Sabe aqueles propósitos de final de ano? Aquelas famosas quase-promessas de que se vai fazer isso, aquilo e não sei mais o que? Pois bem, uma das minhas proposições foi a de voltar a ler sobre o Brasil. Mas não ler sobre o Brasil em Veja ou Carta Capital. Ler sobre o Brasil em livros, obras escritas por gente que se dedicou a procurar compreender - talvez explicar - esse país tão amplo e complexo que teimamos, reiteradas vezes, em achar que é simples e facilmente decifrável.
Muitos já tive o prazer de acessar, como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Jr., e Darcy Ribeiro, entre outros. Mais recentemente tive contato com textos de Bernardo Sorj, bem como com a trilogia de Laurentino Gomes. Seria impreciso dizer que todos são rapidamente compreensíveis. Tampouco seria razoável afirmar que convergem em uma única direção. Aliás, não seria necessário, nem recomendável, um mesmo olhar sobre um país tão diverso.
Brasil: uma biografia, escrito por Lilia Schwarcz e Heloisa Starling, publicado no ano passado pela Companhia das Letras, 694p., R$ 59,90, certamente ajudará na tentativa de cumprir o meu propósito. Boa parte das minhas expectativas repousa no fato de o livro ser escrito em co-autoria por uma antropóloga (Schwarcz) e uma historiadora (Starling). A maior parte do que foi escrito antes sobre o Brasil foi escrita por sociólogos, antropólogos, economistas e historiadores, em obras de autoria única. Pelo menos agora, de cabeça, não me lembro de uma obra desse fôlego escrita em co-autoria.
A contracapa do livro chama a atenção para o uso da palavra "biografia" em lugar de "história" do Brasil. Aparentemente, já de saída tal escolha produz um significado sobre a abordagem a ser encontrada no livro. A construção da narrativa de uma biografia, e não de uma história, sugere estrutura e estilo distintos, embora não menos rigorosos e documentados.
O livro contem introdução, 18 capítulos, mais conclusão. Traz, ainda, 137 imagens e fotografias. A primeira delas revela dois homens - aparentemente de classes bem distintas de rendimento econômico - conversando em um banco de praça, enquanto que a última mostra uma imagem das manifestações ocorridas em nosso país em junho de 2013. O período histórico tratado no livro vai da descoberta do Brasil até o fim da ditadura militar, com o primeiro presidente eleito pelo voto direto no processo de redemocratização do país, no caso, Fernando Collor.
Mesmo que seja uma tarefa árdua, ler sobre o Brasil e buscar compreender quem somos e como somos é uma empreitada necessária para a realização de estudos de marketing, comportamento do consumidor e cultura de consumo (CCT) produzidos a partir da realidade brasileira.
Esse post compõe uma série chamada "Olhar Acadêmico". Trata-se de observações realizadas sobre trabalhos acadêmicos na forma de artigos, dissertações, teses ou livros, relacionados direta ou indiretamente ao campo de cultura e consumo.
Fiquei curioso. Vou colocar na minha lista de leituras. Abraços.
ResponderExcluirValeu, Fernando.
ExcluirAcho que é uma boa leitura, sim.
Um abraço.