Outro dia eu estava andando pelos corredores de um shopping center e me deparei com um ponto de vendas moldado em uma carcaça de uma kombi. Aquilo despertou a minha atenção e terminei por me encaminhar até o local que, de perto, pareceu funcionar como uma espécie de quiosque. Ao aproximar-me percebi o nome Maria Gazoza inscrito onde normalmente seria encontrada a logomarca da Volkswagen - fabricante da kombi - e indaguei sobre o que era ali vendido. Fui informado - e vi - que se tratava, sobretudo, da venda de capas e acessórios para aparelhos de telefonia celular e tablets, com motivos e estampas bem coloridas, especialmente voltadas para consumidores jovens.
Após ser atendido, agradeci a atenção e voltei a caminhar pelo shopping. Enquanto caminhava fiquei a pensar no quão curioso era o que eu acabara de ver. Pensei sobre como são criados alguns símbolos - leia-se marcas - para consumo. Maria Gazoza quer ser moderna, tecnológica e voltada para a Geração Z ao oferecer capas e acessórios para celulares e tablets. No entanto, carro não é celular ou tablet, e a kombi é um automóvel lançado em 1950, cerca de 40 anos antes do início da Geração Z.
Como se não bastasse, Maria Gazoza remete à "maria gasolina", uma alcunha cujo significado está próximo de algo como "uma mulher que só quer saber de carro". Em um contexto social machista, onde o automóvel é um item de consumo associado predominantemente ao universo masculino, e cuja posse representa uma forma de empoderamento, ao contrário do que eu havia visto e ouvido, Maria Gazoza pareceu-me sugerir uma posição de subserviência para as mulheres. Que dissonância cognitiva!
Após ser atendido, agradeci a atenção e voltei a caminhar pelo shopping. Enquanto caminhava fiquei a pensar no quão curioso era o que eu acabara de ver. Pensei sobre como são criados alguns símbolos - leia-se marcas - para consumo. Maria Gazoza quer ser moderna, tecnológica e voltada para a Geração Z ao oferecer capas e acessórios para celulares e tablets. No entanto, carro não é celular ou tablet, e a kombi é um automóvel lançado em 1950, cerca de 40 anos antes do início da Geração Z.
Como se não bastasse, Maria Gazoza remete à "maria gasolina", uma alcunha cujo significado está próximo de algo como "uma mulher que só quer saber de carro". Em um contexto social machista, onde o automóvel é um item de consumo associado predominantemente ao universo masculino, e cuja posse representa uma forma de empoderamento, ao contrário do que eu havia visto e ouvido, Maria Gazoza pareceu-me sugerir uma posição de subserviência para as mulheres. Que dissonância cognitiva!
Referências Conexas
Baudrillard, J. (2005). A sociedade de consumo. Lisboa: Edições 70.
Brown, S. (1993). Postmodern marketing? European Journal of Marketing, 27(4), 19-34.
Featherstone, M. (2007). Cultura de consumo e pós-modernismo. São Paulo: Studio Nobel.
Slater, D. (2002). Cultura do consumo & modernidade. São Paulo:Nobel.
Van Raaij, W. F. (1993). Postmodern consumption. Journal of Economic Psychology, 14(3), 541-563.
Nenhum comentário:
Postar um comentário