quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Diárias de 21 horas


O dia não tem mais 24 horas! Sim! Isso mesmo. Pelo menos para um grande número de hotéis e pousadas. Para eles, o dia, ou melhor, a diária, tem apenas 21 horas. Mais do que nunca, sobretudo agora em pleno verão, esse é o tempo que dura a diária de um hotel entre os chamados check-in (entrada) e check-out (saída). Os hotéis descobriram que eles podem encurtar os dias. As diárias começam às 15 horas de um dia e terminam às 12 horas do dia seguinte. E isso muito bem explicado por meio do argumento de que precisam dispor de tempo para preparar os quartos para os próximos consumidores.
 
Esse post compõe uma série chamada "Dropes". Trata-se de rápidas observações baseadas em fragmentos do dia-a-dia.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Comunicação, cultura e consumo


Acaba de ser lançada a 5ª. edição de uma das mais importantes obras sobre cultura e consumo vinculadas à indústria da comunicação já publicadas no Brasil. Trata-se do livro “A Sociedade do Sonho: comunicação, cultura e consumo”, Editora Mauad, Rio de Janeiro, 208p. Escrito por Everardo Rocha, Professor-Associado do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, o texto é fruto de sua tese de doutorado, defendida no final dos anos 1980, sob orientação de Roberto DaMatta, no Programa Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A 1ª. edição foi publicada em 1995 e passados 17 anos o texto permanece atual como poucos. Isso, devido não só à densidade e consistência de sua construção teórica, feita sob uma perspectiva antropológica, como também à dimensão analítica nele presente. É uma leitura necessária para aqueles que desejam compreender a indústria da comunicação de massa, a estrutura de consumo a ela vinculada e a simbologia a ela circunscrita.
 
Esse post compõe uma série chamada "Olhar Acadêmico". Trata-se de observações sobre trabalhos acadêmicos na forma de artigos, dissertações, teses ou livros relacionados direta ou indiretamente ao campo de cultura e consumo. 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

3 anos e 35.000 visitas

O blog Cultura e Consumo completa hoje três anos de seu lançamento. Nesse período recebeu 35.358 visitas e teve 51.448 page views. Obrigado a todos aqueles que têm passado por aqui de vez em quando e feito uma visita ao blog, acompanhando os posts nele publicados. Continuem sendo bem-vindos! 

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A universidade chega às novelas

As novelas são importantes produtos para consumo e para entretenimento geral na América Latina. Nosso continente é especializado nesse tipo de produção. O Brasil e o México, particularmente, produzem muitas novelas.
 
A audiência da televisão por sinal aberto no chamado horário nobre, o das novelas, no entanto, tem caído sistematicamente no Brasil nos últimos anos. Possivelmente a internet e a TV a cabo, bem como o uso de vídeo games, têm contribuído para isso. Em que pesem a concorrência e a queda de audiência, o fato é que a novela continua sendo um forte produto de entretenimento. Não é a toa que a novela Avenida Brasil, exibida pela Rede Globo no ano passado, virou objeto de debate na mídia de difusão.
 
Críticos do gênero debruçaram-se sobre Avenida Brasil e procuraram entender as razões da sua audiência e explorar seus significados. Houve quem visse de tudo em Avenida Brasil: o caráter do país, as famílias de classe média, o mundo suburbano, a violência, a maldade, a ambição, a vingança, a inveja, o amor (em várias de suas formas), o ódio (em vários de seus modos), o futebol, a celebridade instantânea, e até a poligamia – curiosamente aceita pela audiência e praticamente não abordada de frente pela crítica.
 
As novelas são sempre construídas em torno daquilo que os autores e críticos chamam de núcleos. De uma maneira ou de outra, esses núcleos, compostos por personagens típicos, e que podemos entender como grupos de referência, tendem a se repetir ao longo de diferentes novelas. Uma mudança, contudo, tem despertado a atenção. Tal mudança diz respeito à introdução – ou maior presença – de núcleos e personagens relativos à vida universitária.
 
Nesse sentido, as novelas parecem sinalizar que o Brasil deseja ser um país que tem interesse pelo ensino de nível superior. Parecem, também, refletir a larga expansão do ensino superior ocorrida no país nos últimos anos sob os auspícios de toda a sorte de ação do Governo Federal.
 
Na novela “A Vida da Gente”, por exemplo, exibida pela Rede Globo em 2012 no horário das 18 horas, o médico Lúcio (Thiago Lacerda) inscreve-se para fazer um pós-doutorado. Já em “Fina Estampa”, novela das 21 horas, também exibida pela Rede Globo, e que antecedeu Avenida Brasil, não há apenas um personagem, mas vários vinculados à vida universitária. O maior número deles gravita em torno de uma faculdade de medicina onde há o professor e pesquisador Alexandre Lopes (Rodrigo Hilbert) que trabalha com neurologia, e os estudantes de medicina Patricia Velmont (Adriana Birolli), José Antenor da Silva Pereira (Caio Castro) e Daniel (Guilherme Boury). Além deles, porém não vinculada à área de medicina, há a professora de literatura Letícia Fernandes Prado (Tania Khallil). É raro um caso como esse, ou seja, uma novela com tantos personagens em cenas no cotidiano universitário.
 
A universidade tem servido apenas como pano de fundo para o desenvolvimento dos enredos das novelas. Não obstante, é importante observar como ocorre a presença de núcleos com vida universitária nas novelas, especialmente pelo que representam em termos de ocupação de espaço na vida social e por sua agência no que se refere à estrutura de consumo.
 
Referências Conexas
 
Adorno, T. W. (2002). Indústria cultural e sociedade. São Paulo: Paz e Terra.
 
Bourdieu, P. (1998). On television. New York: New Press.
 
Hamburger, E. (2005). O Brasil antenado – a sociedade da novela. Rio de Janeiro: Zahar.
 
Merton, R. K. (1968). Social theory and social structure. New York: Free Press.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Consumindo índices e previsões


Novo. Ano novo. Vida nova. Pouca gente gosta de imaginar que o tempo passa e tudo está como antes. A ideia de evolução permeia o cotidiano. Espera-se que as coisas mudem. A percepção da mudança está, indubitavelmente, atrelada ao olhar retrospectivo. Sob esse aspecto é comum o consumo de índices nessa época do ano. Índices relativos ao que passou. Índices que indicam performances. Índices para comparação. Índices para alimentar previsões acerca do que virá. Previsões de quase tudo. Desde previsões sobre os signos do zodíaco e felicidade pessoal a previsões sobre economia, política, e o futuro da humanidade. Trata-se o mundo – e a vida – como um quebra-cabeça ora simbólico, ora material: juntando pedaços para tentar antever o futuro.

Esse post compõe uma série chamada "Dropes". Trata-se de rápidas observações baseadas em fragmentos do dia-a-dia.