cruz. Essa sequência é uma espécie de síntese do filme, uma experiência cinematográfica única, e pode ser acessada aqui