domingo, 10 de março de 2019

Carnaval, celebridades e identidade construída




É carnaval. Rio de Janeiro, Salvador, Recife, São Paulo ... enfim, Brasil afora ocorre aquela que é considerada a maior celebração em nosso país. Desde a sua origem, a festa é do povo. No entanto, não parece ser essa a impressão que se tem ao ler os jornais e revistas, ao acessar os portais da internet, ou ao assistir na TV os desfiles de blocos e escolas de samba.

Há uma contradição arquitetada com requinte na mídia de difusão. O povo parece estar lá, mas não está - meramente compõe a cena. A estrutura do enredo e a construção da narrativa tomam emprestado raízes populares, mas são materializadas por meio daquilo que se convencionou chamar de celebridades e sub-celebridades (seja lá o que isso signifique). Essas tais celebridades são quase que onipresentes em todas as telas e todas as páginas.

Quem define quem é ou deixa de ser celebridade? Como é definida a identidade de uma celebridade? Do ponto de vista antropológico, a identidade não é dada, mas sim culturalmente constituída em um determinado contexto social. Observando o carnaval por meio da mídia de difusão, é razoável supor que, paradoxalmente, celebridades são inventadas e construídas em um ambiente de negócios, e que sempre estão ligadas a algum tipo de business. O consumo difuso de diferentes fontes de entretenimento não só permite, como parece fomentar a construção de celebridades. Trata-se de um fenômeno extremamente curioso de ser observado no carnaval, posto que assume uma posição de protagonismo em detrimento daquilo que é de fato popular e que termina apenas fazendo parte da paisagem.

Referências Conexas

Driessens, O. (2013). The celebritization of society and culture: Understanding the structural dynamics of celebrity culture. International Journal of Cultural Studies, 16(6), 641-657.

Kjaegaard, A., Morsing, M., & Ravasi, D. (2011). Mediating identity: a study of media influence on organisational identity construction in a celebrity firm. Journal of Management Studies, 48(3), 514-543.

Rindova, V. P., Pollock, T. G., & Holloway, M. L. A. (2006), Celebrity firms: the social construction of market popularity. Academy of Management Review, 31(1), 50-71.

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