segunda-feira, 22 de março de 2010

O Google saiu da China

Finalmente aconteceu. O Google saiu da China. Simplesmente abandonou a economia que mais cresce em todo o mundo. As previsões são de que em pouco tempo a China ultrapasse os Estados Unidos e se torne a maior economia do mundo. Talvez quando isso acontecer, ou mesmo antes, o Google volte a operar na China. Infelizmente, não saiu porque a China remunera mal a mão-de-obra que possui, porque não preserva o meio ambiente, porque desenvolve práticas comerciais abusivas, porque seus produtos não têm a qualidade desejada, porque não respeita os direitos individuais, porque pratica a censura, porque persegue pessoas que expressam livremente seus pensamentos ou porque é um regime autoritário. Saiu porque se sentiu ameaçado por espionagem industrial. E não foi para tão longe assim: está em Hong Kong.

Referências Conexas

BATTELLE, John. The search: how Google and its rivals rewrote the rules of business and transformed our culture. New York: Portfolio Trade, 2006.

SLEVIN, James. The internet and society. Oxford: Blackwell Publishers, 2001.

7 comentários:

  1. Olá meu amigo Giovanni! Ando sumido mas cheguei...

    Essa decisão do Google é polêmica, e deixa margem para centenas de interpretações. Na minha opinião o que pesou mais alí foram as restrições locais relacionadas à censura. Uma ferramenta de pesquisa, expressão e informação irrestrita como o Google certamente conflitou com alguma exigência governamental, como quebra de sigilo dos usuários, o que vai contra a política da companhia e é legalmente conflituoso até para o esclarecimento de crimes no ocidente... imagine na China.

    Forte abraço!
    Adriano Berger

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  2. Olá, Adriano!

    Obrigado por visitar o blog! Penso que a censura incomodou e, de fato, é algo que pode comprometer a imagem do Google perante os seus usuários. Não obstante, avalio que os constantes ataques sofridos pelo Google, a partir de bases chinesas, especialmente de centros de pesquisa e universidades, incomodaram mais. A China mais copia do que cria hoje em dia. O Google pode ter sua tecnologia devassada a qualquer momento. Sair da China ou dificultar a relação com a China parece ser uma medida mais empresarial do que efetivamente preocupação política. A questão intrigante no que se refere à censura é que o Google está presente em outros países que também praticam censura mundo afora; ou seja, o Google não se incomoda que censurem os outros, mas se incomoda se for censurado! Portanto, acho que o que pesa é o bolso, nesse caso.

    Um abraço,

    Francisc Giovanni Vieira

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  3. ACHEI CERTISSIMA A DECISÃO TOMADA PELA GOOGLE, A CHINA QUER IMPOR CENSURA NUMA TECNOLOGIA QUE NÃO É DELA. UM PAÍS QUE NÃO RESPEITA NEM OS DIREITOS HUMANOS, COMO É QUE A GOOGLE SE SENTIRIA NUM PAÍS DESSE.

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  4. Meio estranhas essas qualificações todas para a China. Pensei que estávamos falando do Brasil: "remunera mal a mão-de-obra que possui" = veja a quantidade de gente pobre, alienada, que trabalha apenas para sobreviver instintivamente e consumir sem refletir sobre suas atitudes e o que é ser verdadeiramente um cidadão social e cultural; "porque não preserva o meio ambiente" = pense no novo código florestal, legislações que estimulam a degradação ambiental por dinheiro, desde a época do discurso " a poluição é o preço do progresso"; "porque desenvolve práticas comerciais abusivas" = veja o preço dos alimentos no mercado, o superfaturamento de obras públicas, a quantidade de impostos que pagamos pela baixa qualidade dos resultados que temos em nossos pratos e em construções públicas; "porque seus produtos não têm a qualidade desejada" = bons produtos brasileiros sao caros ou sao importados para outros países, não há incentivo para produção nacional ou artesanal; "porque não respeita os direitos individuais" = veja como muitos medicos, policiais, e outros funcionários públicos nos tratam; aqui o que impera é a lei de quem pode pagar - já precisou de um atendimento público, como sus?; "porque pratica a censura" = aqui temos grandes emissoras de tv que manipulam a maior parte da população, quer censura maior do que aquela imposta em lavagem cerebral - herois como o competidor do BBB, a rainha dos baixinhos, o rei do futebol ou o que possui mais dinheiro; "porque persegue pessoas que expressam livremente seus pensamentos" = aqui somos obrigados e nos acostumamos a pensar como a maioria, como se houvesse de fato um consenso sobre o que queremos como sociedade, não temos liberdade de escolher nossa sociedade, só escolhemos o que comprar e como pagar; "porque é um regime autoritário" = vivemos uma falsa democracia, ninguém faz referendo sobre o que interessa ao povo, mesmo que façamos abaixo-assinados com mais de 2 milhoes de assinaturas. Nossa sociedade é mal educada, não tem acesso à cultura que não seja a cultura do consumismo, ou à qualidade de vida - já que somos induzidos a pensar que qualidade de vida é poder e patrimônio econômico. Quanto às questões negativas que foram levantadas sobre a China, não vejo diferença no Brasil, fora o fato de que aqui acontece 'por debaixo dos panos'. Se por esses motivos, a google deveria sair daqui também. Ops, daqui os espertos não saem, tem muita gente que trabalha, não tem tempo pra pensar, mas tem tempo pra consumir e ajudar a manter famílias que ganham mais de 100 mil por mês

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    1. Prezado(a) Anônimo(a),

      Não há nada de estranho nas "qualificações" sobre a China! O fato é que a China não é tudo que dizem ser e, por questões econômicas, tem práticas plenamente toleradas pelo ocidente. Aliás, mais do que práticas toleradas, é aplaudida em seu capitalismo socialista/comunista (paradoxos existem e proliferam do ponto de vista econômico).

      Quanto aos paralelos por você traçados com a condição brasileira, muitos não só fazem sentido como de fato existem - a exceção que eu apontaria, nesse caso, diz respeito ao conceito de consumismo que parece lugar comum.

      No entanto, o post não tinha como objetivo mencionar a miséria brasileira, mas denunciar o falso encanto com a China.

      Obrigado pela visita,

      Francisco Giovanni

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    2. Olá, Concordo com sua afirmação de que a China não é tudo que dizem ser, aliás, não sei bem tudo o que dizem de lá, mas sei que lá mesmo há lugares impressionantes em que as pessoas não vivem na onda capitalista selvagem que nos acostumamos muitas vezes a viver por aqui. Há cidades pequenas, como acredito que também deve haver no nosso país, em que honestidade, bom senso, solidariedade, colaboração e humanidade são os principais valores que orientam as atividades diárias de seus cidadãos. Obviamente que isso não poderia ser a maioria, nem de longe. 'Shangri-la' não é o objetivo nem o ritmo da maioria, o objetivo da maioria é dinheiro e poder a qualquer custo.
      Aqui no Brasil, quando vejo, por exemplo, a autoridade que damos à bancada ruralista, ou o apreço que temos por 'pessoas bonitas', penso que também admiramos e mantemos certas práticas apenas por questoes economicas.
      Agora não entendo porque o consumismo não seria a ordem da vez no Brasil. Se pensarmos no nosso cotidiano, poderemos perceber a quantidade de coisas que a maioria de nós não precisa, mas deseja e compra, se puder (eg. microondas, carro do ano, roupas novas, lava-louças, calçados, certas coleções, equipamentos que fazem 'tudo o que voce precisa', e coisas maiores, como um big apartamento, um iate, jóias - que luxo, etc). Come-se em excesso, consomem-se recursos em excesso, produzem-se resíduos em excesso, e não se para pra pensar que isso nos é imposto por aqueles que nos manipulam. Às vezes, até há reflexão, mas preferimos fingir que não sabemos, talvez por comodismo, talvez por egoísmo ou outras razoes. E assim, perpetuam-se os problemas socioambientais que se mostram à nossa frente, mas preferimos escolher fixar nossa atenção aos problemas de outros países ou de outras cidades - e mesmo fixar atenção nos problemas ao invés das virtudes de um lugar - pois o ser humano é imperfeito, mas tem seu lado bom, que poderia ser estimulado.
      Sabe, pelo tamanho do post, pareceu que o objetivo foi mencionar a miséria da China, não percebi referência a quaisquer encantos desse país. E já que estamos acostumados com misérias todos os dias, como vemos nos meios de comunicação de massa, me pareceu uma crítica vazia.
      Desculpe se incomodei. Mas penso que poderíamos nos incomodar mais com os mendigos, as pessoas que sofrem pela falta de distribuição de renda, os problemas ambientais do avanço do desmatamento para alimentar a pecuária no Brasil do que criticar algo tão longe de nossa realidade. E, a partir dessa preocupação mais local, pensar como resolver isso, obviamente a longo prazo, mas procurando começar um dia desses. Talvez repensando nossos hábitos cotidianos e mudando nossa conduta individual, visando o bem comum e não apenas o bem da minha família ou da minha espécie. E talvez influenciando outros a pensar em razoes para serem pessoas melhores, no sentido daqueles valores nobres de respeito e convivência mútua no único e pequeno planeta que temos. Sabe, temos nossas contradições e defeitos, mas poderíamos refletir um pouco todos os dias sobre como melhorar nossa ação como o ser humano social ,racional, cultural que somos? Sinto se fugi um pouco do objetivo principal desse post e obrigada por permitir esse desabafo.

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    3. Prezado(a) Anônimo(a),

      Obrigado, mais uma vez, pela visita e pela interação.

      Reitero que, aproveitando a saída do Google da China, por razões que mostram nitidamente a incapacidade da China em respeitar liberdades e direitos, destaquei questões relativas à China, que estão longe, mas bem longe mesmo, dos aplausos que insistentemente o ocidente a ela dedica enquanto nação.

      Portanto, a sua consideração de que o post que fiz apresenta uma crítica vazia, parece-me deslocada do sentido e da proposição temática do próprio post.

      Ademais, você relaciona tantas coisas, e faz tantas denúncias em seus comentários - ou desabafos - que fico com a impressão de que a humanidade e, especialmente o brasileiro, é inviável. Do ponto de vista existencial, talvez você esteja certo(a), mas não apenas em relação ao brasileiro, e sim ao mundo inteiro, pois os problemas e questões que aponta em seus comentários não são específicos do Brasil. Eles são comuns à natureza humana, independentemente do local que habite.

      Francisco Giovanni

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