sábado, 24 de julho de 2010

Bolsas de estudo na pós-graduação e remuneração em atividade profissional

No último dia 16 de julho, foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) a Portaria Conjunta Nº 1, relativa ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, que dispõe, em seu Artigo 1º, que “Os bolsistas da CAPES e do CNPq matriculados em programa de pós-graduação no país poderão receber complementação financeira, proveniente de outras fontes, desde que se dediquem a atividades relacionadas à sua área de atuação e de interesse para sua formação acadêmica, científica e tecnológica”. Esse post discute rapidamente o consumo dessa Portaria, relacionando-o à área de administração, em geral, e à área de marketing, em particular.

A publicação dessa Portaria, nesse momento, gera curiosidade porque, entre outras questões, estamos em período eleitoral para os cargos de presidente da república, governador de estado, senador e deputados federais e estaduais. De algum modo, parece que o governo do presidente Lula conseguiu desenvolver uma aproximação para com o mundo acadêmico maior do que aquela conseguida pelo seu antecessor, o presidente Fernando Henrique Cardoso, que paradoxalmente tem a sua origem profissional e militância política relacionadas à universidade enquanto universo institucional. A curiosidade, no entanto, pode ser expressada pela seguinte pergunta: a quem interessa a remuneração por meio de atividades profissionais a bolsistas da CAPES e do CNPq? É possível que interesse ao governo federal, por supostamente qualificar de modo mais rápido pós-graduandos das chamadas áreas duras e engenharias, cuja formação tem sido demandada pelo governo federal visando colocar o país em outro patamar de desenvolvimento tecnológico. Um outro interesse é possível vislumbrar sem muita margem de erro: tal remuneração interessa ao próprio pós-graduando.

No que tange ao segundo interesse, especificamente, a Portaria desperta a atenção por sugerir o consumo da ideia de que é possível estar matriculado em um curso de pós-graduação stricto sensu – assumindo todos os encargos decorrentes dessa ação – , e ao mesmo tempo desenvolver atividades profissionais relacionadas à área de atuação e formação acadêmicas. O consumo dessa ideia resgata e coloca em perspectiva uma enorme teia de questões ainda não resolvidas dentro do sistema de distribuição de bolsas na pós-graduação de um modo geral, em todo o país, e também coloca em perspectiva eventuais assimetrias dos próprios programas de pós-graduação, individualmente.

Logo de saída, a distribuição de bolsas traz em si o dilema de se adotar critérios de desempenho ou critérios sócio-econômicos. Alguns alunos não atendem os critérios sócio-econômicos, que via de regra prevalecem nos diferentes programas, mas têm desempenho superior àqueles que atendem tais critérios e, portanto, sentem-se injustiçados por não desfrutarem de bolsas. Esse sentimento é ainda mais forte entre alunos que não possuem bolsa, exercem atividades profissionais fora do curso de pós-graduação e ainda conseguem desempenho superior àqueles que são bolsistas.

Seria bom avaliar, sim, o aluno também pelo seu desempenho. Antes, porém, é preciso criar condições para que esse aluno tenha possibilidade efetiva de ter bom desempenho. Caso contrário, trataremos de forma igual os desiguais. Como o desempenho do aluno não é resultado de um único fator, ou seja, o fator individual, outras diferentes questões e aspectos, a exemplo não só de condição sócio-econômica, mas também de infra-estrutura e clima organizacional dos programas de pós-graduação, precisariam ser contemplados na análise.

Os critérios sócio-econômicos servem como uma diretriz, mas a bolsa também é vista como um prêmio para o aluno que se dedica em tempo integral e está integrado ao programa de pós-graduação. Infelizmente, contudo, isso não impede que ela possa ser usada politicamente dentro dos programas, seja para distribuição a alunos já conhecidos, por meio de efeito endógeno, seja para distribuição a alunos que são orientados por professores que estão mais próximos ao centro de poder dos programas, por meio de órgãos colegiados ou coordenações.

Apontar limites e encontrar problemas no sistema é sempre mais simples do que encontrar soluções efetivas para o mesmo e, mais que isso, conseguir implantá-las. Aparentemente, todos concordam que a distribuição de bolsas para alunos de pós-graduação não é exatamente uma tarefa considerada fácil nos programas de pós-graduação.

Posto isso, algumas breves considerações adicionais são aqui feitas. A primeira delas é que a exceção não faz a regra. Há alunos de pós-graduação na área de administração, que são, de fato, bastante produtivos, considerando-se o que se convencionou chamar como produtivo em termos de pontuação para o sistema Qualis da CAPES. Todavia, se os alunos publicam não é porque o fazem de forma natural, e sim porque o sistema os induz. Isso se dá, por exemplo, tanto por meio dos professores das disciplinas dos cursos, quanto por meio dos orientadores de teses e dissertações nesses cursos. No primeiro caso, solicitam papers ao final das disciplinas como forma de avaliação e também de oportunidade para o exercício acadêmico de síntese e problematização de conteúdos. No segundo caso, porque, no processo de orientação e interação com seus orientandos, avaliam como salutar a redação de papers oriundos das teses e dissertações, seja como uma forma de amadurecer o trabalho de pesquisa, seja como modo de ampliar a capacitação dos seus orientandos. Evidentemente, professores e orientadores se beneficiam com esse processo, especialmente devido ao exercício da co-autoria nos papers publicados. Não obstante, é preciso lembrar que isso decorre de orientações oriundas das coordenações dos programas de pós-graduação, as quais, em última instância, atendem à demanda das agências de fomento e avaliação. Afinal, os programas precisam ser avaliados e as próprias agências atribuem peso importante à interação entre alunos e professores no processo de publicação de papers. Apenas para pontuar, é importante lembrar que essa discussão se desdobra em torno de argumentos bastante eloqüentes de que parte substancial da publicação brasileira em administração, inclusive dos papers aqui mencionados, pouco acrescenta e apenas repete sinais e modelos antes publicados no hemisfério norte.

Um das faces do problema é que as agências brasileiras se espelham no que está fora. A área de administração, por sua vez, espelha-se nas chamadas áreas duras, que têm outra realidade quanto aos seus objetos de estudo e outra dinâmica quanto à publicação dos seus resultados de pesquisa, estando, ademais, à frente da área de administração. Faz-se referência aqui à condição de que estão à frente da administração em geral, pois a área de marketing, em particular, muitas vezes é vista com reservas pela chamada academia no Brasil. Para tanto, basta observar, por exemplo, a distância que existe entre a área de organizações e a área de marketing no Brasil. Isso, sem mencionar a diferença do nível de inserção nas agências de fomento e avaliação, capacidade de articulação política ou defesa dos interesses e criação de estrutura de trabalho e veículos de publicação na, da e para a área.

Aparentemente, é muito raro se fazer doutorado no hemisfério norte e trabalhar ao mesmo tempo. Simplesmente, o modelo é outro. Para os praticantes, para quem está inserido no mercado, existem outras modalidades de curso. Isso deveria ser levado em consideração pelas agências quando resolvem, por exemplo, copiar de modo oblíquo exigências relacionadas à produção acadêmica.

Na década de 1980 e até início da década de 1990, muitas dissertações em administração, em geral, eram verdadeiras teses de doutorado. É simples verificar isso: basta cotejar uma dissertação produzida naqueles anos com uma tese de doutorado produzida nos anos 2000. Certamente haverá mais semelhanças que diferenças.

Se, em nível de doutorado, é possível estudar e trabalhar ao mesmo tempo, há alguma coisa errada com a qualidade do curso, com a qualidade da tese de doutorado ou com a qualidade do trabalho desenvolvido profissionalmente.

Referências Conexas

FARIA, Alexandre de A. Crítica e cultura em marketing: repensando a disciplina. Cadernos EBAPE.BR, v. 4, n. 3, p. 1-16, 2006.

MELLO, Cristiane M. de; CRUBELLATE, João M.; ROSSONI, Luciano. Dinâmica de relacionamento e prováveis respostas estratégicas de programas brasileiros de pós-graduação em Administração à avaliação da CAPES: proposições institucionais a partir da análise de redes de co-autorias. Revista de Administração Contemporânea, v. 14, n. 3, p. 434-457, 2010.

VELLOSO, Jacques. Mestres e doutores no país: destinos profissionais e políticas de pós-graduação. Cadernos de Pesquisa, v. 34, n. 123, p. 583-611, 2004.

VIEIRA, Francisco G. D. Panorama acadêmico-científico e temáticas de marketing no Brasil. In: XXIV ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO (2000: Florianópolis). Anais ... Marketing. Rio de Janeiro: ANPAD, 2000. (Versão integral em CD-ROM do Evento)

VIEIRA, Francisco G. D. Latindo atrás do Lattes, Revista Espaço Acadêmico, v. 7, n. 73, junho/2007. (revista eletrônica: http://www.espacoacademico.com.br/073/73vieira.htm)

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Fiesta para eles primeiro, depois para os outros

Há várias décadas, a indústria automobilística adota o procedimento de lançar os novos modelos de seus carros de forma diferenciada. Alguns modelos são lançados de forma simultânea e mundial, mesmo que sob marcas diferentes pertencentes a uma mesma empresa. Outros modelos são lançados primeiro na Europa, América do Norte, Ásia ou Oceania, para só depois lançá-los na América do Sul, América Central ou na África. Esse é o caso do Fiesta, veículo produzido pela Ford. Ele é comercializado na Europa em uma versão ou modelo mais recente que aquele hoje encontrado no mercado brasileiro. A lógica de mercado que orienta as ações da indústria automobilística certamente não é a mesma que orienta as expectativas de consumo dos usuários dos seus veículos.

Esse post compõe uma série chamada “Nota de Viagem”. Trata-se de um conjunto de pequenas observações realizadas durante viagens.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O falso rigor inglês

Durante anos, talvez décadas ou mesmo séculos, a Inglaterra construiu uma imagem de rigor, pontualidade e precisão perante a opinião pública mundial. Tal imagem tornou-se admirada de diferentes maneiras e se constituiu em uma das referências da cultura inglesa. No ocidente, talvez ela tenha rivalizado apenas com as culturas germânica e, possivelmente, a suíça – que ademais, tem muito em comum.

A imagem de tal rigor, contudo, não encontra sustentação em fatos ocorridos na última década. O envolvimento inglês na guerra do Iraque e a morte de Jean Charles de Menezes decorrente de ação empreendida pela polícia londrina na estação de Stockwell do metrô de Londres, são exemplos claros dessa situação. No primeiro caso, o primeiro-ministro Tony Blair nunca conseguiu justificar o envolvimento da Inglaterra na referida guerra. Já no segundo caso, e até o dia de hoje, quando são completados cinco anos da morte de Jean Charles, nenhum dos envolvidos foi responsabilizado criminalmente perante a justiça inglesa.

Os eventos de 11 de setembro de 2001, e outros que deles foram decorrentes, funcionaram como vetores para a mudança de hábitos, valores e padrões de ação de estados nacionais. Os fatos acima mencionados até podem ser traduzidos como desdobramentos desses eventos. Mas não é só isso.

Fenômenos sociais certamente promovem mudanças culturais individuais e institucionais. Não obstante, o que ocorreu e, pior, ainda tem ocorrido em torno da morte de Jean Charles, é meramente uma tentativa de gerenciamento de impressões de um rigor inglês que é coisa do passado.

Referências Conexas

CHOSSUDOVSKY, Michel. Guerra e globalização: antes e depois de 11 de setembro de 2001. São Paulo: Expressão Popular, 2004.

FIRAT, Fuat; VENKATESH, Alladi. Liberatory postmodernism and the reenchantment of consumption. Journal of Consumer Research, v. 22, n. 3, p. 239-267, 1995.

MENDONÇA, J. Ricardo C. de; AMANTINO-DE-ANDRADE, Jackeline. Gerenciamento de impressões: em busca da legitimidade organizacional. Revista de Administração de Empresas, v. 43, n. 1, p. 36-48, 2003.

REINER, Robert. A política da polícia. São Paulo: Editora da USP, 2004.

SCOTT, W. Richard. Unpacking institutional arguments. In: POWELL, Walter; DiMAGGIO, Paul (Ed.). The new institutionalism in organizational analysis. Chigaco: University of Chigaco Press, 1991. p.164-82.

VAUGHAN-WILLIAMS, Nick. The shooting of Jean Charles de Menezes: new border politics? Alternatives: Global, Local, Political, v. 32, n. 2, p. 177-195, 2007.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Para a boca e para os olhos

A cultura da jardinagem, bastante difundida entre os ingleses, é levada por meio de várias possibilidades para as relações de consumo. É o caso, por exemplo, de uma simples estrutura de varejo como uma padaria, que pode ser transformada em um espaço que traz prazer para diferentes sentidos do corpo.

Obs.: a foto acima é da “The Apple Pie, Cafe & Bakery”, Rydal Road, Ambleside, Inglaterra.

Esse post compõe uma série chamada “Nota de Viagem”. Trata-se de um conjunto de pequenas observações realizadas durante viagens.

terça-feira, 20 de julho de 2010

A moda no corpo e o corpo na moda

O corpo deixou de ser somente o corpo há muitos e muitos anos. Nunca o corpo foi tanto uma forma de expressão e definição de identidade como nos últimos anos. O movimento em torno da aeróbica e das academias de ginástica que se popularizou no Brasil nos anos 1980 foi apenas o início daquilo que a realidade brasileira dos trópicos seria capaz de absorver, produzir e reproduzir culturalmente. O sentido de despojamento e de deixa estar do movimento hippie e da geração do final dos anos 1960 e início dos anos 1970, preocupadas mais com os rumos da sociedade e da política, estão demasiadamente longe e seus sons praticamente não produzem mais nenhum eco nos dias atuais.

A linguagem estética atual inclui o corpo e as diferentes possibilidades de expressão por meio dele. Gravar imagens, redefinindo e reconstruindo uma estética corporal de forma quase que ilimitada a partir de uma escrita própria ou que repete uma definição anterior forjada em laboratórios e salas de designers da indústria da moda parece ser uma tendência crescente. Além das tatuagens, as novas e mais recentes possibilidades de gravação de imagens no corpo incluem o bronzeamento por meio de formas vazadas em biquínis ou maiôs. O próximo verão promete.

Referências Conexas

ARAUJO, Leusa. Tatuagem, piercing, e outras mensagens do corpo. São Paulo: Cosac Naify, 2006.

MIGUELES, Carmen. Antropologia do consumo: casos brasileiros. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007.

SANDERS, Clinton R.; VAIL, D. Angus. Customizing the body: the art and culture of tattoing. Philadelphia: Temple University Press, 2008.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Estão todos bem

Originalmente “Stanno Tutti Bene”, fruto de um produção franco-italiana de 1990, estrelada por Marcello Mastroianni e dirigido por Giuseppe Tornatore, “Estão Todos Bem”, refilmagem com produção estadounidense de 2009, dirigido por Kirk Jones e estrelado por Robert De Niro, é um filme que aborda mais do que simplesmente os limites da relação entre um pai e seus filhos, a qual era fundamentalmente intermediada por uma esposa (no caso a mãe) que faleceu. Em que pese a sua perspectiva ser definida a partir da sociedade estadounidense, o que poderia implicar em um estereótipo, o filme trata dos papéis e identidades que os indivíduos constroem para e em suas vidas como decorrência das relações, valores, espaços físicos e sistemas sociais em que estão inseridos. A construção de representações perante a expectativa do outro também é enfocada, e não tem a mínima relação com um possível sentido de alteridade, restringe-se aos limites das relações familiares. De forma menos explícita, porém, trata dos significados que são tecidos e que tanto aproximam quanto afastam os indivíduos em suas relações pessoais, familiares ou não.

Esse post compõe uma série chamada “Filme”. Trata-se de sugestões de filmes.

domingo, 18 de julho de 2010

Café para um futuro sustentável

Os copos do café servido nos trens da Virgin, companhia inglesa que opera em inúmeros setores, inclusive o de trens, serve a dois propósitos: um de acondicionar o café a ser bebido e o outro de posicionar o produto junto aos usuários do serviço da companhia. O posicionamento se dá por meio da exibição de uma logomarca de fairtrade impressa de forma vistosa no copo, junto a qual se lê a informação da existência de melhores acordos de compra e venda para os produtores do café. Tais produtores, no caso, são colombianos e enquadram-se naquilo que nos anos 1950 convencionou-se chamar de terceiro mundo. O que mais desperta a atenção, contudo, não é o apelo de fairtrade contido na embalagem do café, e que é chancelado pela Fairtrade Foundation, uma Organização Não-Governamental do Reino Unido, mas sim a sugestão de que o consumo daquele café, em específico, representa a chance de um futuro sustentável!

Esse post compõe uma série chamada “Nota de Viagem”. Trata-se de um conjunto de pequenas observações realizadas durante viagens.

sábado, 17 de julho de 2010

Brincos no futebol, inclusive do Maradona

Os primeiros relatos do uso de brincos remontam à Pérsia e à Grécia antigas. De forma mais próxima à experiência brasileira, a observação do uso de brincos como simples peça de adorno corporal ou portadora de significados ocorreu em relação aos índios sul-americanos e aos povos africanos, em que pese o fato de que piratas que navegavam na nossa costa também fizessem uso dos mesmos.

Na sociedade ocidental contemporânea, o uso cotidiano de brincos entre homens se tornou popular a partir dos anos 1980, particularmente devido ao seu uso por artistas e atletas de alta performance. De lá para cá, a indústria apenas ampliou a oportunidade de exploração do uso (e da venda) de brincos. A própria indústria cultural, em suas diversas frentes, incluindo talvez aquela que hoje é a mais popular delas, a televisão, tratou não só de apropriar como legitimar o uso dos brincos aos seus ícones e personagens. O resultado é que aquilo que antes era rústico, selvagem até, tornou-se algo fashion e objeto de desejo. Desde garotos até senhores da chamada melhor idade usam brincos.

Os jogadores de futebol, entretanto, parecem ter especial predileção pelo uso de brincos. Se observamos, por exemplo, a jovem geração de futebol do Santos Futebol Clube, que foi campeão paulista esse ano, veremos que suas principais estrelas, digamos assim, usam brincos do tipo que não deixam dúvida quanto à possibilidade de serem vistos. Essa parece ser uma lógica que orienta o processo de formação da personalidade pública do jogador de futebol em direção à fama.

Uma situação curiosa com relação ao uso de brincos por jogadores de futebol aconteceu com o Maradona. Ao desembarcar na Itália em setembro do ano passado, os brincos que ele usava foram confiscados devido a enorme dívida que possui junto ao fisco italiano por sonegação de impostos à época em que ele jogava no Napoli, clube de futebol do sul da Itália. O fisco italiano conseguiu arrecadar 25 mil Euros após realizar um leilão dos brincos, o que representou uma quantia insignificante tendo em vista o montante de mais de 35 milhões de Euros estimados para a dívida.

A despeito do confisco dos brincos e do forte debate que tem havido nos últimos dias na imprensa brasileira sobre formação profissional e preparo psicológico dos jogadores de futebol para lidarem com a fama e a fortuna que dela decorre, a indústria da moda e o mercado de luxo se empenharão para que jogadores e ex-jogadores não deixem de usar brincos. Que o diga Maradona, uma das estrelas da última copa do mundo de futebol!

Referências Conexas

DUBOIS, Bernard; DUQUESNE, Patrick. The market for luxury goods: income versus culture. European Journal of Marketing, vol. 27, n. 1, p. 35-44, 1993.

ERNER, Guillaume. Vítimas da moda? Como criamos, por que a seguimos. São Paulo: SENAC, 2005.

HELAL, Ronaldo. Passes e impasses: futebol e cultura de massa no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1997.

MASCETTI, Daniela; TRIOSSI, Amanda. Earrings: from antiquity to the present. London: Thames & Hudson, 1999.

ROOK, Dennis W. The ritual dimension of consumer behavior. Journal of Consumer Research, v.12, n. 3, p. 251-264, 1985.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Consumindo a seleção no aeroporto


Foi-se o tempo em que se frequentava aeroporto com vestimenta sofisticada e luxuosa. Nos últimos tempos, aeroporto é apenas mais um lugar por onde se transita. As viagens de avião se tornaram mais comuns e as companhias aéreas, tendo em vista o aumento de seus lucros, entre outras coisas, simplificaram suas operações, especialmente no que se refere à relação com os consumidores. Como um dos desdobramentos desse novo contexto nos aeroportos, é comum encontrar passageiros de forma bem descontraída, usando bermudas, shorts, tênis, chinelos ou camisetas, como se estivessem transitando à vontade na praia, em um parque ou em suas próprias residências. Em dias de copa do mundo de futebol, esse fenômeno inclui o uso de indumentárias da seleção brasileira de futebol, especialmente por turistas estrangeiros, os quais, de modo não muito diferente de boa parte dos brasileiros, são hipnotizados pelas ações de mercado em torno da seleção. Para garotas estadounidenses, contudo, e que tem verdadeira paixão por futebol, comprar e vestir a camisa da seleção brasileira é motivo de pompa e galhardia para desfile no aeroporto.

Esse post compõe uma série chamada “Nota de Viagem”. Trata-se de um conjunto de pequenas observações realizadas durante viagens.

terça-feira, 6 de julho de 2010

A Telefônica não funciona

A Telefônica tem enorme inserção na vida dos paulistas e paulistanos, em especial. Ela provê serviços de telefonia e acesso à Internet no Aeroporto Internacional de Guarulhos, mas de um jeito muito estranho. Há um número limitado de senhas por dia à disposição de consumidores que precisem usar os seus serviços de Internet no aeroporto no modo wireless. Assim, uma vez que aquele determinado número de senhas tenha se encerrado, não é mais possível acessar a Internet no modo wi-fi. Em alguns dias, como em 25 de junho de 2010, as senhas acabaram antes das 19 horas. Um brasileiro pode administrar algo assim mais facilmente. O duro é um estrangeiro experimentar essa situação.

Esse post compõe uma série chamada “Nota de Viagem”. Trata-se de um conjunto de pequenas observações realizadas durante viagens.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Declaração de saída de bens

 
A Receita Federal exige que se faça declaração de saída temporária de bens do país. A declaração é apenas para a saída de produtos importados, mas não para todos eles, como, por exemplo, câmeras fotográficas com menos de 12 megapixels. Caso o brasileiro vá viajar ao exterior e estiver portando algo que não é produzido no Brasil, especialmente aparelhos eletrônicos como filmadoras, câmeras ou notebooks, entre outros, deverá declarar para não ter problemas no seu retorno ao Brasil. É preciso preencher um formulário que só é disponibilizado no momento da saída. Esse serviço, que no Aeroporto Internacional de Guarulhos é prestado no subsolo da Asa D, normalmente tem um único funcionário da Receita Federal. O trabalho de organização da fila, triagem, segurança e entrega do formulário para preenchimento é feito por funcionários terceirizados.

Esse post compõe uma série chamada “Nota de Viagem”. Trata-se de um conjunto de pequenas observações realizadas durante viagens.