Os finais e inícios de cada ano são
repletos de retrospectivas em jornais, revistas e canais de televisão. Há uma
oferta quase que interminável de frases, imagens e fatos que, na perspectiva da
grande mídia, marcaram o ano. Um leitor regular de jornais e revistas não tem
muitas opções diferentes nas publicações. Tornou-se um lugar comum apresentar retrospectivas
e reproduzir acontecimentos. Parece ser algo conveniente para a imprensa, pois trata-se
de uma produção editorial que pode ser preparada com uma certa antecedência e,
de algum modo, pode representar uma espécie de folga nas redações para que
equipes de trabalho, digamos assim, aproveitem as festas de fim de ano. Em todo
caso, as retrospectivas podem, ao fim e ao cabo, ser úteis como um registro,
uma síntese histórica do que aconteceu em determinado ano, ainda que seja
necessário um certo critério ao se olhar tais registros.
Além das retrospectivas, as
emissoras de televisão também lançam mão do expediente da chamada maratona.
Horas e horas de exibição contínua de uma programação com um tema, gênero, diretor
ou ator em comum. Os canais de TV por assinatura são os que mais ofertam maratonas
aos seus telespectadores. Entre outras coisas, sugerem uma maneira de reduzir
custos com a renovação e lançamento de nova programação no período. Tais
maratonas são um verdadeiro convite para que alguém abdique do pensamento e
permaneça em estado de letargia diante da TV, consumindo horas e horas de uma
mesma coisa. De uma forma e de outra, a chamada grande mídia empreende um
processo de reprodução cultural que é largamente consumido, em que pesem as
festividades de fim de ano, o verão e as férias escolares.
Referências Conexas
Bourdieu, P. (1997). A
televisão. Rio de Janeiro: Zahar.
Bourdieu, P., & Passeron, J-C. (2008). A reprodução: elementos para uma teoria do
sistema de ensino. Rio de janeiro: Vozes.
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