quarta-feira, 16 de março de 2011

Um Professor em Apuros

A vida de professores universitários nunca foi tão difícil quanto em anos recentes. É preciso publicar. Paradoxalmente, publicar mesmo sem ter necessariamente o que dizer. No Brasil, as agências de fomento, como o CNPq e a CAPES, exigem produção. Produção, no caso, é sinônimo da publicação de inúmeros artigos. Há professores que conseguem tal proeza. Se são originais, frutíferos, consistentes ou se contribuem efetivamente com as suas áreas de atuação acadêmica, é uma outra coisa.

Há um filme estadounidense que aborda muito de perto essa questão da produção acadêmica por parte de professores. Lá, nos Estados Unidos, há uma forma ou sistema de avaliação que se chama “tenure track”. Em uma tradução aproximada, quer dizer caminho para a estabilidade. Em geral, são cinco anos de trabalho por parte de professores universitários, que deverão publicar de forma consistente e continuada para conseguir a estabilidade.

O filme Um Professor em Apuros não é exatamente um primor da chamada sétima arte – pelo contrário, é uma comédia até certo ponto atrapalhada –, mas ajuda a entender como funciona o sistema em busca da estabilidade. O personagem central do filme chama-se Charles, um professor de Inglês, que é interpretado pelo ator Luke Wilson. Há, ainda, dois outros personagens importantes no enredo: um professor de antropologia, interpretado por David Koechner, e uma professora de Inglês, interpretada por Gretchen Mol. O antropólogo é completamente ridicularizado durante o filme, enquanto a professora de Inglês é colocada na posição de uma boa moça. A direção é de Mike Million. O filme foi produzido em 2009.

Esse post compõe uma série chamada “Filme”. Trata-se de sugestões de filmes.

8 comentários:

  1. Será que a produção "sem freios" de artigos acadêmicos apenas para cumprir tabela, não seria apenas mais uma forma de "maquiar" as estatísticas públicas no que se refere aos números da Educação no Brasil.

    Tudo neste país é na base do "jeitinho" inclusive as estatísticas públicas que dificilmente refletem a realidade da nossa sociedade...

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  2. Caro Giovanni,

    Sugestão de filme anotada.

    Há algum tempo atrás li dois textos interessantes sobre a produção acadêmica brasileira e o seu modo de avaliação.

    http://cienciabrasil.blogspot.com/2011/03/citacoes-por-paper-em-medicina-uma.html

    http://metodologiaci.blogspot.com/2011/02/sera-que-o-web-qualis-e-o-melhor.html

    Abraços,

    Ronei

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  3. Eita sono. Onde esta escrito "Há algum tempo", leia-se "Algum tempo"

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  4. Redescobrimento,

    Entendo, do mesmo modo que você, que a cultura do "jeitinho" ainda está bastante presente em nossa sociedade. Penso que continuará por muitos e muitos anos, pois é uma questão de formação cultural.

    Obrigado por visitar o blog.

    Francisco Giovanni

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  5. Caro Ronei,

    Obrigado pela visita e pelas sugestões dos textos.

    Um abraço,

    Francisco Giovanni

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  6. Olá!

    Infelizmente para sobreviver é preciso "conviver" como sistema que atende a interesses específicos. Quem dera houvesse um tempo em que os grandes pesquisadores pudessem se sentir a vontade para escolher em que trabalhar e o que publicar, ainda que essa escolha levasse anos ou até mesmo uma vida.

    Abraços!

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  7. Pois é, Lucia Helena,

    O sistema está aí e, como você mesma diz, é preciso conviver com ele e com a diversidade de interesses que existe associada a ele.

    Um abraço,

    Francisco Giovanni Vieira

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