quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Coca-Colla

A Coca-Cola acaba de encontrar um novo concorrente. Trata-se da Coca-Colla. Isso mesmo, Coca-Colla, com dois eles, do mesmo modo que Collor, aquele presidente que sofreu impeachment e hoje em dia é senador.

A Bolívia, por meio do seu presidente, Evo Morales, decidiu produzir um novo refrigerante à base de coca, cujo nome será Coca-Colla, de cor preta e rótulo vermelho. Os bolivianos da região dos Andes, tradicionais produtores de coca, agradecem a iniciativa do irmão Evo. Será mais um produto à base de folha de coca, que irá se juntar aos já existentes como chá, creme dental e farinha.

Como um ícone de consumo mundial, independentemente de ser produzida desde 1886 e estar presente em mais de 200 países, certamente a Coca-Cola se incomodará com essa iniciativa latino-americana. Talvez, entretanto, o governo estadounidense se incomode mais ainda, especialmente por questões relacionadas à propriedade de marcas e patentes. A Coca-Cola parecer ter maiores preocupações, como, por exemplo, o seu envolvimento com a China, onde acelerou o processo de expansão da sua marca e irá investir a bagatela de 2 bilhões de dólares nos próximos 18 meses.

A Coca-Colla será mais um meio para expressar cultura. Resta esperar para ver que significados, públicos e privados, ela terá por meio de seu consumo e que identidades ajudará a constituir. Só não pode terminar no fechamento de locais de venda e racionamento de energia como Chávez faz atualmente na Venezuela.

Referências Conexas

LEVITT, Theodore. The globalization of markets. Harvard Business Review, v. 61, n.3, p.92-102, 1983.

MILLER, Daniel. Coca-cola: a black sweet drink from Trinidad. In: MILLER, Daniel (Ed.) Material Cultures: why some things matter. Chicago: University of Chicago Press, 1998. pp.169-188.

12 comentários:

  1. Salve companheiro!

    Notícia quente e atitude altamente provocativa, acredito eu... terá adesão incondicional de um certo venezuelano e tem grandes chances de conquistar milhares de consumidores jovens adeptos ao anti-americanismo, aqueles que boicotam o McDonalds e a Coca-cola por ideologia, mas que usam Microsoft, HP, Ford e Chevrolet por conveniência...

    Pontos a favor: repercussão gratuita da mídia espontânea jornalística e a curiosidade de milhares de pessoas no mundo a fora para ver e experimentar o produto.

    Pontos contra: será fortemente combatida pela marca Coca-cola como plágio.

    Conclusão: depois de gerar bastante rebuliço e polêmica, perdendo a ação judicial, Morales vai criar uma nova marca e sair se fazendo de vítima do imperialismo econômico norte-americano, provocando uma segregação cada vez maior, mais forte e até violenta entre os que odeiam os americanos e os que desprezam essa richa dos complexados que se consideram eternamente prejudicados.

    Essa bobagem pode até fortalecer a Coca-cola, pois estão desenvolvendo refrigerante e outras bebidas (leite saborizado, já lançado como piloto em teste no Perú) com matéria prima natural, como a stévia, e devem iniciar um trabalho de comunicação focado a um refrigerante com apelo mais saudável, revigorando a marca e estabelecendo uma mudança no conceito que antes era só prazer, e agora será prazer e saúde.

    Não deixe de visitar o nanoberger.blogspot.com

    Grande abraço!
    Adriano

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  2. E eu achava que era somente os chineses que "copiavam" tudo... parece que mais "alguém" está adotando tal prática.

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  3. A colla representa a cultura do país? a atitude protecionista? ou a fixação do poder?

    Valter

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  4. Colegas,

    A ação anotada me parece mais propaganda estatal de consolidação do governo de Evo Morales do que uma inicativa empresarial produtiva. No que diz respeito a cultura, é preciso cuidado, na análise, para que nossa posição não seja contaminada pela abordagem "main stream" liberada pelo neoliberalismo mundial, especialmente da vertente americana. No que diz respeito a consumo, sugiro leituras sobre o tema "marcas talibãs", que se referem a marcas menores e regionais, que atacam marcas maiores, contudo limitadas geográfica e estruturalmente.
    César Renato ... Professor.

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  5. meu caro,

    se me permite um comentário insólito, nada se compara à gloriosa tubaína Ouro Verde, que marcou época por aqui.

    abraço


    reginaldo dias

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  6. Como já dito por Adriano e César Renato, me parece que a colla nada mais é uma forma de Morales voltar à cena com temas polêmicos e repercussão mundial, afinal de contas ele vive de mídia gratuita por suas ações muitas vezes ingratas.

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  7. A ideia de Evo Morales seria consolidar a figura estatal forte de sua cultura. A cultura de que o estado pode e/ou deve fornecer de tudo para a comunidade (já havia feito isto com a TV daquele país, não?). Entao, além da coca-colla, será que logo teremos, com base nisto, McMorales, SubwayEvo, Bolivia-Drive-tru?

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    Outra coisa que justifica a criação da colla-cultura-Bolívia:

    Juan Evo Morales Ayma (Orinoca, Oruro, 26 de Outubro de 1959) é o atual presidente da Bolívia e líder do movimento esquerdista boliviano cocalero, uma federação de agricultores que tem por tradição o cultivo de coca para atender um costume milenar da nação que é mascar folhas de coca. Evo Morales notabilizou-se ao resistir os esforços desenvolvidos pelo governo dos Estados Unidos da América na substituição do cultivo de coca na província de Chapare por bananas originárias do Brasil, embora seja sabido que grande parte da produção de cocaína mundial advenha das plantações bolivianas.
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Evo_Morales

    Abracos
    Valter
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  8. Grande Chico!

    Parabéns pela iniciativa em trazer assuntos tão interessantes relacionados ao consumo para seu blog.

    Sua iniciativa me lembrou de um texto que gosto muito, escrito há mais de 50 anos por um sociólogo chamado C. Wright Mills: ON INTELLECTUAL CRAFTSMANSHIP

    http://ddl.uwinnipeg.ca/res_des/files/readings/cwmills-intel_craft.pdf

    O texto fala sobre o quanto o ato de escrever é importante na vida de um acadêmico.

    SUCESSO NO BLOG!!! de vez em quando vou dar uma passada para ver as novidades...

    abração,
    Brei

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  9. Olá, Brei!

    Obrigado pela visita e pelos comentários incentivadores. Quando puder, pase por aqui. Será um prazer receber sua visita.

    Obrigado pela sugestão da leitura do texto do Mills.

    Abraço,

    Vieira

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  10. Ola professor, como é interessante, apenas com uma letra pode vir a ter uma repercussão desta.
    Peço a Deus que os EUA não queiram destruir nossos vizinhos por conta desta noticia.

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