A cerveja é uma bebida milenar e que pode ser encontrada em praticamente
todos os lugares do mundo. Vários são os seus tipos e diferentes são suas aparências,
aromas e composições. A cerveja mais frequentemente encontrada no Brasil, tanto em
supermercados, quanto em bares e restaurantes, é aquela do tipo pilsen, que é clara, de baixa fermentação e levemente amarga.
No imaginário brasileiro, particularmente do consumidor dessa
bebida, a cerveja do tipo pilsen é
conhecida pelo substantivo feminino “loura”. Tal denominação foi incorporada à
linguagem cotidiana e se tornou gíria. É bastante comum no ambiente de bares e
botecos ouvir alguém dizer “traz uma loura gelada”.
Embora praticamente todas as companhias que operam no
mercado nacional ofertem a cerveja do tipo pilsen,
tem sido menos raro encontrar outros tipos de cerveja. Isso não só estimula
novas experiências de consumo, como também possibilita a ampliação da produção
simbólica em torno da cerveja. Esse é o caso ocorrido por meio da expansão da
linha de cervejas da Cervejaria Devassa.
A Devassa lançou no mercado cervejas do tipo lager, pale ale e dark ale, que
foram denominadas como devassas loura, ruiva e negra. Além dessas cervejas,
lançou um chope do tipo weiss e um
outro baseado na cerveja do tipo pale ale
britânica, denominando-os de devassas sarará e índia.
O conjunto das cervejas e chopes remete a um universo
composto por vários tipos de mulheres: loura, ruiva, negra, sarará e índia. Um
paraíso sobre a terra para os apreciadores de cerveja. Diferentes
possibilidades ao alcance da mão.
Embora, com algum esforço de compreensão, a denominação
possa querer soar inclusiva e sugerir diversidade, é curioso observar como se
coloca abertamente a mulher em posição de objeto e se assume uma posição
machista por meio da simbologia que se cria em torno desses produtos.
Referências Conexas
Costa, F. J. da, & Cavalcante, A. A. (2007).
Comportamento do consumidor de cerveja: proposta de uma tipologia baseada na
imagem e nas intenções em relação à marca. Revista de Negócios, 12(4), 71-85.
McCracken,
G. (1993). The value of the brand: an anthropological perspective. In D. A.
Aaker & A. L. Biel (Eds.), Brand
equity & advertising: advertising’s role in building strong brands (pp.
125-142). Hillsdale: Psychology Press.
Ribeiro, M. M., Della Lucia, S. M., Barbosa, P. B. F.,
Galvão, H. L., & Minim, V. P. R. (2008). Influência da embalagem na
aceitação de diferentes marcas comerciais de cerveja tipo Pilsen. Ciência e Tecnologia de Alimentos, 28(2), 395-399.
Silva, M. R. V. da. (2010, outubro). A construção da mulher
como objeto de consumo em anúncios publicitários de cerveja: uma abordagem
discursiva. Anais do Encontro do Círculo
de Estudos Linguísticos do Sul, Palhoça, SC, Brasil, 9.
Urdan, F. T., & Urdan, A. T. (2001, setembro). O
impacto da marca sobre as preferências do consumidor: um experimento com
cervejas. Anais do Encontro da Associação
Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, Rio de Janeiro, RJ,
Brasil, 25.
Muito bom...
ResponderExcluirPostei em meu blog
citei referências...
Abraços!
Luciana,
ResponderExcluirObrigado pela visita e pelo comentário.
Um abraço,
Boa noite Prof. Giovanni,
ResponderExcluirQue coincidência esse seu post de hoje!
Acabo de assistir na Revista RPC uma matéria de como é crescente a aceitação e o consumo de cervejas artesanais... Fizeram a reportagem aqui em Curitiba, onde esse fim de semana ocorreu um encontro de cervejeiros artesanais... Vale a pena conferir a reportagem.
Abraço
Olá, Lucas!
ExcluirObrigado pelo comentário e por sua observação. De fato, há novas experiências de consumo de cerveja, tanto industrializadas e produzidas em larga escala, quanto artesanais. Vou verificar a reportagem a que você se refere.
Um abraço,