O falecimento de Pena Branca na última segunda-feira traz tristeza para os amantes da música caipira e para os que apreciam a viola como instrumento musical. Nunca gostei de música caipira, mas, paradoxalmente, sempre gostei do som da viola. Quando criança, costumava ouvir sons de viola nas feiras livres e no mercado central, quando acompanhava minha mãe nas compras, geralmente nas manhãs de sábado.
Pena Branca pertenceu a uma geração de músicos, considerados caipira de raiz, que não foram alavancados profissionalmente por meio do trabalho desenvolvido por assessores poderosos ou que lançavam mão do jabaculê. Passa para a história da música brasileira por talento e autenticidade, que foram construídos e compartilhados com seu irmão Xavantinho, falecido pouco mais de dez anos atrás.
A indústria musical sempre aproveita essas ocasiões para relançar CDs constantes em seus catálogos musicais e para reunir artistas com o objetivo de prestar uma “homenagem” àqueles que já se foram. Tal “homenagem”, a rigor, não passa de um eufemismo, pois, seja feita por gravadoras ou por artistas individuais, tem sobretudo o sentido de aproveitar a ocasião da morte de alguém para lançar um novo produto no mercado fonográfico.
Pena Branca foi o nome artístico escolhido por José Ramiro. Um nome bastante simbólico para um músico negro que se insere entre aqueles que nos ajudam a lembrar que, como diz Fernando Brant em bela letra escrita para uma música de Milton Nascimento, “o Brasil não é só litoral”.
Referências Conexas
CALDAS, Waldenyr. Acorde na aurora: música sertaneja e indústria cultural. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1977.
SOUZA, Walter. Moda inviolada: uma história da música caipira. São Paulo: Quiron, 2005.
Olá Giovanni!
ResponderExcluirSó agora soube do falecimento de Pena Branca, e mesmo sendo assumidamente avesso à musica sertaneja moderna, confesso que sempre me encantei com moda de viola, tenho a discografia completa de Pena Branca e Xavantinho em meu pc.
A cultura brasileira perde um ícone nessa categoria musical, nem sempre tão valorizado pela mídia, mas de qualidade inigualável em suas melodias, poesias e fidelidade às origens.
Consternado pela notícia...