quarta-feira, 26 de setembro de 2018

The Handmaid's Tale, ou sobre controle social



Em um mundo distópico e misógino, mulheres são subjugadas, estupradas e reduzidas à condição de procriadoras. A fertilidade feminina é o passaporte para o inferno. Tudo em nome de um estado totalitário e "under His eye". Arrastada em um redemoinho de acontecimentos que invadem e interrompem seu cotidiano, a personagem June Osborne (Elisabeth Moss), casada com Luke Bankole (O-T Fagbenle) e mãe de Hannah Bankole (Jordana Blake), na minissérie The Handmaid's Tale (O Conto da Aia), vive uma saga em que tenta afirmar um ideário de resistência, liberdade, autonomia e capacidade de agência do indivíduo perante um sistema restritivo e coercitivo. As práticas sociais exibidas ao longo das cenas são circunscritas a uma situação disciplinar em que a punição é uma ação onipresente. Curiosamente, não há câmeras multi-situadas a observarem os personagens. O sistema de monitoramento é eletrônico - um dispositivo preso a orelha. Parece George Orwell, mas lembra mesmo é Michel Foucault. O controle e o exercício do poder está nas relações entre as pessoas - algo também presente no mundo em que vivemos. Exibida no Brasil pelo canal Paramount em emissoras de TV a cabo, a minissérie está em sua segunda temporada. Se você gosta de minisséries, e ainda mais se tem interesse na arquitetura das relações sociais, vale a pena conferir.

Referências Conexas

Foucault, M. (1988). Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal.

Foucault, M. (2014). Vigiar e punir - nascimento da prisão. Rio de Janeiro: Vozes.

Orwell, G. (2009). 1984. São Paulo: Companhia das Letras.

Vieira, F. G. D., & Gasparetto, O. (1999). Relações perigosas: nota de uma reflexão crítica sobre a implantação de programas de gestão da qualidade à luz da "Microfísica do Poder" de Michel Foucault. Caderno de Administração, 7(2), 129-134.

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