Não há sociedade sem materialidade. Os objetos que usamos
e que estão presentes em nosso cotidiano representam essa condição. Compõem a
cena doméstica – inclusive a paisagem urbana. Na maior parte do tempo, passam
despercebidos e são lembrados quando necessários. Nesses casos, recebem
sentidos, ganham significados e até se tornam símbolos. É algo inerente à
cultura material.
O filme O Cheiro do Ralo (Brasil, 2007, Comédia/Drama, 112 minutos), direção de Heitor
Dhalia, roteiro de Lourenço Mutarelli, Marçal Aquino e Heitor Dhalia, com Selton
Mello e Paula Braun, revela de forma ímpar a transversalidade da cultura
material em nosso cotidiano. Tal revelação ocorre de forma dolorosa por meio da
transferência de posse dos objetos, que é algo central no enredo do filme. De
modo estarrecedor, o filme trata de valor material, valor monetário e valor
simbólico.
Trata-se de oportunidade para se observar significados
que atribuímos aos objetos ao tê-los sob nossa posse e uso. É, também, uma
ótima ocasião para verificar aquilo que outros lhe atribuem quando colocados em
perspectiva de troca e comercialização e não apenas de uso. Dito de outra
maneira, é uma excelente oportunidade para assistirmos de que maneira
construímos e transferimos significados para os objetos – poderia até servir de
ilustração para algumas das obras de Daniel Miller ou Grant McCracken.
Esse post compõe uma série chamada "Filme". Trata-se de sugestões de filmes.
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