domingo, 25 de novembro de 2012

Degustação de uísque

É bastante comum associar bebidas a um país e vice-versa. Os ingredientes que nelas são usados, o modo de preparo e como são servidas, entre outros aspectos, ajudam muito a entender os hábitos, valores e códigos culturais de uma determinada região geográfica. O uísque, considerado símbolo nacional da Escócia, é uma das bebidas que se tornaram referência de um povo e de um lugar.
 
Encontrado atualmente em todo o mundo, o uísque é motivo de orgulho para o escocês, que procura oportunidades de tentar diferenciá-lo e mostrar o quão especial é a produção da bebida em suas terras de origem. A degustação pública, no âmbito de restaurantes, é um expediente usado nesse sentido, especialmente por parte de pequenos produtores locais e regionais.
 
Obs.: a foto acima é de uma degustação de uísque no Restaurante Horsemill, Castelo Crathes, cidade de Banchory, Escócia.
 
Esse post compõe uma série chamada "Nota de Viagem". Trata-se de observações realizadas durante viagens.

domingo, 4 de novembro de 2012

Entre sombras e cortinas

Tão próximos, mas tão distantes. Assim são os moradores dos inúmeros prédios residenciais existentes nas cidades. Eles experimentam a condição de ter do outro lado da parede ou do outro lado da rua pessoas que não passam de meros estranhos.
 
Cada vez mais construídos com menor distância entre um e outro, os edifícios são responsáveis por boa parte das dimensões materiais do espaço social. Concepções de produtos e estruturas de consumo, bem como hábitos de convivência no cotidiano derivam diretamente da configuração desses imóveis.
 
A princípio construídos apenas nos centros das cidades, hoje os edifícios adentram áreas de bairros residenciais e do entorno das cidades. Refletem o crescimento econômico, mas também indicam uma escolha por um determinado modelo de ocupação do espaço urbano.
 
O total do financiamento imobiliário em todo o país até o mês de outubro foi de R$ 80,2 bilhões. Segundo a Caixa Econômica Federal esse valor supera em 32,6% o valor concedido em período semelhante do ano passado. O efeito multiplicador desse volume de recursos para a economia é algo fenomenal, mas não há como obscurecer o caráter predatório da construção civil e a especulação de terrenos em áreas urbanas e na definição de tamanhos e formatos de imóveis.
 
A ocupação do espaço urbano por meio dos edifícios tem feito com que cada vez mais estejamos vivendo fisicamente perto uns dos outros. Trata-se apenas de uma proximidade disfarçada. A rigor, essa forma de produção da vida social revela claramente que vivemos de modo alheio uns aos outros. Uma vida entre sombras e cortinas.
 
Referências Conexas
 
Berker, T. (2011). Domesticating spaces: sociotechnical studies and the built environment. Space and Culture, 14(3), p. 259-268.
 
Low, S. M.; & Lawrence-Zúñiga, D. (2003). The anthropology of space and place: locating culture. Oxford: Blackwell Publishers.
 
McCarthy, C. (2005). Toward a definition of interiority. Space and Culture, 8(2), p. 112-125.
 
Shadar, H.; Orr, Z.; & Maizel, Y. (2011). Contested homes: professionalism, hegemony, and architecture in times of change. Space and Culture, 14(3), p. 269-290.