quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Solidariedade desviada

Muitas pessoas doam recursos materiais e financeiros para ajudar populações que são vítimas de desastres naturais. Nos últimos anos isso tem acontecido cada vez mais no Brasil devido às chuvas, sobretudo durante o verão. Quem doa esses recursos, o faz com o desejo de que possam ser úteis para alguém. Espera-se que possam ajudar a aliviar a dor e o sofrimento de algumas pessoas. Esse comportamento, além de ser nobre, do ponto de vista moral, é também um comportamento de consumo. Consumo da solidariedade. Consumo do sentimento de colaboração, do bem estar, da consciência tranquila, entre outras possibilidades.

Simbólico em sua essência, poucas vezes esse consumo foi tão desmotivado, e até mesmo ameaçado em sua extensão, como nos últimos anos. Os recursos doados não têm chegado até quem precisa. Chegam às cidades, mas não são disponibilizados para as pessoas, como é o caso de Nova Friburgo, cidade do Estado do Rio de Janeiro. Depois de ter sofrido com chuvas devastadoras no verão de 2011 e voltar a enfrentar situação semelhante no verão de 2012, a cidade não teve a implementação de recursos de origem privada e pública a ela destinados cerca de um um ano atrás.

A recém aclamada sexta maior economia do mundo tem consideráveis dificuldades não só para proteger seus cidadãos de catástrofes climáticas, como também para restaurar condições básicas de sobrevivência após tais eventos. O desvio de recursos está praticamente institucionalizado no Brasil.

Referências Conexas

BARNETT, Clive; CLOKE, Paul; CLARKE, Nick; MALPASS, Alice. Consuming ethics: articulating the subjects and spaces of ethical consumption. Antipode, v. 37, n. 1, p. 23-45, 2005.

MANCE, Euclides A. Redes de colaboração solidária. Petrópolis: Vozes, 2002.

PATERSON, Mark. Consumption and everyday life. Abingdon: Routledge, 2005.

2 comentários:

  1. Não há nada mais vergonhoso do que a forma como o brasileiro gere seus recursos. Depois, quando a China pune com penas capitais a corrupção os humanistas acham isso um absurdo...

    Na atual conjuntura, o judiciário brasileiro deveria pelo menos julgar a corrupção como crime de traição ao próprio povo, tornando-a 4 vezes mais pesada do que a pena imposta a um cidadão comum. É o mínimo de responsabilidade que o funcionário público ou elegível deve carregar em suas costas...

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  2. A tese de punir a corrupção como crime de traição ao próprio povo é muito instigante!

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