quarta-feira, 4 de julho de 2012

O Cheiro do Ralo

Não há sociedade sem materialidade. Os objetos que usamos e que estão presentes em nosso cotidiano representam essa condição. Compõem a cena doméstica – inclusive a paisagem urbana. Na maior parte do tempo, passam despercebidos e são lembrados quando necessários. Nesses casos, recebem sentidos, ganham significados e até se tornam símbolos. É algo inerente à cultura material.

O filme O Cheiro do Ralo (Brasil, 2007, Comédia/Drama, 112 minutos), direção de Heitor Dhalia, roteiro de Lourenço Mutarelli, Marçal Aquino e Heitor Dhalia, com Selton Mello e Paula Braun, revela de forma ímpar a transversalidade da cultura material em nosso cotidiano. Tal revelação ocorre de forma dolorosa por meio da transferência de posse dos objetos, que é algo central no enredo do filme. De modo estarrecedor, o filme trata de valor material, valor monetário e valor simbólico.

Trata-se de oportunidade para se observar significados que atribuímos aos objetos ao tê-los sob nossa posse e uso. É, também, uma ótima ocasião para verificar aquilo que outros lhe atribuem quando colocados em perspectiva de troca e comercialização e não apenas de uso. Dito de outra maneira, é uma excelente oportunidade para assistirmos de que maneira construímos e transferimos significados para os objetos – poderia até servir de ilustração para algumas das obras de Daniel Miller ou Grant McCracken.

Esse post compõe uma série chamada "Filme". Trata-se de sugestões de filmes.

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