domingo, 8 de julho de 2012

Preconceitos da propaganda contra idosos

Dentro de poucos anos o Brasil não será mais um país jovem. Pouco se fala nisso, mas segundo dados do IBGE, 11% da população brasileira atual tem 60 ou mais anos de idade e esse percentual tende a aumentar a cada ano que passa. Conforme projeções do IBGE, divulgada após o mais recente Censo, em 2050 serão 65 milhões de idosos.

Esses dados colocam em perspectiva uma situação curiosa: pelo menos por enquanto, os idosos brasileiros não conseguem se ver nas propagandas veiculadas no país. Idosos possuem renda, consomem inúmeros produtos e serviços, mas quando os publicitários de plantão usam suas imagens associadas a práticas de consumo, em geral as usam para colocá-los, no máximo, como coadjuvantes. Em algumas situações, usam imagens que até mesmo causam constrangimento ou os ridicularizam, como nas propagandas da cerveja de marca Nova Schin na televisão ou do UOL em revista – no primeiro caso dois jovens são perseguidos por idosas e no segundo uma idosa demonstra lentidão no uso de equipamento eletrônico.

Em uma sociedade que valoriza a juventude e que tanto cultua a estética do corpo, como será a propaganda nos próximos anos? Idosos continuarão a ser ignorados, como se não existissem, não fizessem parte da população e não consumissem? O país do futuro está envelhecendo, mas, aparentemente, ainda não percebeu.

Referências Conexas

Camargo, L. O. de L., & Bueno, M. L. (2008). Cultura e consumo: estilos de vida na contemporaneidade. São Paulo: Senac.

Debert, G. G. (2003). O velho na propaganda. Cadernos Pagu, 21, p. 133-155.

Moschis, G. P., Mosteller, J., & Fatt, C. K. (2011). Research frontiers on older consumer’s vulnerability. Journal of Consumer Affairs, 45(3), p. 567-491.

Ursic, A. C., Ursic, M. L., & Ursic, V. L. (1986). A longitudinal study of the use of the elderly in magazine advertising. Journal of Consumer Research, 13(1), p. 131-133.

4 comentários:

  1. Giovanni, no ano passado um caso comuns desses que você menciona motivou uma estudante lá da EA/UFRGS a fazer seu texto de TCC. Segundo ela, um dia desses, em conversa com sua mãe, uma mulher de 45 anos, o seguinte: pôxa! quando olho essas propagandas na televisão sobre absorventes me sinto muito desrespeitada como mulher: até parece que as mulheres deixam de menstruar logo após os 25 anos de idade! (Ariston)

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    1. Salve, Ariston!

      Obrigado pela visita. Realmente é um absurdo o que a publicidade (comunicação de marketing) faz por meio de suas peças e campanhas no que se refere a desconsiderar e ignorar tudo o que não é jovem e possui a estética da sociedade do espetáculo. Claro que não faria sentido a publicidade querer vender produtos com imagens duras, feias ou tristes, mas o que ela tem feito termina por ser uma forma de segregação.

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  2. Esta é uma questão importante, pois a exclusão do idosso também acontece quando não é oferecido produtos e serviços adequados à ele. Fico imaginando porque não existe aqui no Rio um loja segmentada só para este público. (Bill)

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    1. Grato pela avisita, Bill!

      Sua observação é uma excelente contribuição: de fato, a indústria ainda não oferece, pelo menos em larga escala, produtos e serviços adequados para pessoas com 60 ou mais anos de idade. Curioso como a indústria é míope. Tão míope, ou medíocre, como os executivos que admitiram para a Revista Exame que as empresas possuíam preconceitos em oferecer linhas de produtos destinados a consumidores de baixa renda. Esse é o mercado chamado inteligente!

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