domingo, 17 de fevereiro de 2013

A onipresença das motos

Motos em estacionamento universitário

São 16 milhões! Uma frota e tanto. Segundo dados do Governo Federal, há três vezes mais motos hoje do que havia dez anos atrás, quando a frota era de 5 milhões. Há uma moto para cada 2,6 automóveis. Dez anos atrás essa proporção era de 1 para 4,6.
 
A cultura material em torno das motos mudou. As concepções de liberdade e juventude não mais prevalecem quanto ao seu uso. O que se observa atualmente é uma construção em torno de mobilidade, praticidade e economia.
 
Isso parece ser fruto do crescimento das cidades e da insuficiente oferta de transporte público, que não tem acompanhado satisfatoriamente o ritmo desse crescimento. Nesse cenário, acrescido de um período economicamente favorável, a moto passou a ser uma opção acessível para consumo. O seu preço relativo caiu, aumentou significativamente a variação e oferta dos modelos disponíveis, e inúmeros agentes de mercado, tais como, bancos, seguradoras, empresas de combustível, oficinas de manutenção e assistência técnica, lojas de peças de reposição, auto-escolas, e os governos federal e estaduais têm auferido crescentes ganhos financeiros e econômicos com o consumo de motos. O efeito colateral é visto no trânsito cada vez mais caótico e no aumento do número de acidentes que, por sua vez, geram custos para o Estado.
 
Referências Conexas
 
Guy, C. (2009). ‘Sustainable transport choices’ in consumer shopping: a review of the UK evidence. International Journal of Consumer Studies, 33(6), 652-658.
 
Halnon, K. B., & Cohen, S. (2006). Muscles, motorcycles and tattoos: gentrification in a new frontier. Journal of Consumer Culture, 6(1), 33-56.
 
Schouten, J. W., & McAlexander, J. H. (1995). Subcultures of consumption: an ethnography of the new bikers. Journal of Consumer Research, 22(1), 43-61.

Vasconcellos, E. A. (2008). O custo social da motocicleta no Brasil. Revista dos Transportes Públicos, 30/31(3-4), 127-142.

2 comentários:

  1. Infelizmente é dessa forma que nosso governo permeia algumas "melhorias" no nosso cotidiano. Reduz as taxas e os custos de produção de motos, mas o tiro sái pela culatra e precisa gastar horrores diante do volume de acidentes. Deve-se investir em transporte público, construção de metros e meios alternativos de locomoção. Vide EUA, onde motos são artefato de luxo na população.

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  2. Lendo este post lembrei de uma das capas do Jornal O Diário, publicado em 2011, que anunciava qual seria o perfil da próxima vítima do ano de trânsito em Maringá (seria 80ª na época). Segue link da reportagem.

    http://maringa.odiario.com/maringa/noticia/523094/motociclista-entre-20-e-29-anos-e-o-que-mais-morre-no-transito/

    O cenário que o professor descreveu aponta bem os elementos de mercado que envolvem o alto consumo das motos, bem como os elementos de trânsito e qualidade de vida. Indo além, este fenômeno se transforma em uma questão de saúde pública. Chama atenção quando um jornal de grande circulação já anuncia quem será a próxima vítima fatal de um acidente no trânsito:

    "As estatísticas de mortes registradas este ano no trânsito de Maringá indicam que são grandes as chances de a 80ª vítima ser um homem com idade entre 20 e 29 anos, que vai sofrer acidente pilotando uma moto entre as 18 horas e a meia-noite, quando estiver trafegando por uma avenida."

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