Durante um bom tempo ouvi falar de Saramago, mas sem me deter para apreciar suas obras. No momento em que o fiz pude perceber o quanto sua obra é capaz de lançar luz sobre importantes questões da sociedade contemporânea, assim como sobre questões universais relacionadas à condição e à natureza humana.
O que mais me chamou a atenção na leitura de Saramago foi perceber o quanto ele foge da zona de conforto que, via de regra, permeia obras de autores da língua portuguesa. Desde o estilo que imprimiu à redação de suas obras, onde a dicotomia e a linearidade são completamente abolidas, até a profundidade com que reuniu e teceu os elementos de sua narrativa, Saramago não faz um convite bem comportado à reflexão, ele provoca a reflexão!
A sua passagem, ocorrida no dia de ontem, deixa tristeza, mas também o contentamento de desfrutar da obra que nos legou. A esse propósito, destaco dois livros: “A Caverna” e “Caim”. O primeiro aborda a noção de mercado e as modificações em tempos de neoliberalismo e globalização. O segundo enfoca questões de nossa existência e condição perante o contexto cristão da sociedade ocidental. É impossível lê-los e permanecer incólume.
Referências Conexas
PRAXEDES, Walter L. de A. Elucidação pedagógica, história e identidade nos romances de José Saramago. São Paulo: USP, 2001. (Tese de Doutorado - Doutorado em Educação)
SARAMAGO, José. A caverna. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
SARAMAGO, José. Caim. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
No início do curso de Administração, por influência de uma amiga de sala, conheci e li Saramago.
ResponderExcluir"Ensaio sobre a cegueira".
Não conseguia parar de ler, estava impressionado pelo ritmo frenético e denso que a escrita praticamente sem pontuação, e a escolha das palavras conferiam ao texto.
Se tornou um dos meus escritores favoritos, não só por este livro, mas por outros... “Ensaio sobre a Lucidez”, “O Evangelho segundo Jesus Cristo” - possuindo desta vez um Jesus imagem e semelhança do homem (quem o criou?). Gerou polêmica, claro! Mas a genialidade era tanta, que a Igreja Católica em nota oficial em Portugal, lamentou a sua morte.
Se a igreja lamenta, imagina a gente!
O filme do F. Meirelles (Blindness) é muito bom, mesmo Saramago, em vida, não apoiando totalmente a idéia de que seus livros virassem filmes, eu torço para que isso aconteça!
Irei acatar a indicação dos livros! Vou ler Caim durante as férias... de dezembro! =)
boa viagem..