A poesia brasileira, que é esquecida e não faz parte da lista de consumo para o Natal, despediu-se no dia de ontem de Décio Pignatari. Poeta concreto, intelectual inquieto e avesso ao lugar-comum, Décio Pignatari ofereceu considerável contribuição à literatura brasileira. Após seus escritos e teorizações, a partir dos anos 1950, juntamente com os irmãos Augusto e Haroldo de Campos, a cena poética paulista e brasileira nunca mais foi a mesma.
Em saudação a sua memória, posto abaixo o poema Fio que eu escrevi tempos atrás sob influência do concretismo.
FIO
I
barulho seco disparo
estilhaço
estado de choque
partida
barulho cheio velocidade
batida
estado de choque
esforço
a vida num traço
traça-se
a vida num fio
tece-se
II
re traça vida
davi
vida re fia
davi
traço vida
davi
vida fio
Acredito que a poesia é pouco consumida, ou melhor, pouco apreciada, porque requer sensibilidade, tanto para a escrita quanto para a leitura.
ResponderExcluirFeliz quem a tem, pois usufrui de momentos/sensações que os insensíveis não compreendem.
Liciane,
ResponderExcluirObrigado, mais uma vez, por sua visita e comentários que sempre enriquecem o blog. A poesia é mesmo objeto de reflexão. Talvez o caminho para se apreciar a poesia seja mais longo que aquele para se apreciar a prosa.
Saudações,
Francisco Giovanni