A cultura, como expressão
material por meio dos alimentos, transforma-se a cada dia, de uma forma
extremamente rica e imprevisível. Parte como processo de produção conduzido por
instituições do mercado, parte como processo de reprodução e ressignificação por
meio de hábitos de consumo.
Tal transformação é passível de
ser observada em alimentos como o pão de queijo e a tapioca, que ao longo do
tempo foram modificados em termos de sabores, texturas, aromas, formas, espaços
e ocasiões de consumo, tendo recebido novos significados.
A tapioca e o pão de queijo têm
suas origens vinculadas à cultura das populações indígenas e têm como base do
preparo o polvilho que é extraído da mandioca. Durante muitos e muitos anos
foram consumidos de forma bastante simples, circunscrita a regiões específicas
do Brasil onde eram, e ainda são, alimentos populares. Hoje em dia, porém, essa
característica de consumo foi modificada.
O consumo da tapioca foi além das
fronteiras do nordeste, já com os emigrantes que foram para o Rio de Janeiro e
São Paulo. Do mesmo modo, o pão de queijo, de Minas Gerais e Goiás, passou a ser consumido em
praticamente todo o Brasil. No caso do pão de queijo, que também virou item de
exportação para outros países, o processo de industrialização, com a
refrigeração e o congelamento das unidades já prontas para serem assadas,
facilitou a expansão do consumo.
A tapioca não é mais apenas o
polvilho com um pouco de coco ralado e manteiga da terra, servida de forma
enrolada e comida com as mãos. É tapioca de
frango, muzarela, brigadeiro, goiabada e doce de leite, entre outras
possibilidades, e é comida com garfo e faca. O pão de queijo, por sua vez, não
é mais só de queijo. É também de
calabresa, goiabada, chocolate, frango e por aí afora. Continua, no
entanto, a ser comido com as mãos. Do lugar simples da cozinha com fogão a
lenha para a lanchonete, o restaurante e o hotel sofisticado, esses alimentos
mudaram de lugar e foram transformados.
Referências Conexas
Montanari, M. (2006). Food is culture. New York: Columbia University Press.
Muzzio, H., & Castro, D. J.
de. (2008, junho). Quantos somos nós? Uma reflexão sobre os brasis culturais. Anais do Encontro de Estudos Organizacionais,
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 5.
Silva, R. C. T. da, Lucena, K.
& Fragoso, P. M. de A. (2011). A tapioca de Olinda em food design – uma
releitura da raiz até o Alto da Sé. Revista
de Trabalhos Acadêmicos, 3, 1-66.
Solier, I. de. (2013). Food and the self: consumption, production and material culture.
Oxford: Berg Publishers.
Souza, M. D. C. A., & Hardt, P. P. (2002). Evolução
dos hábitos alimentares no Brasil. Revista
Brasil Alimentos, 15, 32-39.
É interessante como o brasileiro adapta a alimentação de diferentes culturas. Outro exemplo, é a comida japonesa.
ResponderExcluirHá alguns dias atrás recebemos um professor da Espanha e ele ficou admirado com as adaptações da culinária japonesa feita por brasileiros.
Olá, Aurea!
ExcluirObrigado pela visita e pelo comentário.
De fato, a adaptação e as mudanças nos alimentos são intensas por aqui. Não sei como acontece em outros países, mas suponho que seja algo semelhante. O que mais me chama a atenção é a ressignificação que os alimentos recebem, como, por exemplo, algo que é simples e se torna sinônimo de sofisticado.
Até a próxima.
Dá uma olhada no meu Blgo trabalho com pão de queijo e alguns anos resolvi encrementar os sabores ,tudo surgiu devido a demanda e concorrência ser grande na minha cidade pra diversificar o produto ousei nas ideias .O link é http://paodequeijocaseirocongelado23.blogspot.com.br/2012/04/tabela-de-precos-valida-de-abril-julho.html
ResponderExcluirOlá, Elaine!
ExcluirObrigado pela visita e comentários. Certamente visitarei o seu blog. Parabéns pela sua iniciativa quanto à diversificação na produção de pão de queijo.