segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Consumo de superstições para o Ano Novo

Acreditar que o Ano Novo será melhor do que o ano que termina é sempre algo bom. Julgar que se pode interferir e fazer alguma coisa para que isso aconteça, parece ser melhor ainda. A cultura brasileira é repleta de elementos que caracterizam e performam essas crenças. Alguns são frutos da imaginação popular, outros do sincretismo religioso experimentado no Brasil, e outros, ainda, da relação com outros povos e culturas, talvez por meio da chamada globalização.
 
Empresas que operam no mercado brasileiro aproveitam e incorporam aos seus produtos, com relativo sucesso, elementos que podem ser consumidos como superstições para o Ano Novo. Em 2012 a São Paulo Alpargatas, empresa que produz as Sandálias Havaianas, fez isso de forma bem sucedida quando lançou uma série especial de sandálias para o Ano Novo. A série recebeu o título de "Havaianas 7 Ondas".
 
O propósito da empresa consistia em que ao adquirir a sandália, o consumidor poderia celebrar o ritual de pular 7 ondas e ter 7 desejos à meia-noite do dia 31 de dezembro. Junto com a sandália a empresa disponibilizou 7 pequenos pins, vendidos separadamente, que poderiam ser fixados nas tiras da sandália, cada um com uma representação simbólica diferente: moeda, pimenta, pomba, trevo, sol, coração e a própria Havaianas que, nesse caso, e segundo o fabricante, representaria a brasilidade, o bom humor e a ginga.
 
A Lacoste também tem explorado o consumo de superstições para o Ano Novo. Há três anos lança uma edição limitada de sua famosa camisa pólo. Trata-se da "Wish Edition - Sortes Brasileiras". São quatro camisas brancas, porém cada uma com um detalhe em cor diferente e significado também diferente: vermelho (romã), azul (ondas), verde (louro) e amarelo (trigo).
 
O consumo simbólico ocorre todos os dias, durante todo o ano. No entanto, parece ser mais intenso no mês de dezembro e no final do ano. O curioso é observar que, em boa medida, pressupõe a existência de um dispositivo material para a sua realização.
 
Referências Conexas
 
Cascudo, L. C. (2001). Superstição no Brasil. São Paulo: Global Editora.
 
Dolgin, A. (2009). The economics of symbolic exchange. Heildelberg: Springer.
 
Hirschman, E. C. (1981). Comprehending symbolic consumption: three theoretical issues. In: Hirschman, E. C., & Holbrook, M. B. (Ed.) Symbolic Consumer Behavior (pp. 4-6). Duluth: Association for Consumer Research.
 
Wattanasuwam, K. (2005). The self and symbolic consumption. Journal of American Academy of Business, 6(1), 179-184.

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