quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Um livro por ano

Um fenômeno de mercado despertou a minha atenção entre o final do ano passado e o início desse ano. Os livros têm sido objeto de um trabalho bem mais articulado de lançamento e divulgação para consumo no período que compreende as festividades de final de ano e o verão que, como sabemos, coincide com o período das férias escolares. Antes havia destaque quase que exclusivo para os filmes que seriam lançados e exibidos nos cinemas nesse período, bem como para os DVDs que chegariam às locadoras visando ampliar os catálogos e oferecer mais opções de escolha para locação.

A indústria editorial está mais madura e adota técnicas mais arrojadas para a relação com o mercado, mas os resultados ainda deixam a desejar no que se refere à formação do hábito de leitura no país, o qual também depende de ações governamentais. Segundo dados da pesquisa Retratos da Leitura, realizada pelo Instituto Pró-Livro, os brasileiros lêem um livro por ano. É muito pouco! E issso, somando-se toda a espécie de livros disponíveis, desde romances e didáticos, até religiosos, o que inclui a Bíblia.

De acordo com a pesquisa, livros significam conhecimento, crescimento profissional e desenvolvimento cultural, entre outras representações simbólicas. Curioso é que, ainda conforme a pesquisa, uma entre cada quatro pessoas não fazem a menor ideia sobre o papel da leitura. Talvez isso esteja relacionado ao alto índice de analfabetismo no país, o qual circula em torno de 10%. De qualquer modo, lembra-me o caso que certa feita ouvi sobre uma universidade paulista que definiu “a importância do laser na vida do homem” como tema de redação para o vestibular. Na oportunidade, mais de 50% dos vestibulandos foram reprovados logo de saída ao fazerem redação no primeiro dia de exames. Lamentavelmente, confundiram laser com lazer e, assim, como se diz na linguagem dos cursinhos pré-vestibulares, zeraram a redação.

Referências Conexas

ADKINS, Natalie R.; OZANNE, Julie L. The low literate consumer. Journal of Consumer Research, v. 32, n. 1, p. 93-105, 2005.

HALLEWELL, Laurence. O livro no Brasil. São Paulo: EDUSP, 2005.

LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. A formação da leitura no Brasil. São Paulo: Ática, 1998.

3 comentários:

  1. Caro Francisco,

    Seu texto tem o mérito de deixar bem claro que livro é mercadoria, demanda consumo. É que alguns apologistas da leitura tendem a esquecer este simples "detalhe".

    Abraços e tudo de bom,

    blog: http://antoniozai.wordpress.com

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  2. Professor Giovanni,

    A importância da leitura é indiscutível, mas é real que as pessoas não têm esse hábito.
    Na minha opinião, a rapidez da Internet pode ser um "dificultador" quanto a busca de informações de forma mais imediata e assim, a leitura de livros fica prejudicada, pois é possível buscar com facilidade, resumos e resenhas no Google.

    Mas por outro lado, a Internet é positiva, pois facilita a busca e a disponibilização de materiais, incluindo livros, e isso pode ajudar no incentivo a leitura.

    Parece contraditório, mas é o que ocorre.

    Mas para finalizar, ler é fundamental, porém deve ser um bom título, pois não adianta também ler qualquer coisa só para dizer que tem o hábito da leitura.

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  3. A literatura no Brasil é uma arte com um público bastante restrito, mas poderia expandir sim, e é possível fazer isso. A motivação pela leitura deve começar desde o início da educação da pessoa. Cabe aos pais mostrar que um gibi pode ser tão emplgante quanto um desenho animado e, assim, fazer os jovens compreenderem que um romance policial também pode ser tão emocionante quanto um filme e ação. Um grande exemplo de que é possível fazer os jovens deixar um pouco as redes sociais de lado e abraçar-se com um livro foi nas sagas Crpusculo, Hery Potter e Senhor dos Aneis.Com isso, é possível compreender que basta apenas que os escritores foquem no público jovem e que haja uma boa divulgação desse contudo. A leitura não é somente fundamental, é também agradável. Se a indústria editorial abrisse mais oportunidades e se houvesse mais público, certamente um escritor seria tão visto quanto um cantor ou ator. No Brasil, um dos poucos escritores que ainda possuem um certo reconhecimento de públicos são os roteiristas de telenovelas.

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