domingo, 1 de julho de 2012

A bobagem da pegada ecológica


A Rio +20 terminou, muito se discutiu e mais uma vez, longe das atribuições de responsabilidades aos Estados membros da ONU (Organização das Nações Unidas), várias organizações que defendem a sustentabilidade voltaram suas baterias para o indivíduo, especificamente para o consumo de recursos naturais por parte dos indivíduos e, por conseguinte, de suas famílias. A capacidade que organizações como, por exemplo, a WWF (Fundo Mundial para a Natureza) possuem para responsabilizar o consumidor individual pelas condições do planeta, muitas vezes beira a falta de bom senso. As relações de consumo entre consumidores individuais e organizações empresariais, em termos de capacidade de agência, são absolutamente assimétricas. Atribuir, portanto, a responsabilidade pela salvação do planeta ao consumidor individual é algo, sem sombra de dúvidas, inócuo!

Na tentativa de mensurar e, por conseguinte, responsabilizar o consumo individual pelo uso de recursos e pela condição de sustentabilidade do planeta, a Global Footprint Network criou, tempos atrás, uma forma de calcular o que chamam de pegada ecológica. Trata-se de mensurar o quanto de recursos naturais cada indivíduo consome e qual é o impacto desse consumo – ou do estilo de vida do indivíduo – sobre o meio ambiente.

Mais importante, e necessário, seria focar sobre o consumo de recursos por parte de organizações empresariais – companhias nacionais, multinacionais e transnacionais – e o impacto sobre o meio ambiente decorrente desse consumo. Os vestígios ecológicos que consumidores organizacionais deixam são enormes e terminam por definir o tamanho e a intensidade das pegadas dos consumidores individuais.
 
Referências Conexas
 
Maia, G. L. &Vieira, F. G. D. (2004). Marketing verde: estratégias para produtos ambientalmente corretos. Revista de Administração Nobel, 2(3), p. 21-32.
 
Oliveira, J. S. & Vieira, F. G. D. (2008). Produção simbólica e sustentabilidade: discutindo a lógica da salvação da sociedade pela mudança nos modos de consumo. Caderno de Administração (UEM), 16(2), p. 35-43.

Nenhum comentário:

Postar um comentário