Escrito por Lilia Schwarcz e publicado recentemente pela Companhia das Letras, Sobre o Autoritarismo Brasileiro, 273p., R$ 49,90, é um livro que considero como pertencente àquela categoria de leitura necessária. Trata-se de uma contribuição para compreender o Brasil, que é particularmente relevante se levarmos em conta o momento atual vivido em nosso país.
Sugerindo uma espécie de travessia que não terminou, ao longo de oito capítulos o livro aborda temas e questões imbricadas na história e formação social brasileira. Escravidão e racismo, mandonismo, patrimonialismo, corrupção, desigualdade social, violência, raça e gênero, e intolerância, são tratados de forma analítica por meio de acontecimentos e dados.
A leitura do livro revela inúmeros equívocos que são cometidos a respeito do brasileiro, a começar pela ideia amplamente disseminada de que somos um povo "gente boa". É curioso pensar como essa ideia tem sido aceita - e ela não necessariamente está alicerçada no conceito de homem cordial de Sérgio Buarque de Holanda. O fato é que a realidade objetiva do cotidiano social brasileiro não só traz em si, como também perpetua, as mazelas de sua constituição histórica enquanto nação. E nessa constituição, as ideias de respeito e tolerância estão ausentes. Mesmo quando querem se fazer democráticos, brasileiros têm sido autoritários e violentos.
Esse post compõe uma série chamada "Olhar Acadêmico". Trata-se de observações realizadas sobre trabalhos acadêmicos na forma de artigos, dissertações, teses ou livros, relacionados direta ou indiretamente ao campo de cultura e consumo.
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