terça-feira, 21 de julho de 2015

Entretenimento em lugar de informação e análise



Parece que esqueceram que o Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão é um jornal - ou deveria ser um jornal. Se já não tinha análise, o jornal agora confunde informação com uma espécie de entretenimento de mau gosto. 

Ao tratar do nível de emprego (ou desemprego) no país, em uma reportagem que foi ao ar na noite de ontem (20/07/2015), o repórter trouxe São Longuinho para a reportagem, deu pulos e imprimiu um tom a sua fala como se estivesse fazendo uma matéria para o Fantástico - programa de final de semana da mesma emissora. Aparentemente, a ideia do repórter é que, considerando a queda no nível de emprego que atualmente ocorre no país, ao recuperar, ou no caso, achar o emprego de volta, o indivíduo deveria agradecer aquilo que estava perdido e foi recuperado dando três pulinhos para agradecer ao santo da Igreja Católica chamado São Longuinho - uma simpatia brasileira para quando se acha alguma coisa que estava perdida.

O jornalismo brasileiro pratica um mimetismo em relação às emissoras de TV estadounidenses com apresentadores falando em pé e circulando pelo estúdio e não mais ficando apenas sentados por trás das bancadas como antes. Agora é a vez das reportagens, em alguns casos, virarem peças de entretenimento. Pelo que se observa, pedir contextualização e análise seria pedir muito.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Marqueteiros para o consumo ético da Filosofia


"(...) Vai pegar lá o Kotler, tem um solzinho, né? Vai lá ... é ... prá você é o máximo que dá, velho. Num, num ... você tem o teto, num tem jeito ... num, né, é ... o vento venta, a maré mareia, o sapo sapeia e você é marqueteiro. Você ... dali prá cima você não passa. Você tá dando razão pros gregos, sabe? Nasceu pá, pá, pá coió ... num, num é da, da ,,, não pode". (Clóvis de Barros Filho)
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 atesta em seu Artigo 5o., Incisos IV e IX, que é livre a manifestação do pensamento, bem como é livre a expressão de atividade intelectual, artística, científica e de comunicação. Talvez por isso algumas pessoas acreditem ter licença para falar mal de profissionais que trabalham com marketing. E não é apenas falar mal por falar ou fazer um comentário à toa. É falar mal e falar de forma agressiva.

Em alguns momentos marketing é tratado como sinônimo de enganação e manipulação, sobretudo em períodos eleitorais. De modo simplista, confunde-se marketing com comunicação, notadamente de caráter eleitoral, e por extensão julga-se o profissional de marketing como um mentiroso contumaz. Em outros momentos, toma-se o profissional de marketing como um sujeito funcionalista, reducionista. 

Agora é a vez até mesmo de um professor de Ética e Filosofia Corporativa se referir aos profissionais de marketing como profissionais limitados. Mais do que isso, como pessoas intelectualmente pobres e que encontraram em marketing uma espécie de teto máximo até onde podem ir e entender o mundo em que vivem. É o que se assiste aos 3 minutos e 22 segundos em um vídeo de um curso ministrado pelo Prof. Dr. Clóvis de Barros Filho (USP, HSM) e que foi disponibilizado no YouTube em nome do Espaço Ética - é esse mesmo o nome: Espaço Ética; você não leu errado; não se surpreenda! 

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Paredes de vidro



Já há algum tempo que uma nova possibilidade de parede é ofertada ao mercado como opção para a separação entre jardins e calçadas em residências. Trata-se da parede de vidro que tem sido usada em substituição às grades e ao tradicional uso de alvenaria - um movimento e tanto de market-shaping por parte da indústria de vidros. Clareza, transparência e luz parecem ser os principais atributos que tais paredes oferecem, além de um novo padrão de estética para a arquitetura das casas. O consumo das mesmas, no entanto, em nada lembra aquilo que se chama de consumo consciente. Pelo contrário, é um consumo que vai na contramão de ações e políticas em defesa do meio ambiente, posto que essas paredes pressupõem o uso de grande quantidade de água para serem mantidas limpas, livres de poeira, manchas, pichações e toda a sorte de sujeira que nelas possam grudar. Algo difícil de se pensar como razoável em tempos de racionamento no consumo de água.