quarta-feira, 24 de agosto de 2016

A imprensa e as olimpíadas



Segunda-feira de manhã cedo acessei o website de alguns dos principais jornais brasileiros que possuem edição impressa. Tive a intenção de ler o que reportavam sobre os Jogos Olímpicos do Rio 2016, que se encerraram no dia anterior. Fiz uma verdadeira viagem virtual de norte a sul e de leste a oeste do país, como se estivesse adentrando redações com diferentes sotaques. Pude perceber, em linhas gerais, o quanto trataram os Jogos de modo quase uníssono: elogios à cerimônia de encerramento e críticas aos gastos com a realização dos eventos - essas últimas puderam ser vistas particularmente nos jornais de São Paulo. 

Olhando retrospectivamente, desde 2009 - quando foi feito o anúncio da realização dos Jogos no Rio de Janeiro - até a segunda-feira passada, fiquei com o sentimento de que a imprensa passou por três estágios em relação às Olimpíadas: (i) dúvida, (ii) admiração, e (iii) crítica. Pareceu-me uma espécie de déjà vu do tratamento dado à Copa do Mundo da FIFA, aqui ocorrida em 2014. Grosso modo, a imprensa se tornou previsível!

Referências Conexas

Adorno, T. W. (2009). Indústria cultural e sociedade. São Paulo: Paz e Terra.

Almeida, A. C. (2007). A cabeça do brasileiro. Rio de Janeiro: Record.

Schüler, F., & Axt. G. (orgs.) (2005). 4x Brasil: itinerários da cultura brasileira. Porto Alegre: Artes e Ofícios.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Justiça (Minissérie da Globo)

- A justiça é mais cega do que a paixão?

- Fazer silêncio é fazer justiça?

 - Falta de justiça tem cura?

- Existe justiça na vingança?


Essas perguntas são feitas no trailer (veja acima) de Justiça, nova minissérie da Globo. O trailer é muito bem feito e sinaliza uma minissérie com roteiro inusitado. A Globo parece ter lembrado que o Brasil é mais do que São Paulo e Rio de Janeiro e ambienta a minissérie na cidade de Recife. Segundo a sinopse divulgada pela emissora, são quatro histórias paralelas com quatro protagonistas diferentes, um para cada dia da semana em que a minissérie será exibida (segunda, terça, quinta e sexta - quarta é dia de futebol na emissora). As histórias se cruzarão no encontro entre os personagens em uma delegacia. De algum modo a proposta narrativa da minissérie lembra a estratégia usada no roteiro de Crash - No Limite, filme de Paul Haggis que venceu o Oscar no ano de 2006 em três categorias: filme, roteiro original e edição. Se a minissérie será realmente boa, só a sua exibição irá revelar. As minisséries tendem a ser bons trabalhos, desde que se desenvolvam como obras fechadas e não caiam na tentação de fazer concessões para aumentar a audiência - o que, diga-se de passagem, é algo raro. 

domingo, 8 de maio de 2016

Consumo de Moda [12º. Colóquio de Moda]



O 12º. Colóquio de Moda será realizado em João Pessoa, de 11 a 14 de setembro de 2016. Destaque especial para a discussão sobre Consumo de Moda realizada no GT 2, coordenado pelas por Ana Paula de Miranda (UFPE) e Olga Maria Coutinho Pépece (UEM). 

O GT de Consumo de Moda "(...) propõe a discussão de estudos que reflitam a pesquisa sobre consumo de moda. O objetivo é analisar as relações de consumo de moda quer sejam estas entre pessoas ou entre pessoas e objetos, com ênfase na compreensão das comunidades de consumo, e o estudo de estratégias, sobretudo de marcas, como recursos de construção de significados entre empresas e sociedade. Incluem-se aqui estudos que utilizem metodologias qualitativas e/ou quantitativas com foco tanto no consumidor final (processos intraindividuais, interpessoais e sociais do consumo) bem como, o comportamento do comprador organizacional." 

Os trabalhos para o GT poderão ser submetidos até o dia 30 de maio. Maiores informações podem ser encontradas no website do evento clicando aqui.

domingo, 27 de março de 2016

RIMAR, v. 5, n.2, Jul./Dez. 2015



O número mais recente da RIMAR - Revista Interdisciplinar de Marketing já está disponível para leitura. Trata-se do n.2, v.5, jul./dez. 2015. Os textos dessa edição são os seguintes:
Editorial
- Estudos Sobre Consumo e Marketing
por Francisco Giovanni David Vieira
Artigos
- O Gosto do Consumidor: Reflexão Teórica e Conceptualização
por Renato Renato Hübner Barcelos
- Reflexões Sobre Consumo, Identidade e Masculinidade em um Bairro Carioca
por Fávia Cupolillo e Eduardo Ayrosa
- Mulheres Ricas: Distinção e Subjetivação nas Práticas de Consumo da Classe A
por Louise Henkes e Marlon Dalmoro
- Consumer Culture Theory (CCT) no Contexto das Experiências de Consumo de Serviços: Em Busca de Uma Agenda de Pesquisas
por Marcelo Pinto, Rodrigo Freitas, Sara resende e Adriano Joaquim
- Reflexões Sobre as Perspectivas de Contribuição da Semiótica Francesa Para os estudos de Marketing e Branding
por Luís Pessôa, Viviane Sant'Ana e Flávia Mello
Confira a edição por meio desse link:http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/rimar/index

quarta-feira, 23 de março de 2016

Redução de embalagens em tempos de Páscoa



Se você pensou que ao comprar um ovo de Páscoa da Nestlé, Garoto ou Lacta, estava comprando algo semelhante ao que havia comprado no ano passado, enganou-se. Segundo o Procon da cidade de Porto Alegre - RS, essas empresas reduziram entre 10% e 15% o peso dos ovos que comercializam, sem, entretanto, reduzirem de modo proporcional os preços de venda dos produtos. Mais que isso, sequer comunicaram aos consumidores a redução do peso, como determina a legislação vigente. Não é a primeira vez que ocorre a redução no peso de chocolates oferecidos por essas empresas sem que comuniquem tal feito. Elas são reincidentes. Infelizmente, pouco ou quase nada parece acontecer para evitar que adotem tal prática. 

Referências Conexas

Vieira, F. G. D., Crubellate, J. M., Silva, I. G., & Silva, W. R. (2002). Silêncio e omissão: aspectos da cultura brasileira nas organizações. RAE-eletrônica, v. 1, n. 1, p. 1-11.

Vieira, F. G. D. (2003). A soberania do consumidor como um mito perante situações de redução de embalagens no mercado brasileiro. Anais do Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, Atibaia, SP, Brasil, 27.

quarta-feira, 16 de março de 2016

Tente ler as instruções



Primeiro remova a tampa
depois retire o papel com as instruções
e em seguida tente lê-las.
Mas tente com vontade e seja persistente.
Para a indústria, consumidores de garrafas térmicas têm visão de super-herói !

domingo, 13 de março de 2016

Maria Gazoza



Outro dia eu estava andando pelos corredores de um shopping center e me deparei com um ponto de vendas moldado em uma carcaça de uma kombi. Aquilo despertou a minha atenção e terminei por me encaminhar até o local que, de perto, pareceu funcionar como uma espécie de quiosque. Ao aproximar-me percebi o nome Maria Gazoza inscrito onde normalmente seria encontrada a logomarca da Volkswagen - fabricante da kombi - e indaguei sobre o que era ali vendido. Fui informado - e vi - que se tratava, sobretudo, da venda de capas e acessórios para aparelhos de telefonia celular e tablets, com motivos e estampas bem coloridas, especialmente voltadas para consumidores jovens.

Após ser atendido, agradeci a atenção e voltei a caminhar pelo shopping. Enquanto caminhava fiquei a pensar no quão curioso era o que eu acabara de ver. Pensei sobre como são criados alguns símbolos - leia-se marcas - para consumo. Maria Gazoza quer ser moderna, tecnológica e voltada para a Geração Z ao oferecer capas e acessórios para celulares e tablets. No entanto, carro não é celular ou tablet, e a kombi é um automóvel lançado em 1950, cerca de 40 anos antes do início da Geração Z.

Como se não bastasse, Maria Gazoza remete à "maria gasolina", uma alcunha cujo significado está próximo de algo como "uma mulher que só quer saber de carro". Em um contexto social machista, onde o automóvel é um item de consumo associado predominantemente ao universo masculino, e cuja posse representa uma forma de empoderamento, ao contrário do que eu havia visto e ouvido, Maria Gazoza pareceu-me sugerir uma posição de subserviência para as mulheres. Que dissonância cognitiva!

Referências Conexas

Baudrillard, J. (2005). A sociedade de consumo. Lisboa: Edições 70.

Brown, S. (1993). Postmodern marketing? European Journal of Marketing, 27(4), 19-34.

Featherstone, M. (2007). Cultura de consumo e pós-modernismo. São Paulo: Studio Nobel.

Slater, D. (2002). Cultura do consumo & modernidade. São Paulo:Nobel.

Van Raaij, W. F. (1993). Postmodern consumption. Journal of Economic Psychology, 14(3), 541-563.

quarta-feira, 9 de março de 2016

E o direito à calçada?



Todos os dias consumimos
o espaço urbano,
os espaços das calçadas.
Mas em alguns dias
a indústria da construção civil
não nos permite esse direito.

Referência Conexa

Lefebvre, H. (2011) (1968). O direito à cidade. São Paulo: Centauro.

domingo, 6 de março de 2016

ACR Latin America Conference 2017




A Association for Consumer Research (ACR) promoverá uma conferência na cidade de Cali, Colômbia, de 5 a 8 de julho de 2017. Escolheram um título para a conferência que lembra a obra de Gabriel García Márquez: "From Magical Realism to Realizing Magic in the Market Place". O deadline para a submissão de papers, working papers, filmes e mesas redondas é 31 de janeiro de 2017. Maiores informações podem ser obtidas por meio do seguinte link: ACR Latin America Conference 2017.

quarta-feira, 2 de março de 2016

A mesma imagem



a quase-mesma imagem
publicada simultaneamente 
em capas de duas revistas (supostamente) diferentes
expostas próximo ao caixa de um supermercado. 
pasteurização para consumo < > consumo da pasteurização.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

60 mil visitas



Na semana passada o blog Cultura e Consumo completou 60.000 visitas e mais de 87.000 page views.

Criado com o propósito de tratar de fenômenos de cultura e consumo, hoje o blog também incorpora observações sobre estruturas e agentes de mercado.

Obrigado a todos aqueles que visitam o blog e acompanham os posts nele publicados.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Você é marqueteiro?


Folha de S. Paulo, 1ª Página, 23/02/2016

Marqueteiro remete a marreteiro, enganador, oportunista, mentiroso, falsário, entre tantas outras coisas ou significados. Para a mídia de difusão, marqueteiro é qualquer um que trabalhe com marketing, propaganda e publicidade ou vendas. Você que é profissional de marketing, gestor de marketing, publicitário, pesquisador de mercado, professor ou estudante de marketing, é marqueteiro? Sem entrar no mérito dos aspectos político e partidário contidos na manchete, que outra atividade ou campo de atuação da administração ganha a primeira página do principal jornal do país, e de forma tão negativa? Com uma manchete como essa, alguém acredita que, em algum lugar, vão tratar um profissional de marketing sem desconfiar dele em algum momento? Por que é que isso não causa incômodo e indignação? Por que é que todos parecem assistir silenciosamente o contínuo tratamento negativo que a mídia de difusão emprega aos profissionais de marketing? Já em 1999, por meio do artigo "Arte ou Ciência?", publicado na Exame, e a propósito do desconhecimento sobre marketing, o professor Carlos Rossi (UFRGS) indagou se o nosso desconforto não havia chegado próximo ao limite da tolerância. Pelo jeito não chegou. Pior: sequer é possível afirmar que há desconforto. Quase duas décadas depois, aparentemente permanecemos não só tolerantes, como também desarticulados.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Amy Winehouse: uma estrela maltratada


Como destruir um talento natural? Junte um pai desequilibrado, um marido inescrupuloso, assessores gananciosos e uma imprensa sem limites. É isso que revela o filme Amy (Amy, UK/EUA, 2015, 128 min.), dirigido por Asif Kapadia, e que concorre ao Oscar 2016 de melhor documentário. O mundo da música nunca foi linear ou previsível. A genialidade e a originalidade muitas vezes são associadas ao consumo de drogas e bebidas alcoólicas. Em um estágio ainda muito cedo, logo após atingir o estrelato, Amy Winehouse foi vinculada a essa condição: genial, porém errante - o mundo parece sempre querer a perfeição, mesmo sendo imperfeito. Em certo sentido, o documentário faz um contraponto a essa visão e mostra como Amy Winehouse vai sendo moldada aos interesses da indústria musical e do show business, bem como das pessoas que vivem em seu entorno. O preço do sucesso e de ser alçada à condição de estrela mundial é a perda da autonomia e da vontade própria. Amy Winehouse não foi a primeira e não será a última a sucumbir, ainda jovem, às práticas da indústria do entretenimento e ao seu aparato midiático. Como se pode depreender do documentário, existe uma dinâmica no show business que não é necessariamente negociável. Embora triste, trata-se de um ótimo filme para aqueles que têm interesse em cultura de consumo, pois inúmeros elementos simbólicos, comportamentais e materiais que constroem a narrativa do consumo no mundo contemporâneo estão lá, presentes, especialmente no que concerne ao universo adolescente e de jovens adultos.

Atualização em 29/02/2016: Na noite de ontem, 28/02/2016, o filme Amy foi premiado com o Oscar de melhor documentário do ano de 2015.

Esse post compõe uma série chamada "Filme". Trata-se de sugestões de filmes relacionados à temática de cultura de consumo.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

O cheque não existe mais



Agora é (quase) oficial: 
o cheque como meio de pagamento (praticamente) não existe mais; 
desapareceu; sumiu; sumiram com ele !

Referências Conexas

Vieira, F. G. D. (1995). O equívoco do cheque pré-datado. Revista da ACIM, 32(6), 34.

Vieira, F. G. D., & Bortolocci, M. M. dos S. (1997). The pre-dated cheque mistake: considerations about a regional policy of credit in a global context. Proceedings of the Conference of the Business Association for Latin American Studies, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Sambas-enredo para negócio - ou sobre o amanhã

 Os sambas-enredo que hoje escuto são um tanto diferentes daqueles que costumava escutar tempos atrás. Em que pese toda a capacidade de criação artística e sensibilidade dos músicos e letristas envolvidos na composição dos atuais sambas-enredo das escolas de samba que participam dos desfiles de carnaval em São Paulo e no Rio de Janeiro, é preciso algum esforço para se empolgar e cantar logo de saída o refrão dos sambas.

Aparentemente, o compositor deixou de ser um compositor e tornou-se uma espécie de consultor ou assessor e trabalha para várias escolas, não mantendo a fidelidade que antes tinha para com uma determinada agremiação. Desse modo, o samba não parece mais ser uma criação artística e sim uma letra com música para negócio, ou seja, é como se os sambas deixassem de ser sambas-enredo e passassem a ser sambas-negócio, algo a mais para alimentar a cultura de consumo do carnaval.

Isso fica bem evidente na entrevista que um compositor concedeu durante o carnaval. Ao responder uma das perguntas que a repórter da TV lhe fez ao longo da entrevista, o compositor brincou dizendo que iria pedir música no Fantástico, pois tinha feito três sambas-enredo para três escolas de samba de três cidades diferentes.

Talvez deva-se a algo assim, pelo menos em parte, os sambas não empolgarem ou não serem lembrados algum tempo depois do carnaval, mesmo que seja um evento com data marcada para começar e terminar. É possível que a feitura do samba siga outro processo e termine por não expressar toda a criatividade dos compositores.

A propósito, o primeiro samba-enredo que eu lembro não só de ter memorizado, como também admirado, foi "O Amanhã", samba-enredo da União da Ilha do Governador composto por João Sérgio para o carnaval de 1978. O título do samba-enredo, por si só, já despertava a atenção. Poucas palavras são tão poderosas na língua portuguesa quanto o advérbio amanhã. A noção de algo que está por vir e que, portanto, representa o futuro, tem um significado quase que mágico, de renovação e esperança.

Intrigante é que em 1977, ano imediatamente anterior ao ano de lançamento do samba-enredo da União da Ilha, uma música que tratava do mesmo tema fez largo sucesso nas emissoras de rádio. Trata-se de "Amanhã", de autoria de Guilherme Arantes, que foi tema da novela Dancin' Days, exibida pela TV Globo. A ideia de futuro parecia estar particularmente presente no imaginário brasileiro no final dos anos 1970. Talvez, quem sabe, tenha alguma relação com o desejo de ver o fim da ditadura militar que havia no país àquela época.

Referências Conexas

Costa, F. M. S., Guimarães, M. R., Ribeiro, T. B. da S., & Sauerbronn, F. F. (2013). Desinstitucionalização de práticas no carnaval do Rio de Janeiro: uma análise para além da literatura de marketing social. Gestão e Sociedade, 7(16), 26-50.

Farias, E. (2003). Carnaval carioca, a matriz do negócio do ócio brasileiro. Caderno CRH, 38, 177-208.

Gaião, B. F., & Leão, A. L. M. de S. (2013). Muitas festas numa só: a configuração do campo do carnaval do Recife. Organizações & Sociedade, 20(64), 131-144.

Leite, E., Caponero, M. C., & Perez, S. (2010). Um carnaval fora da lista: quando a identidade é criada para o mercado. Textos Escolhidos de Cultura e Artes Populares, 7(2), 97-108.

Lins, H. N., & Ribeiro, K. dos S. (2015). Produção do carnaval em escolas de samba: ensaios à luz do debate sobre economia da cultura. Textos de Economia, 18(1), 37-59.

Silva, A. N. da. (2010). Reflexões sobre o carnaval e samba na historiografia brasileira. Revista Tempo Histórico, 2(2), 1-19.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Super Bowl: campeão dos EUA é campeão do mundo



Domingo passado foi disputado o Super Bowl 50, ou seja, a decisão de número 50 a respeito de quem seria o campeão da temporada de futebol americano nos Estados Unidos. A disputa se deu entre Denver Broncos e Carolina Panthers, com a vitória da primeira equipe. 

O campeonato de futebol americano dos Estados Unidos é organizado pela National Football League (NFL). Como o próprio nome diz, uma liga nacional. Ocorre que a NFL considera que o campeão dos Estados Unidos é o campeão mundial. A prova disso está no que é cunhado nos anéis que são entregues aos atletas da equipe vencedora de cada Super Bowl. Neles se pode ler: campeões mundiais !! 

Em tempo 1: a imagem acima é do anel que foi entregue aos jogadores do New England Patriots, vencedores do Super Bowl 49 no ano de 2015.

Em tempo 2: nunca vi no Brasil tanto interesse por futebol americano como nesses anos mais recentes. É algo curioso o que está acontecendo. Não aprendemos futebol americano na escola. Não aprendemos no clube. Não aprendemos na igreja. E muito menos aprendemos nas ruas. Não obstante, já há a organização de uma confederação e de um campeonato brasileiro de futebol americano. É impressionante o papel da internet e da TV por assinatura na formação do interesse, gosto e preferências das pessoas. A propósito, no domingo passado o Facebook e os portais brasileiros da internet estavam repletos de comentários e alusões acerca do Super Bowl 50. Theodor Adorno continua certo: é incontestável o poder da indústria cultural, especialmente no que se refere àquilo que é oferecido para consumo por meio de uma forma que contenha glamour. 

Referências Conexas

Adorno, T. W. (2009). Indústria cultural e sociedade. São Paulo: Paz e Terra.

Kellner, D. (2003). A cultura da mídia e o triunfo do espetáculo. Líbero, 6(11), p. 4-15.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

O carnaval já foi melhor



Bater; doer; se armar; atirar ...  é tudo o que se escuta.
O nome da banda é Vingadora e o título da música é Metralhadora.
Dizem que é revelação do Carnaval !
 Prêmio YouTube Carnaval !!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

A embalagem e o produto



O que vemos, o que compramos, o que consumimos.


Referências Conexas

Cochoy, F. (2004). Por uma sociologia da embalagem. Antropolítica, 17, 69-96.

Vieira, F. G. D. (2003). A soberania do consumidor como um mito perante situações de redução de embalagens no mercado brasileiro. Anais do Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, Atibaia, SP, Brasil, 27.

domingo, 31 de janeiro de 2016

O ocaso dos grupos de e-mail


Os grupos de discussão, operacionalmente conhecidos como listas de e-mail, durante muito tempo representaram uma forma eficiente de comunicação simultânea entre várias pessoas. Especialmente no chamado mundo acadêmico foi bastante adotado por professores, estudantes e grupos de pesquisa. Yahoo! e Google criaram e mantêm até hoje a oferta desse serviço. A Microsoft, por meio do Skype, também oferece o que seria uma variação na forma de uso de grupos de discussão. O uso de tais grupos, no entanto, parece ter sofrido forte redução. Arrisco afirmar que foi o surgimento do Facebook que motivou o abandono desses grupos, pelo menos nos moldes em que foram criados anteriormente. Isso parece fazer ainda mais sentido no Brasil, posto que é o país com o terceiro maior número de usuários do Facebook: um total acima de 60 milhões, segundo dados da própria companhia. Do modo em que a plataforma do Facebook foi desenvolvida ela permite a criação de inúmeros grupos de interação e o gerenciamento da participação em cada um deles de forma mais eficiente do que aquela até então existente no Yahoo! ou no Google. Dito de outra forma, o Facebook acabou com os grupos de e-mail. 

Referências Conexas

Löwgren, J., & Reimer, B. (2013). Collaborative media: production, consumption, and design interventions. Cambridge: MIT Press.

Watts, D., & Dodds, P. S. (2007). Influentials, networks, and public opinion formation. Journal of Consumer Research, 34(4), 441-458.

Zajc, M. (2015). Social media, prosumption, and dispositives: new mechanisms of the construction of subjectivity. Journal of Consumer Culture, 15(1), 28-47.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Moda evangélica



Moda evangélica. Mas não é qualquer uma. É executiva!
O Brasil tem um fetiche com a ideia de executivo.
É almoço executivo, hotel executivo, curso executivo, ônibus executivo ...  

domingo, 24 de janeiro de 2016

A Grande Aposta



Se você sempre pensou que profissionais de marketing - ou marketeiros, como a imprensa pejorativamente os denomina -  são responsáveis por mentiras, enganações e por criarem produtos que as pessoas não têm necessidade de consumir, não deixe de assistir A Grande Aposta (The Big Short, EUA, 2015), filme dirigido por Adam McKay, atualmente em exibição em vários cinemas brasileiros. Talvez você reveja seus conceitos e passe a colocar os agentes que operam no mercado financeiro no topo da sua lista de bad guys e, quem sabe assim, dê uma folga aos profissionais de marketing como os maiores vilões da História. Mas, não pense que a sugestão que aqui faço para que o filme seja assistido tem como motivação uma mera contenda - ele está além disso.

Estrelado por Steve Carell, Christian Bale, Ryan Gosling e Brad Pitt, A Grande Aposta recebeu várias indicações ao Oscar: melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro adaptado, melhor edição e melhor ator coadjuvante (Christian Bale). O filme tem uma pretensão didática, assim como pretende ser uma comédia. Para os padrões estadunidenses pode até ser considerado comédia, mas para os  padrões brasileiros assemelha-se mais a um drama, posto que o gosto e o sentido de comédia no Brasil é um tanto quanto diferente daquele que se tem nos Estados Unidos. 

O filme é baseado em uma história real e desafia a santa ingenuidade da crença na lisura dos agentes do mercado. Ele mostra como o mercado imobiliário estadunidense, que parecia sólido e sem correr o menor risco de se desmanchar, foi a falência em 2008 e arrastou o mundo inteiro em uma crise de mais de 20 trilhões de dólares.

Embora a crise de 2008 já tenha sido tratada em outros filmes, como Margin Call - O Dia Antes do Fim, e em documentários já comentados aqui no próprio blog, como Trabalho Interno, talvez o principal mérito de A Grande Aposta seja demonstrar como o mercado financeiro é pródigo em criar e formatar produtos e serviços. Em geral, produtos e serviços sobre os quais pouca gente entende, mas que são oferecidos como se fossem a solução. E mais ainda, produtos que são avaliados e recomendados por agências de risco que competem entre si em um mercado oligopolista, que fazem um jogo sujo e que legitimam o que não é passível de ser legitimado. 

Referências Conexas

Berman, M. (1986). Tudo o que é sólido desmancha no ar - a aventura da modernidade. São Paulo: Companhia das Letras.

Deville, J. (2014). Consumer credit default and collections: the shifting ontologies of market attachment. Consumption Markets & Culture, 17(5), 468-490.

Knorr-Cetina, K. (2005). From pipes to scopes: the flow architecture of financial markets. In A. Barry & D. Slater (Eds.), The technological economy (pp. 122-141). Abingdon: Routledge. 

MacKenzie, D., Muniesa, F., & Siu, L. (Eds.) (2007). Do economists make markets? On the performativity of economics. Princeton: Princeton University Press.

Rona-Tas, A., & Hiss, S. (2011). Forecasting as valuation: the role of ratings and predictions in the subprime mortgage crisis in the United States. In J. Beckert & P. Aspers (Eds.), The worth of goods: valuation and pricing in the economy (pp. 223-246). Oxford: Oxford University Press.

Sauerbronn, F. F., & Sauerbronn, J. F. R. (2011). Estratégias de responsabilidade social e esfera pública: um debate sobre stakeholders e dimensões sociopolíticas de ações empresariais. Revista de Administração Pública, 45(2), 435-458.

Esse post compõe uma série chamada "Filme". Trata-se de sugestões de filmes.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

5 em 1



Se pensava que já havia visto tudo ao se deparar com um shampoo 3 em 1, 
você não viu nada.
Agora há o creme 5 em 1.
Let's go making market and, obvious, to shape the consumption !

domingo, 17 de janeiro de 2016

O coletivo individual



"Socializar riscos, privatizar lucros". Essa frase que tanto tem se aplicado ao mundo das corporações nas relações com o Estado serve perfeitamente para o futebol. Por que um esporte que é coletivo privilegia tanto o individual? Como um esporte que é coletivo elege um melhor, se cada jogador exerce uma função diferente e, de algum modo, o êxito de um depende do outro? A quem interessa a eleição do melhor? 

O prêmio do melhor jogador é sempre, ou quase sempre, dado a quem é atacante e a quem faz gols - muitos gols. Quem corre, quem faz a cobertura, quem desarma o adversário e quem evita a derrota é chamado de brucutu. Quem faz o gol ser possível, ou seja, quem faz a assistência - a jogada e o passe para o gol - é pejorativamente chamado de garçom. Mesmo Samuel Rosa e Nando Reis, quando dizem que o meio campo é o lugar dos craques, sugerem que o centroavante é o mais importante - e aí o centroavante é sinônimo de gol.

Nunca um desarme será tão aplaudido ou festejado quanto um drible, muito menos uma defesa quase impossível, feita por um goleiro, será celebrada como um gol. Atacante erra várias vezes, perde gol embaixo da trave e praticamente nada acontece. Um zagueiro que não corta uma bola e um goleiro que toma um frango serão sempre criticados ou mesmo estigmatizados.

Em que pesem a magia e alegria de ser o esporte mais praticado em todo o mundo, o futebol é repleto de equívocos criados e geridos por instituições como a FIFA (Fédération Internationale de Football Association) e as federações nacionais. Tais equívocos são largamente apoiados pela indústria cultural. A eleição do melhor jogador do mundo, ao transformar o coletivo em individual, parece ser um deles.

Referências Conexas

Blumrodt, J., Bryson, D., & Flanagan, J. (2012). European football team's CSR engagement impacts on customer-based brand equity. Journal of Consumer Marketing, 29(7), 482-493.

Brendan, R. (2004). New consumers and football fandom: the role of social habitus in consumer behaviour. Irish Journal of Management, 25(1), 88-100.

Chade, J. (2015). Política, propina e futebol: como o "padrão FIFA" ameaça o esporte mais popular do planeta. Rio de Janeiro: Objetiva.

Ferraz, P. (2011). Futebol e comunicação, um processo de consumo chamado paixão. Organicom, 8(15), 107-123.

Ribeiro Jr., A., Cipoloni, L., Azenha, L. C., & Chastinet, T. (2014). O lado sujo do futebol: a trama de propinas, negociatas e traições que abalou o esporte mais popular do mundo. São Paulo: Planeta do Brasil. 

Wicks, P. G., Nairn, A., & Griffin, C. (2007). The role of commodified celebrities in children's moral development: the case of David Beckham. Consumption Markets & Culture, 10(4), 401-424.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

domingo, 10 de janeiro de 2016

Brasil: uma biografia


Sabe aqueles propósitos de final de ano? Aquelas famosas quase-promessas de que se vai fazer isso, aquilo e não sei mais o que? Pois bem, uma das minhas proposições foi a de voltar a ler sobre o Brasil. Mas não ler sobre o Brasil em Veja ou Carta Capital. Ler sobre o Brasil em livros, obras escritas por gente que se dedicou a procurar compreender - talvez explicar - esse país tão amplo e complexo que teimamos, reiteradas vezes, em achar que é simples e facilmente decifrável. 

Muitos já tive o prazer de acessar, como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Jr., e Darcy Ribeiro, entre outros. Mais recentemente tive contato com textos de Bernardo Sorj, bem como com a trilogia de Laurentino Gomes. Seria impreciso dizer que todos são rapidamente compreensíveis. Tampouco seria razoável afirmar que convergem em uma única direção. Aliás, não seria necessário, nem recomendável, um mesmo olhar sobre um país tão diverso.

Brasil: uma biografia, escrito por Lilia Schwarcz e Heloisa Starling, publicado no ano passado pela Companhia das Letras, 694p., R$ 59,90, certamente ajudará na tentativa de cumprir o meu propósito. Boa parte das minhas expectativas repousa no fato de o livro ser escrito em co-autoria por uma antropóloga (Schwarcz) e uma historiadora (Starling). A maior parte do que foi escrito antes sobre o Brasil foi escrita por sociólogos, antropólogos, economistas e historiadores, em obras de autoria única. Pelo menos agora, de cabeça, não me lembro de uma obra desse fôlego escrita em co-autoria.

A contracapa do livro chama a atenção para o uso da palavra "biografia" em lugar de "história" do Brasil. Aparentemente, já de saída tal escolha produz um significado sobre a abordagem a ser encontrada no livro. A construção da narrativa de uma biografia, e não de uma história, sugere estrutura e estilo distintos, embora não menos rigorosos e documentados.

O livro contem introdução, 18 capítulos, mais conclusão. Traz, ainda, 137 imagens e fotografias. A primeira delas revela dois homens - aparentemente de classes bem distintas de rendimento econômico - conversando em um banco de praça, enquanto que a última mostra uma imagem das manifestações ocorridas em nosso país em junho de 2013. O período histórico tratado no livro vai da descoberta do Brasil até o fim da ditadura militar, com o primeiro presidente eleito pelo voto direto no processo de redemocratização do país, no caso, Fernando Collor.

Mesmo que seja uma tarefa árdua, ler sobre o Brasil e buscar compreender quem somos e como somos é uma empreitada necessária para a realização de estudos de marketing, comportamento do consumidor e cultura de consumo (CCT) produzidos a partir da realidade brasileira. 

Esse post compõe uma série chamada "Olhar Acadêmico". Trata-se de observações realizadas sobre trabalhos acadêmicos na forma de artigos, dissertações, teses ou livros, relacionados direta ou indiretamente ao campo de cultura e consumo.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Para onde olhar?



Para onde olhar? Para as motos ou para os aparelhos de ar condicionado?
Aprendendo sobre padrões de consumo ao caminhar pela rua ...

domingo, 3 de janeiro de 2016

Réveillon na praia e consumo


Sagrado para alguns e profano para muitos, o Réveillon na praia é repleto de significados e embalado pelo consumo simbólico e material. As ondas do mar e os fogos de artifício  são os principais elementos da narrativa. As ondas emprestam o sentido de levar e trazer, limpar e renovar, enquanto que os fogos conferem o sentido de iluminar e celebrar. Em um momento ritual, em outro rito. 

Há pouca coisa tão pós-moderna quanto celebrar a chegada do Ano Novo na praia. Especialmente se for considerada a materialidade necessária para compor a expressão dos seus significados. O consumo ocorre no lugar, em nome do devir, entretanto, paradoxalmente, não parece haver lugar para o lugar nos significados do Novo.  


Roupas, acessórios, calçados, bebidas, copos, alimentos, recipientes, toalhas, velas, adornos, objetos e mais objetos. Significados construídos. Restos, lixo. O Estado que cuide, limpe tudo. Afinal, não há lixeiras para todos, tampouco espaços onde se possa descartar as sobras do consumo material. É como se  o Natal fosse a casa e o Réveillon fosse a rua.


Referências Conexas

Almeida, A. C. (2007). A cabeça do brasileiro. Rio de Janeiro: Record.

Campbell, C. (2001). A ética romântica e o espírito do consumismo moderno. Rio de Janeiro: Rocco.

DaMatta, R. A. (2003) (1984). A casa e a rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco.

Durkheim, E. (2003) (1912). As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: Martins Fontes. 

Firat, A. F., & Venkatesh, A. (1995). Liberatory postmodernism and the reenchantment of consumption. Journal of Consumer Research, 22(3), 239-267.

Lipovetsky, G. (2007). A felicidade paradoxal: ensaio sobre a sociedade de hiperconsumo. São Paulo: Companhia das Letras.